Identificando os sintomas da Síndrome da Veia Cava Superior

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A Síndrome da Veia Cava Superior (SVCS) é uma condição médica que demanda atenção imediata, pois pode ser sintoma de doenças subjacentes graves. 

Como identificar a Síndrome da Veia Cava Superior

A Síndrome da Veia Cava Superior é uma condição médica caracterizada pela obstrução completa ou parcial da veia cava superior, principal ramo venoso responsável pelo retorno do sangue desoxigenado da parte superior do corpo de volta ao coração. 

Isso pode ocorrer devido a diversas causas, seja por invasão direta do tumor na VCS ou pela compressão externa da VCS por um processo patológico adjacente envolvendo o pulmão direito, linfonodos e outras estruturas mediastinais, levando à estagnação do fluxo e trombose.

Representação venosa superior com obstrução de ramificação da veia braquiocefálica. | Fonte: Google imagens

Condições associadas

A malignidade é a principal causa da SVCS, sendo o câncer de pulmão o principal tipo de câncer, e os linfomas a segunda etiologia que mais cursa com esta síndrome.

Sendo assim, vemos que a maioria das síndromes da veia cava superior é resultado de carcinoma broncogênico de pequenas células, seguida pelo linfoma não Hodgkin, e, então, por tumores metastáticos.

Há também alguns casos, de compressão externa associada a trombose, visto que pacientes com malignidade apresentam maior risco de trombose venosa relacionada a dispositivos venosos de demora (por exemplo, cateter venoso central, marca-passo).

Manifestações Clínicas

As manifestações clínicas da Síndrome da Veia Cava Superior estão intimamente ligados à congestão venosa e à consequente elevação das pressões venosas observadas na parte superior do corpo, evidenciando os seguintes achados:

  • Edema facial e cervical: edema da face e pescoço devido à estase venosa.
  • Edema de membros superiores
  • Congestão das veias colaterais: Ocorre quando o sangue não pode fluir normalmente pela veia cava superior, levando ao desenvolvimento de veias colaterais visíveis no pescoço e no peito.
Congestão das veias colaterais torácicas. | Fonte: UptoDate, 2023. 
  • Dispneia: Pode se manifestar a edema de fossas nasais e laringe, podendo se manifestar com estridor, tosse, rouquidão e disfagia, ou devido à restrição de estruturas pulmonares e derrame pleural, tendem a piorar quando a pessoa está deitada (ortopneia).
  • Dor torácica: Pode ocorrer devido à pressão exercida pela obstrução.
  • Alterações na pressão arterial: A compressão da veia cava superior pode afetar o retorno venoso e a pressão arterial.
  • Edema cerebral: ocorre em casos graves, pode cursar com confusão, vômitos, rebaixamento do nível de consciência, síncope,  pletora craniana, podendo evoluir para casos extremos de herniação cerebral.

Atenção: TRÍADE CLÁSSICA!
Pletora facial (edema) + Edema cervicofacial + Circulação colateral toracobraquial

Diagnóstico da Síndrome da Veia Cava Superior

O diagnóstico é clínico! Realizado a partir de história clínica e exame físico compatível

Em alguns casos entretanto, pode-se lançar mão de uma tomografia de tórax para tanto diagnosticar a causa subjacente, como para auxiliar no manejo, já que a ultrassonografia das veias jugular, subclávia e ramificações podem ajudar a identificar um trombo no lúmen do vaso. Além disso, imagens radiográficas e ressonância magnética também desempenham um papel crítico no fornecimento de informações adicionais sobre a localização, gravidade e etiologia da obstrução da VCS.

O diagnóstico diferencial da síndrome da veia cava superior pode incluir tamponamento cardíaco, mediastinite, aneurisma da aorta torácica e tuberculose.

O Padrão -Ouro é a TC de tórax com injeção bilateral de contraste nos membros superiores, pois combina os benefícios da TC com um alto grau de detalhe vascular.

Setas brancas: Massa de tecido mediastinal obstruindo  veia cava superior (seta vermelha). Fonte: https://learningradiology.com/notes/chestnotes/svcobstruction.htm 
Síndrome Setas Brancas: nódulo periférico é visível no segmento posterior do lobo superior direito com grandes linfonodos paratraqueais direitos adjacentes, que ocluem completamente a VCS. Os vasos colaterais drenam o sangue venoso com contraste em direção à veia cava inferior. As veias mamárias internas, a veia intercostal superior esquerda, a veia torácica lateral e as veias paravertebrais são claramente visíveis. | Fonte: UptoDate 2023

Como manejar a Síndrome da Veia Cava Superior

  1. Classificação de gravidade

O primeiro passo do manejo do paciente, após a realização do diagnóstico clínico é realizar a classificação de gravidade desse paciente baseado na sintomatologia apresentada:

  • Assintomático: Obstrução radiográfica da veia cava superior na ausência de sintomas;
  • Leve: Edema na cabeça ou pescoço (distensão vascular), cianose, pletora;
  • Moderado: Edema na cabeça ou pescoço com comprometimento funcional (disfagia leve, tosse, comprometimento leve ou moderado dos movimentos da cabeça, mandíbula ou pálpebras, distúrbios visuais causados por edema ocular);
  • Grave: Edema cerebral leve ou moderado (dor de cabeça, tontura), edema laríngeo leve/moderado ou reserva cardíaca diminuída (síncope após flexão);
  • Com risco de vida: Edema cerebral significativo (confusão, obnubilação), edema laríngeo significativo (estridor) ou comprometimento hemodinâmico significativo (síncope sem fatores precipitantes, hipotensão, insuficiência renal);
  • Fatal: Morte.

Como tratar a Síndrome da Veia Cava Superior?

Os objetivos do tratamento da síndrome maligna da VCS são aliviar os sintomas e tratar a doença subjacente, o que depende do estadiamento, subtipo e prognóstico esperado.

Em casos de gravidade em que o paciente apresenta sintomas POTENCIALMENTE FATAIS, deve-se estabilizar o paciente MOV (monitorização, oxigenoterapia e venóclise) e ser transferido imediatamente para intervenção cirúrgica!

O USO DE CORTICOIDE está bem indicado em pacientes sintomáticos em radioterapia que não estão elegíveis para implantação de stent e para subtipos cancerígenos responsáveis a glicocorticoides como linfomas e timomas, geralmente utiliza-se a dexametasona.

A QUIMIOTERAPIA (QT) é a primeira escolha para pacientes estáveis com tumores quimiossensíveis (linfoma, carcinoma de pequenas células de pulmão e tumor de células germinativas).

A RADIOTERAPIA (RT) é amplamente aceita no manejo desses pacientes visto que a maioria dos tumores que causam a SVCS são radiossensíveis, e em geral traz melhora sintomática em 72h, pode ser associada ou não à QT.

O uso de STENT endovasculares têm sido preferido à RT devido aos benefícios superiores e duradouros em relação à RT, podendo ser realizado e seguido de RT8.

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