Teste M-Chat chega à Atenção Primária para crianças pequenas
Diagnóstico Precoce do TEA no SUS
O Ministério da Saúde deu um passo significativo para o diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil. Em uma nova orientação publicada nesta quinta-feira (18), o Sistema Único de Saúde (SUS) passa a oferecer um teste de rastreamento para detecção de sinais do TEA em todas as crianças.
Desse modo, o grande objetivo da medida é chegar a um diagnóstico precoce quando os sinais estiverem presentes, algo que pode ser decisivo para propiciar uma maior autonomia e capacidade de interação social ao longo da vida. Especialistas ressaltam que o início de um acompanhamento profissional é fundamental para minimizar os impactos do autismo na vida cotidiana da pessoa no espectro.
M-Chat: O Teste de Rastreio
A triagem será realizada na atenção primária do SUS, focada em crianças com idades entre 16 e 30 meses de vida.
O instrumento a ser aplicado pelos profissionais de atenção básica é o Questionário Modificado para a Triagem do Autismo em Crianças, amplamente conhecido pela sigla em inglês M-Chat. Segundo o Ministério da Saúde, esta é a primeira vez que o SUS estabelece um protocolo nacional para rastreamento de sinais de autismo na atenção primária.
Como funciona o M-Chat?
O M-Chat é um questionário simples e autoaplicável, que deve ser respondido pelos pais ou responsáveis da criança.
- O teste consiste em 20 perguntas simples.
- Os pais devem responder “sim” ou “não” pensando em como uma criança costuma se comportar na maior parte do tempo.
- O M-Chat é validado no Brasil e recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) desde 2017 como um método confiável para identificar sinais precocemente.
Confira as 20 perguntas do M-Chat:
| Nº | Pergunta | Sim | Não |
|---|---|---|---|
| 1 | Se você apontar para algum objeto no quarto, o seu filho olha para este objeto? (Por exemplo, se você apontar para um brinquedo ou animal, o seu filho olha para o brinquedo ou para o animal?) | ( ) | ( ) |
| 2 | Alguma vez você se perguntou se o seu filho pode ser surdo? | ( ) | ( ) |
| 3 | O seu filho brinca de faz de contas? (Por exemplo, faz de conta que bebe em um copo vazio, faz de conta que fala ao telefone, faz de conta que dá comida a uma boneca ou a um bichinho de pelúcia?) | ( ) | ( ) |
| 4 | O seu filho gosta de subir nas coisas? (Por exemplo, móveis, brinquedos ou parques de diversão) | ( ) | ( ) |
| 5 | O seu filho faz movimentos estranhos com os dedos perto dos olhos? (Por exemplo, mexe os dedos em frente aos olhos e fica olhando para os mesmos?) | ( ) | ( ) |
| 6 | O seu filho aponta com o dedo para pedir algo ou para conseguir ajuda? (Por exemplo, aponta para um biscoito ou brinquedo fora do alcance dele?) | ( ) | ( ) |
| 7 | O seu filho aponta com o dedo para mostrar algo interessante para você? (Por exemplo, aponta para um avião no céu ou um caminhão grande na rua) | ( ) | ( ) |
| 8 | O seu filho se interessa por outras crianças? (Por exemplo, seu filho olha para outras crianças, sorri para elas ou se aproxima delas?) | ( ) | ( ) |
| 9 | O seu filho traz coisas para mostrar para você ou as segura para que você as veja – não para conseguir ajuda, mas apenas para compartilhar? (Por exemplo, para mostrar uma flor, um bichinho de pelúcia ou um carrinho de brinquedo) | ( ) | ( ) |
| 10 | O seu filho responde quando você o chama pelo nome? (Por exemplo, ele olha para você, fala ou emite algum som, ou para o que está fazendo quando você o chama pelo nome?) | ( ) | ( ) |
| 11 | Quando você sorri para o seu filho, ele sorri de volta para você? | ( ) | ( ) |
| 12 | O seu filho fica muito incomodado com barulhos do dia a dia? (Por exemplo, seu filho grita ou chora ao ouvir barulhos como os de liquidificador ou de música alta?) | ( ) | ( ) |
| 13 | O seu filho anda? | ( ) | ( ) |
| 14 | O seu filho olha nos seus olhos quando você está falando ou brincando com ele/ela, ou vestindo a roupa dele/dela? | ( ) | ( ) |
| 15 | O seu filho tenta imitar o que você faz? (Por exemplo, quando você acena ‘tchau’, ou bate palmas, ou sopra um beijo, ele imita o que você faz?) | ( ) | ( ) |
| 16 | Quando você vira a cabeça para olhar para alguma coisa, o seu filho olha ao redor para ver o que você está olhando? | ( ) | ( ) |
| 17 | O seu filho tenta fazer você olhar para ele/ela? (Por exemplo, o seu filho olha para você para receber elogio/aprovação, ou diz: “olha mãe!” ou “ôh mãe!”) | ( ) | ( ) |
| 18 | O seu filho entende quando você pede para ele/ela fazer alguma coisa? (Por exemplo, se você não apontar, o seu filho entende o que você quer dizer quando você diz: “coloca o livro na cadeira” ou “liga a televisão”?) | ( ) | ( ) |
| 19 | Quando acontece algo novo, o seu filho olha para o seu rosto para ver a sua reação sobre o que aconteceu? (Por exemplo, se ele ouvir um barulho estranho ou ver um brinquedo novo, será que ele/ela olharia para seu rosto?) | ( ) | ( ) |
| 20 | O seu filho gosta de atividades de movimento? (Por exemplo, ser balançado ou pular em seus joelhos). | ( ) | ( ) |
Acesso e Encaminhamento
Para facilitar a aplicação e o registro dos resultados, o questionário está disponível na Caderneta Digital da Criança e no prontuário eletrônico do E-SUS.
Importante: Triagem não é Diagnóstico
É fundamental enfatizar que o M-Chat é um instrumento de rastreio (triagem), não um exame diagnóstico.
Sua função é identificar sinais do TEA na janela indicada. Embora o teste seja um passo importante, ele pode gerar resultados falsos-positivos. Por isso, um resultado positivo não significa automaticamente que uma criança tenha TEA, mas sim que ela deve ser acompanhada mais de perto e, se necessário, encaminhada para avaliação especializada.
Assim, o Ministério da Saúde destaca que uma intervenção precoce é fundamental, e uma nova linha de cuidado orienta que os profissionais de saúde iniciem estímulos e intervenções antes mesmo do fechamento de um diagnóstico.
Com aproximadamente 2,4 milhões de pessoas com autismo no Brasil, o que equivale a cerca de 1% da população nacional, o rastreamento precoce na atenção primária é uma medida decisiva para garantir que essas crianças recebam as melhores abordagens de tratamento o mais cedo possível.
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