Paralisia Facial: conheça as causas, sintomas, diagnóstico e manejo

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A paralisia facial é a perda de movimento de um lado da face, afetando expressões, fala e visão. Suas causas incluem infecções, traumas, tumores e doenças neurológicas. Os sintomas envolvem fraqueza facial, dificuldade para fechar o olho, alterações na fala e paladar. O diagnóstico é clínico, complementado por exames de imagem e laboratoriais, já o manejo inclui medicação, fisioterapia, proteção ocular e, em casos graves, cirurgia.

Causas e fatores de risco da paralisia facial

A condição pode ser desencadeada por diversas causas, sendo a Paralisia de Bell a mais comum. Entre os fatores de risco, destacam-se diabetes mellitus, gestação no terceiro trimestre, hipertensão e infecções virais recentes, que aumentam a susceptibilidade à inflamação e compressão do nervo facial. Outros fatores incluem traumas, tumores e condições autoimunes, que devem ser avaliados em casos atípicos.

Principais sintomas da paralisia facial

Na paralisia facial periférica, há fraqueza ou paralisia de toda a hemiface, incluindo músculos superiores e inferiores, com dificuldade para fechar o olho, sorrir, franzir a testa, alterações no paladar e hipersensibilidade sonora.Na paralisia facial central, a fraqueza geralmente afeta apenas a parte inferior da face, preservando músculos da testa e fechamento ocular, e é frequentemente associada a outras manifestações neurológicas, como hemiparesia ou alterações de linguagem.

Diagnóstico da paralisia facial

O diagnóstico da paralisia facial é principalmente clínico, baseado em exame neurológico detalhado e avaliação da fraqueza dos músculos da face. É fundamental diferenciar causas periféricas, que afetam toda a hemiface, de causas centrais, que geralmente comprometem apenas a parte inferior da face e podem associar-se a outros déficits neurológicos.

Em casos selecionados, exames complementares podem ser solicitados: ressonância magnética (RM) ou tomografia computadorizada (TC) de crânio para descartar AVCs ou tumores, exames laboratoriais (glicemia, sorologias virais, autoanticorpos) para investigar causas sistêmicas, e eletroneuromiografia para avaliar a extensão e gravidade da lesão nervosa.

Tratamento medicamentoso para paralisia facial

O tratamento medicamentoso da paralisia facial periférica, especialmente da Paralisia de Bell, inclui corticosteroides como primeira escolha para reduzir inflamação e edema do nervo facial. O uso de antivirais (como aciclovir e valaciclovir) pode ser considerado em casos suspeitos de infecção por herpes simplex, mas sua eficácia isolada é limitada, sendo mais útil quando associado a corticosteroides.

A janela terapêutica ideal para iniciar o tratamento é nas primeiras 72 horas após o início dos sintomas, com esquemas posológicos específicos conforme protocolo clínico. Tratamentos adjuvantes incluem vitaminas do complexo B e acupuntura, que podem auxiliar na recuperação funcional, embora apresentem nível de evidência moderado a baixo.

Fonte: Acervo de Aulas do Grupo MedCof.

Cuidados oculares e prevenção de complicações

Pacientes com lagoftalmo (incapacidade de fechar totalmente o olho) precisam de proteção ocular rigorosa para evitar ceratite e úlceras de córnea. Medidas recomendadas incluem lubrificantes oculares frequentes, oclusão palpebral noturna e uso de óculos protetores durante o dia.

É importante monitorar sinais de alerta, como vermelhidão intensa, dor ocular, secreção ou diminuição da visão, que requerem avaliação oftalmológica urgente para prevenir complicações permanentes.

Tratamento fisioterapêutico e fonoaudiológico para paralisia facial

A fisioterapia é fundamental para recuperação funcional dos músculos da face, prevenindo atrofia e sincinesias. Técnicas utilizadas incluem exercícios de fortalecimento muscular, estimulação elétrica neuromuscular, massagens faciais e treinamento de movimentos específicos, visando restaurar a simetria e mobilidade facial.

A fonoaudiologia é essencial em casos com dificuldades de fala, articulação ou deglutição, oferecendo exercícios de reeducação motora oral, treino de respiração e deglutição segura, contribuindo para melhora da comunicação e prevenção de aspiração.

Abordagem cirúrgica na paralisia facial

A intervenção cirúrgica é indicada em casos de paralisia facial grave, persistente ou progressiva, quando há falha no tratamento conservador ou presença de trauma, tumores ou lesões nervosas extensas.

Os tipos de cirurgia incluem:

  • Descompressão do nervo facial: indicada em compressões agudas, como na Paralisia de Bell grave;
  • Neurorrafia ou enxerto nervoso: para reconstrução do nervo em casos de lesões traumáticas;
  • Transferência muscular ou procedimentos de reabilitação estética: quando há atrofia muscular crônica, visando restaurar simetria e função facial.
Justin Bieber via instagram | Fonte: O Globo

Complicações da paralisia facial não tratada

A paralisia facial não tratada pode levar a diversas complicações, como:

  • Sincinesias (movimentos involuntários durante a recuperação);
  • Atrofia muscular e perda de simetria facial;
  • Lagoftalmo com ceratite ou úlcera de córnea;
  • Alterações de fala e deglutição;
  • Impacto psicológico, incluindo ansiedade e depressão.

O acompanhamento multiprofissional é essencial, envolvendo neurologia, otorrinolaringologia, fisioterapia e fonoaudiologia, garantindo recuperação funcional, prevenção de complicações e suporte integral ao paciente.

Prevenção da paralisia facial

Embora nem todas as formas de paralisia facial sejam evitáveis, algumas medidas podem reduzir o risco. Entre elas estão o controle rigoroso do diabetes, o tratamento adequado de infecções das vias aéreas superiores e otites, e a vacinação contra herpes zóster em idosos. Além disso, o manejo precoce de fatores de risco cardiovasculares contribui para a prevenção de AVCs, que podem provocar paralisia facial central.

Considerações e Prognóstico

O prognóstico da paralisia facial depende de fatores como idade do paciente, comorbidades (como diabetes), gravidade inicial da paralisia e tempo para início do tratamento. Quanto mais precoce o manejo, maior a chance de recuperação completa.

O curso temporal típico envolve uma fase inicial de flacidez muscular, seguida por recuperação gradual da força ao longo de semanas a meses. Durante a regeneração, podem ocorrer sincinesias — movimentos involuntários associados à contração de músculos diferentes — identificadas, por exemplo, quando o paciente sorri e o olho se fecha involuntariamente. O acompanhamento multiprofissional ajuda a minimizar esses efeitos e otimizar a função facial.

Considerações especiais em grupos específicos

Em pacientes pediátricos, a paralisia facial geralmente apresenta melhor prognóstico, mas exige avaliação cuidadosa para causas congênitas ou infecciosas e acompanhamento de fisioterapia precoce.

Em gestantes, especialmente no terceiro trimestre, o tratamento deve equilibrar eficácia e segurança materno-fetal, priorizando corticosteroides em doses seguras e cuidados oculares rigorosos.

Pacientes com diabetes, imunossupressão ou outras comorbidades requerem monitoramento mais atento, devido ao risco aumentado de infecções, atraso na recuperação e complicações oculares.Em pacientes idosos, a recuperação tende a ser mais lenta, sendo essencial abordagem multiprofissional, controle rigoroso de fatores de risco cardiovasculares e prevenção de complicações para preservar função e qualidade de vida.

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