
O manejo das vias aéreas em emergências é uma das habilidades mais críticas para qualquer médico residente. O domínio desse tema envolve não apenas a técnica de intubação, mas também a identificação de pacientes em risco, a preparação adequada e o manejo de possíveis complicações.
Como identificar Vias Aéreas Difíceis e Falhas?
A avaliação pré-procedimento é fundamental para prever dificuldades. Uma via aérea difícil pode ser tanto fisiológica, quando o paciente está em um estado de saúde que complica o manejo (por exemplo, em choque), quanto mecânica, quando a anatomia do paciente apresenta desafios técnicos.
Algumas ferramentas mnemônicas ajudam a identificar pacientes com via aérea difícil:
- LEMON: Usado para predizer dificuldade na laringoscopia.
- Look (Olhar): Avaliação externa do paciente.
- Evaluate (Avaliar): A regra 3-3-2.
- Mallampati: Avalia a visibilidade das estruturas orofaríngeas. (Confira mais detalhes aqui!)
- Obstruction/Obesity (Obstrução/Obesidade).
- Neck (Pescoço): Mobilidade do pescoço.
- MOANS: Para prever dificuldade na ventilação com bolsa-máscara (ambu).
- RODS: Para prever dificuldade com dispositivos supraglóticos.
- SMART: Para prever dificuldade na cricotireotomia.
Outros indicadores importantes de via aérea difícil incluem o teste do lábio superior (upper-lip bite test) e a circunferência cervical maior que 40 cm.

Já a via aérea falha é definida quando o plano principal para a intubação orotraqueal (IOT) não funciona e é preciso recorrer a planos de resgate. Isso pode ser caracterizado por falha em manter a oxigenação adequada após uma ou mais laringoscopias ou por três tentativas de IOT sem sucesso por um médico experiente, mesmo que a saturação esteja adequada.
Os 7 Ps da Intubação
A abordagem da intubação orotraqueal é organizada em sete etapas para garantir o sucesso do procedimento:
- Preparo (Preparation)
O momento de maior atenção. Cheque o equipamento, posicione o paciente adequadamente (“sniff position“) e prepare as medicações.
- Pré-oxigenação (Pre-oxygenation)
Forneça oxigênio a 100% por 3 a 5 minutos. O objetivo é a desnitrogenação pulmonar, o que aumenta a reserva de oxigênio e prolonga o tempo de apneia segura.
- Pré-tratamento (Pre-treatment)
Pouco comum em emergências, pode incluir o uso de fentanil como simpatolítico.
- Paralisia com Indução (Paralysis with Induction)
A escolha das drogas é crucial.
- Etomidato: É uma opção cardioestável, mas pode causar insuficiência adrenal em casos de sepse.
- Quetamina: Ideal para pacientes com broncoespasmo, pois preserva o drive respiratório e promove broncodilatação e analgesia.
- Propofol e midazolam: Menos utilizados devido ao risco de depressão cardiovascular e parada cardiorrespiratória (PCR).
- Bloqueadores Neuromusculares (BNM): A succinilcolina é contraindicada em casos de hipercalemia, enquanto o rocurônio é uma alternativa segura e sem esse risco.
- Posicionamento (Positioning)
Posicionar o paciente na posição “sniff” para alinhar os eixos oral, faríngeo e laríngeo.

- Passagem do tubo e confirmação (Placement and Proof)
A capnografia é o método padrão-ouro para confirmar a posição do tubo na traqueia. A visualização direta, ausculta e ultrassonografia também podem ser usadas para confirmação.

- Pós-intubação (Post-intubation)
Verifique se o tubo está bem posicionado e avalie a ocorrência de possíveis complicações, como pneumotórax.
E o que fazer após a intubação?
Se o paciente intubado começa a deteriorar (dessaturar), use a mnemônica DOPES para identificar a causa:
- Displaced ET tube (Tubo deslocado).
- Obstruction (Obstrução do tubo).
- Pneumothorax (Pneumotórax).
- Equipment (Equipamento com defeito).
- Stacking (VNI sem exalação adequada).
Para corrigir, a mnemônica DOTTS pode ser utilizada:
- Desconectar o paciente do ventilador.
- Oxigenar com BVM.
- Trocar a posição do tubo.
- Tweak the vent (Ajustar o ventilador).
- Sonogram (USG para confirmar a posição do tubo).
Existem outras modalidades de suporte ventilatório?
Sim! Dentre elas podemos destacar:
- Ventilação Não Invasiva (VNI): É uma terapia de primeira linha para edema agudo de pulmão (EAP) cardiogênico e DPOC, e pode ser usada em outras condições como asma e pneumonia. No entanto, é contraindicada em pacientes com rebaixamento do nível de consciência, necessidade de IOT, trauma facial e outras condições específicas.

- Cateter Nasal de Alto Fluxo (CNAF): É uma ótima opção para pacientes com insuficiência respiratória hipoxêmica aguda. Estudos mostram que o CNAF pode reduzir a necessidade de IOT em comparação com o suporte convencional de oxigênio.
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