
O Lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune crônica, em que o sistema imunológico ataca os próprios tecidos do corpo, provocando inflamação em órgãos como pele, articulações, rins, cérebro e coração. As causas não são totalmente conhecidas, mas envolvem predisposição genética, fatores ambientais, hormonais e infecciosos.
Os sintomas iniciais mais comuns incluem fadiga, febre, dores articulares e lesões na pele. Embora não tenha cura, o tratamento busca controlar a atividade da doença, aliviar os sintomas e prevenir complicações.
O que causa o lúpus?
O lúpus é desencadeado por uma combinação de fatores genéticos, hormonais, ambientais e infecciosos. Não há uma única causa definida, mas sim uma interação complexa entre predisposição hereditária e gatilhos externos. A seguir, detalhamos os principais fatores associados ao desenvolvimento do LES:
- Fatores genéticos: histórico familiar de doenças autoimunes aumenta o risco.
- Fatores hormonais: o lúpus é mais prevalente em mulheres, especialmente em idade fértil, sugerindo uma influência dos hormônios femininos.
- Fatores ambientais: exposição prolongada à luz solar, poluição, estresse e tabagismo podem contribuir para o desencadeamento da doença.
- Infecções virais: infecções como o Epstein-Barr vírus são apontadas como possíveis gatilhos.
- Medicamentos: certos fármacos, como hidralazina e procainamida, podem induzir formas temporárias de lúpus.
Quais são os primeiros sinais de lúpus?
O início do lúpus pode ser sutil e os sintomas nem sempre são reconhecidos de imediato. Em muitos pacientes, os sinais iniciais são inespecíficos e podem se confundir com outras condições de saúde. Por isso, o diagnóstico pode demorar meses ou até anos. Os sintomas iniciais mais relatados incluem:
- Fadiga persistente e desproporcional ao esforço realizado.
- Febre de origem indefinida, geralmente baixa e recorrente.
- Dores articulares em múltiplas articulações, principalmente mãos, punhos e joelhos.
- Erupções cutâneas, especialmente no rosto, em forma de ‘asa de borboleta’.
- Sensibilidade à luz solar, com surgimento ou piora de lesões na pele.
Sintomas do LES
O lúpus eritematoso sistêmico pode afetar múltiplos órgãos e tecidos, e os sintomas variam conforme o sistema acometido. Eles podem surgir gradualmente ou de forma abrupta, e oscilar entre períodos de atividade e remissão.
Dor nas articulações e músculos
A dor articular é um dos sintomas mais frequentes do LES, ocorrendo em cerca de 90% dos pacientes. Essas dores são geralmente simétricas, migratórias e podem vir acompanhadas de rigidez matinal. Apesar da intensidade, raramente causam deformidades.
Alterações na pele e mucosas
As manifestações cutâneas do LES são marcantes e variadas. O rash malar (vermelhidão sobre as bochechas e nariz) é clássico, mas também são comuns lesões discóides, úlceras orais, queda de cabelo e hipersensibilidade à luz solar.
Comprometimento pulmonar e cardíaco
Pacientes com lúpus podem desenvolver inflamações nas membranas que revestem pulmões (pleurite) e coração (pericardite). Além disso, há risco de miocardite, hipertensão pulmonar e, em casos graves, insuficiência cardíaca.
Impactos neurológicos e renais
O envolvimento neurológico pode se manifestar com dores de cabeça, convulsões, alterações cognitivas e psicose. Já nos rins, a nefrite lúpica é uma das manifestações mais graves, podendo levar à insuficiência renal.
Outros sintomas frequentes
Outras queixas incluem febre persistente, perda de peso involuntária, linfadenopatia, anemia, alterações visuais, entre outras. A variabilidade dos sintomas reforça a necessidade de avaliação médica especializada.
Como o lúpus é diagnosticado?
O diagnóstico do lúpus é um desafio clínico, pois seus sintomas variam muito entre os pacientes e podem imitar outras doenças. Por isso, o diagnóstico é feito a partir da combinação de sinais clínicos e exames laboratoriais, com base nos critérios estabelecidos pela EULAR/ACR (European League Against Rheumatism/American College of Rheumatology).
Os principais exames utilizados são:
- FAN (fator antinuclear): presente em mais de 95% dos casos ativos.
- Anticorpos anti-DNA de cadeia dupla (anti-dsDNA) e anti-Sm: específicos para o LES.
- Anticorpos anti-Ro (SSA) e anti-La (SSB): associados a manifestações cutâneas e lúpus neonatal.
- Dosagem de complemento (C3 e C4): níveis baixos indicam atividade da doença.
- Hemograma completo: pode revelar anemia, leucopenia ou plaquetopenia.
- Urina tipo 1 e função renal: fundamentais na detecção precoce da nefrite lúpica.
- Biópsia renal: indicada quando há suspeita de comprometimento dos rins.
É importante lembrar que um FAN positivo, isoladamente, não confirma o diagnóstico de LES, pois pode estar presente em outras condições autoimunes ou até em pessoas saudáveis.
Tratamento para o lúpus
O tratamento do lúpus é individualizado e depende da gravidade do quadro e dos órgãos comprometidos.
O objetivo é controlar os sintomas, reduzir inflamações, prevenir complicações e promover qualidade de vida.
O acompanhamento deve ser feito de forma contínua e multidisciplinar, com o reumatologista à frente do cuidado.
Casos leves e moderados
Pacientes com formas leves ou moderadas da doença geralmente apresentam sintomas cutâneos, articulares e fadiga. O tratamento inclui:
- Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) para dor e inflamação.
- Antimaláricos, como a hidroxicloroquina, essencial no controle da doença.
- Fotoproteção rigorosa com uso diário de protetor solar.
- Mudanças no estilo de vida: alimentação saudável, sono adequado, prática de exercícios físicos leves.
Casos graves e complicações
Quando há comprometimento de órgãos vitais (rins, coração, pulmões ou sistema nervoso), o tratamento exige medicamentos mais potentes:
- Corticoides em doses elevadas, como a prednisona, usados por tempo limitado.
- Imunossupressores como ciclofosfamida, micofenolato de mofetila e azatioprina.
- Biológicos como o belimumabe e o rituximabe, indicados em casos refratários.
- Pulsoterapia com metilprednisolona intravenosa em situações de emergência.
Medicamentos e acompanhamento contínuo
O lúpus é uma doença crônica, que exige seguimento constante com o reumatologista.
A adesão ao tratamento, a realização periódica de exames e o monitoramento de efeitos colaterais são fundamentais para evitar recaídas e garantir o bem-estar do paciente.
Quais são os 4 tipos de lúpus?
Além do LES, existem outras formas de manifestação da doença, cada uma com características específicas:
- Lúpus eritematoso sistêmico (LES)
É o tipo mais comum e grave, afetando múltiplos órgãos e sistemas.
- Lúpus cutâneo
Restrito à pele, pode se apresentar como lesões avermelhadas, especialmente em áreas expostas ao sol. Em alguns casos, pode evoluir para LES.
- Lúpus induzido por drogas
Surge após o uso de medicamentos específicos. Os sintomas geralmente desaparecem ao interromper o uso.
- Lúpus neonatal
Raro, ocorre em recém-nascidos de mães com autoanticorpos (principalmente anti-Ro). Pode causar erupções cutâneas e, em casos mais graves, bloqueios cardíacos congênitos.
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