
A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) anunciou uma turma extra de Medicina em Caruaru, com 80 vagas: 40 de ampla concorrência e 40 reservadas à ligados à reforma agrária ou comunidades quilombolas. A medida gerou debates sobre inclusão social e igualdade de acesso.
O embate sobre a iniciativa reflete diferentes visões sobre o papel das universidades públicas. A UFPE aponta para a importância de ampliar oportunidades para populações historicamente excluídas, enquanto críticos, incluindo entidades médicas, questionam se o processo seletivo paralelo respeita o princípio da isonomia e mantém critérios de mérito.
O que prevê a iniciativa da UFPE
As vagas reservadas têm como objetivo garantir acesso a pessoas com vínculo direto à reforma agrária, como assentados, trabalhadores rurais e quilombolas, ampliando oportunidades acadêmicas para grupos historicamente marginalizados.
O processo seletivo será realizado de forma própria pela UFPE, respeitando critérios definidos em edital. A universidade afirma que as vagas são supranumerárias, ou seja, não reduzem as oportunidades já disponíveis pelo Sistema de Seleção Unificada (SiSU).
Motivações
A proposta surge em um contexto de desigualdade no acesso ao ensino superior, especialmente no curso de Medicina, que está entre os mais concorridos do país.
O Pronera existe há mais de duas décadas com o objetivo de ampliar a educação superior no campo, conectando formação acadêmica a demandas sociais.
Segundo a UFPE, essa iniciativa busca:
- Reparar desigualdades históricas no acesso ao ensino superior;
- Fortalecer a formação de médicos comprometidos com comunidades rurais;
- Contribuir para melhorar a saúde pública em áreas carentes.
Outras universidades federais já adotaram políticas afirmativas semelhantes. Como a Universidade Federal Fluminense (UFF), que implementa políticas de inclusão para refugiados e pessoas trans.
Todavia, a iniciativa da UFPE é considerada pioneira por criar uma turma exclusiva voltada à reforma agrária.

Críticas e preocupações levantadas
A medida enfrenta resistência de entidades médicas que apontam preocupações relevantes quanto à igualdade de acesso e à manutenção dos padrões técnicos exigidos para o curso de Medicina.
Os principais pontos são:
- Princípio da isonomia: o uso de processo seletivo próprio ao invés vez do ENEM/SISU pode criar desigualdade de acesso;
- Precedente: abrir espaço para outros processos seletivos paralelos em outras instituições;
- Mérito técnico: preocupação sobre manter critérios rigorosos em um curso tão exigente quanto Medicina.
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