Câncer de ovário: diagnóstico, tratamento e mais!

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O câncer de ovário, classificado como a 8ª neoplasia mais comum em mulheres e a 2ª neoplasia ginecológica mais prevalente, conforme dados recentes do Instituto Nacional do Câncer.

O que é o Câncer de Ovário?

O câncer de ovário é uma neoplasia que afeta predominantemente mulheres na pós-menopausa, geralmente entre a sexta e sétima década de vida, com uma idade média de 63 anos, diminuindo sua incidência após os 80 anos. Por isso, é fundamental pesquisar, dentro desse grupo de idade, os possíveis fatores de risco, os quais se destacam: 

  • História familiar positiva: Cerca de 20% das mulheres diagnosticadas têm histórico familiar positivo.
  • Influência genética: Mutação nos genes BRCA1 e BRCA2, associada à Síndrome de câncer mama-ovário, ou Síndrome de Lynch tipo II.
  • Tabagismo: Aumenta o risco para o carcinoma Epitelial Mucinoso.
  • Infertilidade: Maior incidência em nulíparas (aumento de 30 a 60% do risco), com risco adicional se houver uso de indutores de ovulação.
  • Endometriose: Especialmente nos subtipos endometrioide, células claras e submucoso.
  • Obesidade:IMC > 30 kg/m² e/ou dieta rica em gordura saturada.
Tumoração retirada durante cirurgia, de aspecto benigno. Fonte: Acervo pessoal – Dra. Marília Bertolazzi

Fatores de proteção contra o Câncer de Ovário

Além disso, precisamos conhecer os fatores de proteção, que incluem:

  • *Anticoncepcionais orais combinados: reduzem o risco em até 50%, persistindo até 25 anos após a última dose.
  • Ligadura tubária: Reduz cerca de 30% o risco de câncer do subtipo epitelial.
  • Salpingectomia: Independentemente da ooforectomia associada.
  • Aleitamento: A inibição da função ovariana parece diminuir o risco.
  • Paridade: O risco diminui 8% para cada gravidez adicional, atingindo um platô após a quinta gestação.

Rastreamento do Câncer de Ovário

Apesar da falta de evidências suficientes para justificar o rastreamento rotineiro do câncer de ovário, algumas práticas podem ser consideradas. Testes disponíveis não demonstraram redução na mortalidade ou aumento no tempo de sobrevida. Contudo, a detecção precoce ainda é valorizada.

Em casos de desejo do paciente, pode ser solicitado um exame pélvico anual e ultrassonografia transvaginal anual.

Método de rastreio que pode ser usado. Fonte: https://eigierdiagnosticos.com.br/blog/ultrassom-transvaginal-doi/

Para situações específicas, como histórico familiar positivo (especialmente com parentes de primeiro grau diagnosticados com câncer de mama, ovário, tuba ou peritônio), o rastreio anual para câncer de mama pode ser indicado (com ressonância entre 25 e 30 anos e mamografia de 30 a 75 anos).

A realização de ultrassonografia transvaginal e dosagem de CA-125 após os 30-35 anos também pode ser considerada, embora não haja um consenso estabelecido.

Quais são os sintomas do Câncer de Ovário?

Outros sintomas menos frequentes incluem dor pélvica, sangramento uterino anormal, edema de membros inferiores, perda de peso e dispneia.

As manifestações clínicas associam-se à doença avançada, onde disseminação peritoneal e/ou envolvimento dos gânglios linfáticos já ocorreram. Queixas agudas indicativas de torção e ruptura são raras e mais relacionadas a patologias benignas. Queixas gastrointestinais, especialmente no andar superior, são predominantes nas queixas iniciais, como dispepsia, plenitude gástrica e alterações na motilidade. 

Diagnóstico do Câncer de Ovário

Como todo câncer, o diagnóstico é feito por meio  histopatológico, porém as biópsias devem ser excisionais. Além disso, podemos utilizar os métodos de exame de imagem (RNM e TC), análise dos marcadores tumorais (CA-125, CEA, CA 19-9, CA 15.3,  AFP, Beta-HCG, DHL e estradiol) e as doses de AFP em jovens. 

