
A placenta prévia é uma condição que pode ocorrer durante a gestação, afetando a posição da placenta no útero. A causa dessa condição ainda é desconhecida, mas existem alguns fatores de risco envolvidos. O principal sintoma envolve o sangramento interno indolor.
Tipos de placenta prévia
A classificação da placenta prévia baseia-se no nível de implantação em relação ao colo do útero:
- Placenta prévia completa: placenta cobre totalmente o orifício interno do colo (OCI);
- Placenta prévia parcial: obstrui parcialmente o OCI;
- Placenta prévia marginal: a placenta atinge a borda do OCI, sem ultrapassá-lo;
Observe o desenho ilustrativo abaixo

Causas e fatores de risco para placenta prévia
Como mencionado anteriormente, a causa principal para essa condição é o sangramento interno indolor, entretanto, outros fatores de risco podem estar envolvidos:
- Tabagismo;
- Parto cesáreo anterior;
- Curetagem uterina anterior;
- Idade materna avançada (>35 anos);
- Gestação múltipla;
- Antecedente de placenta prévia;
- Anomalias estruturais do útero, como mioma.
Quais são os sintomas da placenta prévia?
O principal sintoma é o sangramento interno indolor que pode envolver as seguintes características:
- Cor vermelho vivo e normalmente indolor;
- Leve ou intenso de início súbito;
- Surgir após o contato íntimo;
- Estar acompanhado de contrações ou dor aguda na barriga.
Vale lembrar que os sintomas são mais frequentes a partir da vigésima semana de gestação.
Desse modo, a hipotonia e a ausência de dor ajudam em um diagnóstico diferencial.
Diagnóstico de placenta prévia
O diagnóstico da placenta prévia é realizado por um obstetra avaliando os sintomas, histórico de saúde, exames ginecológicos e, principalmente, por meio de exame de ultrassom abdominal ou transvaginal.
É importante ressaltar que o toque vaginal é extremamente proibido, pois pode desencadear hemorragias severas. Além disso, é preciso diferenciar a placenta dasa prévia da abruptio placentae, pois são outras complicações obstétricas com características e riscos distintos.
Quais são os principais diagnósticos diferenciais?
O Descolamento Prematuro de Placenta (DPP) é o principal diagnóstico diferencial a ser considerado diante de um quadro de sangramento na segunda metade da gestação.
Perceba a diferença de um quadro para outro na tabela abaixo:
PP | DPP | |
Sangramento | Vivo, espontâneo e recorrente | Pode estar ausente (oculto), ser discreto ou moderado, pode estar escurecido |
Dor | Ausente | Geralmente presente, abdominal ou lombar |
Tônus uterino | Normal | Aumentado |
Vitalidade fetal | Preservada | Alterada e grave, risco de mortalidade fetal |
Metrossístole | Aumenta a hemorragia | Diminui a hemorragia |
Ultrassom | Localização anômala placentária | Pode não identificar, mas pode apresentar a visualização de coleção retroplacentária |
Conduta clínica diante da placenta prévia
A conduta vai depender do quadro clínico atual e idade gestacional, portanto há duas opções:
- Conservadora: A conduta será expectante nos casos de pacientes assintomáticas, estáveis clinica e hemodinamicamente e em que a idade gestacional é inferior a 37 semanas.
- Orientações: Informar sinais de alarme, evitar relações sexuais, monitoramento fetal, considerar corticoterapia para maturação pulmonar e resolução de gestação cm 37 semanas
- Ativa: Em casos de sangramento ativo, risco de comprometimento do bem estar fetal e/ou idade gestacional ≥ 37 semanas deve-se indicar a resolução da gestação.
A via de parto inclui a altura e encaixamento da apresentação, e o resultado da USG vai auxiliar a conduta:
PP marginal ou baixa: pode ser vaginal, se atentando para a intensidade da hemorragia e estabilidade hemodinâmica da mãe, também se o feto está morto ou há malformações fetais incompatíveis com a vida extrauterina, pode fazer o parto vaginal.
- Borda da placenta < 2cm do OCI e com borda espessa (>1cm): aumenta o risco de necessitar de cesariana por ser um obstáculo mecânico.
Diferenciar a placenta prévia de outras causas de sangramento é crucial para um manejo adequado. Conhecer a classificação, compreender os fatores de risco e adotar uma conduta personalizada são passos fundamentais para garantir a segurança materna e fetal.
Fique informado e atento aos sinais que fazem toda a diferença no desfecho da gestação.
Como é feito o tratamento da placenta prévia?
