ABN publica diretriz para lidar com a dependência e desmame de zolpidem e outras drogas Z

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No início de novembro de 2025, a Academia Brasileira de Neurologia (ABN) publicou um documento alertando sobre a dependência das chamadas drogas Z, bem como orientando médicos sobre diagnóstico, prevenção e desmame.

Contexto geral sobre a dependência de drogas Z

As drogas Z são uma classe de medicamentos sedativos e hipnóticos não-benzodiazepínicos, utilizadas desde 1990 para tratar a insônia, como zolpidem, zopiclona e zaleplon. Possuem ação rápida e curta, sem causar sonolência no dia seguinte.

Até pouco tempo, essa classe de medicamentos foi tratada como sinônimo de noite perfeita. Entretanto, o uso prolongado e crescente do medicamento tem provocado dependência química, crises de abstinência e até delírios em pacientes que, muitas vezes, começaram o tratamento sem saber dos riscos.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) registrou, entre 2014 e 2021, 810 mil caixas de zolpidem vendidas, incluindo receitas falsificadas e compra ilegal em farmácias virtuais.

Diretriz da ABN para dependência de zolpidem

Publicado em novembro na revista Arquivos de Neuro-Psiquiatria, o alerta vem em forma de diretriz nacional pela Academia Brasileira de Neurologia (ABN) e assinada por 15 especialistas de universidades como USP, Unicamp, UFMG e UFPE. O documento é o primeiro consenso brasileiro sobre abuso, dependência e manejo das drogas Z.

De acordo com o neurologista Alan Éckeli, professor da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto e um dos autores da diretriz, o intuito da diretriz não é demonizar o zolpidem, e sim contextualizar o uso do medicamento.

Recomendações da diretriz sobre o uso das drogas Z

A diretriz propõe um protocolo inédito de desprescrição (retirada gradual) das drogas Z, com seis pontos principais:

  • Avaliação ampla antes da retirada — incluindo histórico psiquiátrico, uso de outras substâncias e gravidade da dependência.
  • Redução progressiva das doses, jamais suspensão abrupta.
  • Terapia cognitivo-comportamental para insônia (CBT-I) como tratamento de primeira linha.
  • Uso opcional de medicamentos de apoio (como trazodona, antidepressivos sedativos, quetiapina, pregabalina ou ramelteon).
  • Evitar benzodiazepínicos de ação curta e melatonina de liberação imediata.
  • Internação breve para casos de dependência grave ou risco de convulsão.

Por fim, a ABN espera que o documento sirva como referência para políticas públicas e atualização curricular, além de orientar médicos de todas as especialidades.

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