Imagem de exame radiológico mostrando tumor sólido em ovário. À esquerda, corte axial detalha a localização e estrutura do tumor na região abdominal. À direita, corte sagital evidencia as características do tumor em perfil. Diagnóstico diferencial do carcinoma ovariano com imagens de ressonância magnética ou tomografia computadorizada.
Tumor ovariano sólido em exame de imagem. | Fonte: Acervo pessoal – Dra. Marília Bertolazzi
  1. Tipos Histologicos

Como os exames histopatológicos são os mais utilizados, precisamos saber identificar os tumores e lesões do ovário. O órgão apresenta origem em 3 linhagens celulares: epitelial, estromal e germinativa. As lesões podem ser decorrentes em qualquer uma dessas e podem ser classificadas como benignas, borderlines e malignas. 

  • Benignas: não provoca metástases
  • Borderline: há proliferação epitelial atípica mas sem destruição estromal invasiva
  • Maligno: de baixo ou alto grau

De acordo com o estudo CONCORD-2 há prevalência de quase 70% de casos do tipo epitélio 2 (AdenoCA seroso de alto grau), mas podemos encontrar os tumores da linhagem epitelial (seroso>mucinoso>endometrioide>células claras>células transicionais), de linhagem germinativa (como disgerminoma, teratoma cístico imaturo, placenta-like, saco gestacional e mistos), de cordão sexual e de neoplasias metastáticas.

Além disso, no exame físico podemos destacar os seguintes achados:

  • Toque bimanual: identificar massa palpável e avaliar tamanho, mobilidade nível de aderência;
  • Toque retal: para avaliar aderência ao ligamento uterossacro, nodulações no fundo de saco e infiltração pélvica.
  • Verificação de ascite;
  • Avaliação de acometimento Pleural – Derrame Pleural;
  • Identificação de nódulo umbilical metastático;
  • Presença de linfonodomegalias inguinais.

Disseminação e Estadiamento do Adenocarcinoma

A principal área de disseminação do adenocarcinoma tem localização peritoneal, linfática (nos linfonodos para-aórticos e pélvicos) e hematógena (como no fígado, pulmão e cérebro).

 Para reduzir as probabilidades de disseminação, realizamos o estadiamento por meios cirúrgicos, que incluem citologia/lavado peritoneal; avaliação visual do abdome superior, do mesentério, do intestino delgado e grosso; pan-histerectomía; linfadenectomía pélvica e paraaórtica e omentectomía infracólica.

 Se não houver diagnóstico histológico antes da cirurgia e existir suspeita de malignidade, é indicado o congelamento do anexo carcinoso

A imagem é um quadro explicativo sobre o Estadiamento do Carcinoma de Ovário, Tubas e Peritônio, baseado na classificação FIGO 2015. Está dividida em quatro categorias principais numeradas de I a IV, contendo subdivisões de A a C, dependendo da extensão do câncer. A imagem apresenta diagramas anatômicos simplificados para ilustrar a progressão do câncer e sua disseminação, com textos em caixas de fundo azul claro ao lado de cada diagrama.Estágio I (Tumor limitado aos ovários):Inclui os subníveis IA e IB, que descrevem o câncer restrito a um ou ambos os ovários/tubas.
O estágio IC detalha características de ruptura de cápsula, lavado peritoneal ou citologia positiva.
Diagramas mostram o tumor confinado aos ovários ou tuba uterina.
Estágio II (Extensão limitada à pelve/peritônio):Subclassificações IIA e IIB indicam implantes tumorais nos órgãos pélvicos ou peritoneais.
Ilustrações mostram a extensão para o útero, ovário contralateral e outros órgãos pélvicos.
Estágio III (Comprometimento peritoneal ou linfonodos retroperitoneais):Subdividido em IIIA (linfonodos comprometidos), IIIB (implantes ≤ 2 cm) e IIIC (implantes > 2 cm).
Os diagramas ilustram acometimento peritoneal e linfonodos.
Estágio IV (Metástases a distância):IVA e IVB indicam disseminação do câncer para órgãos distantes, como o pulmão ou a cavidade abdominal.
Desenhos anatômicos mostram derrame pleural ou metástases extra-abdominais.
Esquema simplificado do estadiamento. Fonte: Acervo de ilustrações do Grupo MedCof. 

Qual é o tratamento do Câncer de Ovário?

A cirurgia é a ação mais indicada caso seja possível, mas as alternativas que podem ser incluídas são:

  • Citorredução (com avaliação por meio de exames de imagem ou laparoscopia se necessário);
  • Quimioterapia neoadjuvante (quando há doença extra-abdominal avançada ou paciente sem status-performance).

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