O tratamento depende da idade gestacional e da gravidade clínica, com o objetivo de preservar a saúde materna e fetal. O diagnóstico precoce e o manejo adequado são essenciais para reduzir riscos.
O manejo conservador é indicado em gestações com menos de 36–37 semanas, sangramento leve ou ausente e mãe e bebê estáveis. Inclui internação inicial, repouso relativo, monitorização materno-fetal, corticoterapia para maturação pulmonar e transfusões quando necessário. Em casos selecionados, pode haver alta hospitalar com retorno rápido em caso de sangramento.
Já o manejo ativo é adotado quando há 37 semanas ou mais, sangramento intenso, instabilidade materna ou sofrimento fetal. A conduta envolve hospitalização imediata, estabilização hemodinâmica, preparo para transfusão e indicação de parto por cesariana. A cesárea de urgência é realizada diante de hemorragia grave ou comprometimento fetal.
De forma geral, a conduta na placenta prévia deve ser individualizada, priorizando segurança e reduzindo complicações. Em situações estáveis, busca-se prolongar a gestação até um ponto seguro para o bebê. Nos casos graves, a intervenção rápida em ambiente hospitalar especializado é determinante para o desfecho positivo.
Quais são as complicações da placenta prévia?
Os riscos maternos são:
- Hemorragia grave antes, durante ou após o parto.
- Anemia por perda sanguínea crônica ou aguda.
- Necessidade de transfusão sanguínea e internações repetidas.
- Placenta acreta e variantes (increta, percreta), aumentando risco cirúrgico.
- Histerectomia de emergência em casos de hemorragia incontrolável.
- Infecção puerperal devido a manipulação uterina e sangramentos.
Já os riscos fetais são:
- Prematuridade pela necessidade de parto antecipado.
- Restrição de crescimento intrauterino (RCIU) por comprometimento da circulação placentária.
- Sofrimento fetal agudo secundário à hemorragia materna ou hipóxia.
- Vasa prévia, com risco de ruptura dos vasos e óbito fetal.
- Óbito fetal intrauterino em casos graves ou de evolução rápida.
É possível prevenir a placenta prévia?
A placenta prévia não possui um método de prevenção direta, pois sua ocorrência está relacionada principalmente à forma como a placenta se fixa no útero, algo que não pode ser controlado pela gestante. No entanto, é possível reduzir fatores de risco por meio de cuidados de saúde e hábitos de vida saudáveis.
Entre as medidas que podem diminuir a probabilidade estão: evitar o tabagismo, que afeta a circulação placentária; limitar o número de cesarianas e curetagens uterinas, para reduzir cicatrizes no endométrio; e realizar pré-natal adequado, identificando precocemente alterações na implantação placentária.
Manter o controle de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, também contribui para a saúde uteroplacentária. Além disso, intervalos adequados entre gestações e a escolha de serviços obstétricos qualificados reduzem riscos associados a intervenções cirúrgicas desnecessárias.
Embora a placenta prévia possa ocorrer mesmo em gestações de baixo risco, a adoção dessas medidas favorece uma gestação mais segura e aumenta as chances de um diagnóstico precoce e manejo eficaz caso a condição se desenvolva.
A placenta prévia pode regredir?
Quando a placenta prévia é diagnosticada no 2º trimestre, há chance de regressão espontânea conforme o útero cresce e a placenta “migra” para longe do colo uterino. Estima-se que 80% a 90% dos casos identificados nessa fase se resolvam antes do parto, especialmente nas formas marginais ou de inserção baixa. Já nos casos de placenta prévia total no final da gestação, a chance de regressão é muito menor.
Quantas semanas dura a placenta prévia?
A placenta prévia pode regredir até o 3º trimestre, geralmente antes de 32–34 semanas, mas em parte dos casos persiste até o parto. Essa regressão ocorre devido à “migração” fisiológica da placenta, resultado do crescimento e estiramento do útero, que afastam a borda placentária do colo uterino.
É possível ter parto normal com placenta prévia?
O parto normal só é possível em casos muito selecionados de placenta prévia marginal ou placenta de inserção baixa, quando a borda placentária está a pelo menos 2 cm do orifício cervical interno e não há sangramento significativo.
Para indicar o parto vaginal, é necessário que:
- A distância entre a placenta e o colo seja suficiente para não obstruir a passagem do bebê.
- Não haja sinais de sofrimento fetal ou instabilidade materna.
- O trabalho de parto evolua normalmente, sem hemorragia.
- O feto esteja em apresentação cefálica e em condições adequadas de vitalidade.
Na placenta prévia total ou parcial, o parto vaginal é contraindicado, sendo a cesariana a via de escolha para evitar hemorragia grave materna e risco fetal.
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