
A colelitíase é uma condição de alta prevalência, afetando cerca de 20% da população. Existe uma regra epidemiológica interessante: apenas 20% desses portadores desenvolvem sintomas. Por isso, precisamos entender quem precisa da cirurgia!
O que é a Colelitíase?
A colelitíase é a presença de cálculo no interior da vesícula biliar, a qual armazena a bile, que é produzida pelo fígado.
A bile tem como função digerir as gorduras e auxiliar na absorção de nutrientes como as vitaminas A, D, E e K. É composta por água, colesterol, sais biliares, bilirrubinato e lecitina.
Fisiopatologia da Colelitíase
A bile mantém-se líquida graças a um equilíbrio delicado entre três componentes, conhecido como o “Triângulo da Bile”: Sais Biliares, Lecitina e Colesterol.
- Formação do Cálculo: Ocorre quando há um desbalanço, geralmente pelo excesso de colesterol ou pela redução de sais biliares . A maioria dos cálculos é formada por colesterol.
- Cálculos Pigmentares (10%): São formados em contextos específicos, como hemólise crônica (anemia falciforme, talassemia, esferocitose), cirrose hepática, infecção biliar ou presença de próteses.

Quais os fatores de risco da colelitíase?
Além dos clássicos “4 Fs” (Female, Fertile, Familiar, Fat), existem condições sistêmicas e farmacológicas que você deve investigar:
- Doenças Gastrointestinais: Doença ileal (afeta a reabsorção de sais) e Cirrose.
- Estase Biliar: Diabetes Mellitus, Nutrição Parenteral Total (NPT), pós-vagotomia e lesão espinal.
- Medicamentos e Condições: Uso de Ceftriaxone e Anticoncepcionais Orais (ACO), obesidade e gestação.
- Metabólico: Hipertrigliceridemia.
Quadro Clínico Típico
A apresentação clássica é a dor em Hipocôndrio Direito (HCD), que tipicamente piora após a alimentação, especialmente com alimentos gordurosos que estimulam a contração vesicular.
- Característica: A dor é autolimitada (dura menos de 6 horas) e episódica.

Investigação Diagnóstica Avançada
- O Ultrassom (USG) é o exame de escolha.
- Cenário Clássico: Quadro clínico compatível + USG com cálculos = Indicação de Colecistectomia Eletiva.
- Paciente Sintomático sem Cálculos: Deve-se pensar em diagnósticos diferenciais como dispepsia, gastrite ou Síndrome do Intestino Irritável.
- O Mistério da Pancreatite: Se o paciente apresenta pancreatite sem causa aparente, é mandatório investigar microlitíase ou lama biliar, que muitas vezes não aparecem no USG convencional.
- Ferramenta: Utiliza-se o Ultrassom Endoscópico para visualizar esses microcálculos .
- Outros exames: Análise da bile, colecistografia e cintilografia (DISIDA) podem ser úteis em casos selecionados.
Indicações Cirúrgicas
A regra básica é: Sintomas + Cálculo = Colecistectomia .
No entanto, em pacientes assintomáticos, a cirurgia profilática está indicada em situações de alto risco para câncer de vesícula ou complicações biliares. As indicações formais incluem:
- Anatomia e Patologia: Vesícula em porcelana (risco de câncer), drenagem anômala, presença de adenomas ou pólipos .
- Características do Cálculo: Cálculos grandes (> 3 cm) ou microcálculos (pelo risco de pancreatite).
- Hematologia: Doenças hemolíticas e Anemia Falciforme.
- Cirurgia Bariátrica: Pacientes submetidos a Bypass gástrico.
- Comorbidades: Jovens (< 50 anos), diabéticos e pacientes em uso de NPT prolongada.
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