

No mundo da saúde, a prevenção de doenças é um conceito fundamental para o bem-estar da população. Saber todos os níveis de prevenção para melhor aplicá-los é fundamental na prática de um bom profissional!
Qual a importância de entendê-los?
O modelo da História Natural da Doença, proposto por Leavell e Clark em 1976, nos ajuda a entender as diferentes fases de uma doença e como podemos intervir em cada uma delas. As ações de prevenção visam evitar a ocorrência de doenças, sua progressão, limitações e sequelas.

Tipos de prevenção
Prevenção Primordial
A prevenção primordial é o nível mais abrangente e atua antes mesmo que os fatores de risco apareçam. Seu principal objetivo é evitar o surgimento e a consolidação de padrões de vida (sociais, econômicos e culturais) que possam aumentar o risco de adoecer. Assim, ela impede o aparecimento de fatores de risco ambientais.
Alguns exemplos desse tipo de prevenção são as medidas contra os efeitos globais da poluição atmosférica e o estabelecimento de uma dieta nacional com baixos níveis de gordura saturada.
Prevenção Primária
A prevenção primária atua durante o período de pré-patogênese, ou seja, antes que o indivíduo tenha qualquer contato efetivo com o agente causador da doença. O foco é em indivíduos saudáveis, e o objetivo principal é impedir que eles sofram a ação dos fatores patogênicos, o que reduz a incidência da doença.
Para exemplificar esse caso, podemos citar a Promoção da Saúde, que são medidas gerais e inespecíficas que melhoram a saúde do ambiente e a qualidade de vida, como saneamento básico, educação sanitária e em saúde, e promoção de alimentação saudável.
Mas também existe a Proteção Específica, com ações direcionadas a inibir o aparecimento de uma doença ou grupo de doenças em particular. Ações como imunização, uso de preservativos, quimioprofilaxia para contactantes de pacientes com tuberculose, e controle de vetores são exemplos.

Prevenção Secundária
A prevenção secundária ocorre durante o período de patogênese, quando a doença já está presente, mesmo que assintomática. O foco é no indivíduo, e o objetivo é a detecção precoce e o tratamento imediato para reduzir a gravidade, duração e letalidade da doença.
Para Detecção Precoce e Tratamento Imediato podemos incluir rastreamento (screening) para doenças, como a medição de glicemia de jejum e pressão arterial, e a busca ativa de casos em uma comunidade. Idealmente, essas medidas são aplicadas antes que a doença ultrapasse o “horizonte clínico“, que é o surgimento de sinais e sintomas.
No caso da Limitação da Incapacidade, existem medidas aplicadas aos casos que já evoluíram além do horizonte clínico. O objetivo é tornar o curso clínico para uma cura total ou com poucas sequelas, e reduzir ou retardar as complicações em casos de doenças crônicas.
Prevenção Terciária
Este nível de prevenção é aplicado quando o processo de saúde-doença alcançou um final, como a cura com sequelas, ou uma forma estável de longo prazo (cronificação). O foco é a reabilitação para minimizar os impactos e as limitações na qualidade de vida das pessoas.A Reabilitação usa medidas para recuperar a capacidade física e mental, minimizar o sofrimento e facilitar a adaptação dos pacientes ao seu ambiente. Exemplos desse tipo incluem fisioterapia, terapia ocupacional e apoio previdenciário.

Para Redução de Complicações e Dependência, podemos aplicar ações para evitar futuras complicações e reduzir a dependência social ou familiar. Um exemplo é a orientação para exercício físico em um paciente com diabetes mellitus, implementada após o diagnóstico.
Prevenção Quaternária (P4)
A prevenção quaternária (P4) é definida como a “ação feita para identificar um paciente ou população em risco de supermedicalização“. Seu objetivo é proteger essas pessoas de intervenções médicas invasivas e sugerir procedimentos científicos e eticamente aceitáveis. A P4 deve agir para evitar o viés do sobrediagnóstico. Ela está relacionada ao risco de iatrogenias, ao excesso de intervenções diagnósticas e terapêuticas, e à medicalização desnecessária.
A P4 se situa em uma matriz que considera a doença (presença ou ausência) e a enfermidade (como o paciente se sente). Ela atua no quadrante em que o paciente se sente bem, mas o médico pode estar lidando com uma doença ausente, agindo para “evitar falso positivo“.

Algumas formas práticas de aplicar a P4 são:
- Utilização mais criteriosa dos recursos em saúde.
- Cuidados paliativos em oncologia.
- Demora permitida: adiar com segurança a prescrição de um medicamento ou a solicitação de um exame.
- Resistência: à forte demanda por exames desnecessários e à pressão da indústria farmacêutica e tecnológica.

Prevenção Quinquenária
Esse conceito, até certo ponto recente, visa a melhoria da qualidade dos cuidados e da saúde dos pacientes, mas com foco no cuidador, de onde emergem todos os cuidados. Ela se refere à prevenção de danos no paciente, atuando no médico. A P5 aborda a prevenção dos profissionais de saúde quanto ao ambiente de trabalho, principalmente no que diz respeito à Síndrome de Burnout.
As estratégias de P5 podem ser aplicadas em quatro níveis:
- Ao nível do médico profissional de saúde: Incentivar o cumprimento das horas de pausa e o tempo para autocuidado.
- Ao nível do paciente: Ter pacientes mais conscientes na relação estabelecida com o profissional.
- Ao nível do local de trabalho: Disponibilidade de materiais e equipamentos funcionais, e melhores programas para registro clínico e pesquisa.
- Ao nível da administração, tutela ou governo: Colocar a qualidade de vida dos profissionais na perspectiva dos cuidados prestados ao paciente.
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