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Cianose: saiba sintomas, causas e manejo clínico desta condição

Imagem: Canva.

A cianose pode ser definida como a coloração azul acinzentada da pele ocasionada pela não oxigenação do sangue, trazendo assim um aspecto mais escuro ao tecido líquido. No texto abaixo você encontra dados como os sintomas, tipos, diagnóstico, manejo e mais informações sobre a condição.

Fisiopatologia da cianose

A não oxigenação do sangue está estritamente relacionada à desoxihemoglobina (forma da hemoglobina responsável pela liberação do oxigênio), pois essa, quando se encontra em >5g/dL, se torna predominante e, consequentemente, dificultando a coloração da pele pela baixa saturação.

Com o nível de oxigenação reduzido, o sangue se torna mais escuro, determinando assim um tom azulado/acinzentado à pele, especialmente nas extremidades. 

Etiologia da cianose

A cianose pode ser originada por diferentes fatores, sendo que muitos deles podem desencadear um risco à vida. O acometimento principal será a não oxigenação (ou de maneira inadequada) causada por condições que, por vezes, estão ligadas a outros distúrbios. Dentre as enfermidades que aflige o indivíduo, as que afetam o sistema respiratório e cardíaco são as que mais reduzem a quantidade de O2 no sangue.

Causas e fatores de risco da cianose

A cianose acontece por qualquer processo que afete o transporte do oxigênio pelo sangue e, como já mencionado acima, acometimentos pulmonares e cardíacos facilitam essa condição.

Casos como o de pneumonia, embolia pulmonar, tromboses e insuficiência cardíaca evidenciam ainda mais essa situação, facilitando a desoxigenação e causando cianose no indivíduo.

Doenças respiratórias

Como já dito, uma das principais causas da cianose são a de doenças que afligem o sistema respiratório. 

Em grande partes dos casos, enfermidades que atingem toda essa função podem elevar a desoxigenação do sangue por si só, o que traz, como consequência, o surgimento dessa condição ao paciente. Veja abaixo alguns exemplos:

  • Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC): condição caracterizada pela limitação do fluxo de ar nas vias que levam o oxigênio aos brônquios. Isso por conta de um processo inflamatório nesses canais de transporte, tornando-as mais grossas e, como consequência, afetando a estrutura do pulmão, dificultando a saída e entrada de ar no órgão. As principais causas da DPOC são casos de bronquites e enfisemas.
  • Pneumonia: caso caracterizado por uma infecção que atinge os pulmões, inflamando assim o alvéolos. A causa dessa doença pode advir de bactérias, fungos ou vírus, acarretando sintomas como febre, tosse e dispneia, favorecendo a baixa taxa de oxigênio no sangue.
  • Asma: doença respiratória crônica, a asma é uma condição inflamatória que afetam diretamente os brônquios, reduzindo a oxigenação do organismo por parte dos pulmões. Entre os sintomas, se destacam a falta de ar, pressão na região do peito, chiado e tosse.
  • Hipertensão pulmonar: síndrome na qual ocorre o aumento de pressão na artérias pulmonares, dificultando o transporte do sangue com baixo oxigênio do lado direito do coração para os pulmões, atrapalhando assim a sua oxigenação para o organismo.

Doenças cardíacas

O acometimento do sistema cardíaco também facilita a intercorrência da oxigenação sanguínea. Veja alguns exemplos de distúrbios que propiciam essa condição:

  • Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC): caracterizada pela dificuldade de bombear o sangue por parte do coração, originando uma diminuição do oxigênio no sangue e, consequentemente, na oxigenação dos tecidos. Sintomas como dispneia, aumento do fluxo cardíaco, concentração de fluídos nas extremidades e, em alguns casos, nos pulmões caracterizam esses quadros.
  • Trombose Venosa Profunda (TVP): é definida por coágulos localizados em veias profundas, em especial àquelas localizadas na região das pernas, impossibilitando o fluxo sanguíneo normal. A obstrução pode prejudicar a oxigenação do corpo, dificultando todo o transporte de células com O2 e, por vezes, levar os coágulos aos pulmões.
  • Aterosclerose: determinada como uma inflamação crônica nas artérias, sendo essa causada pelo acúmulo de gordura nas paredes desses vasos, reprimindo o transporte de sangue pelo organismo.

Outras causas

Além dessas circunstâncias, e sendo um caso multifatorial, a cianose pode advir de incidentes externos, não relacionados necessariamente a uma patologia prévia.

Quadros como o de afogamentos, permanecimento em lugares de altas altitudes, exposição à água ou a ventos frios, overdoses, toxinas e outros podem levar ao desenvolvimento da condição.

Classificação clínica da cianose

De maneira clínica, a cianose pode ser definida de três formas diferentes: periférica, central e mista, e o diagnóstico irá depender de como ela se apresenta, a quantidade e o fluxo de sangue presente na área. Veja abaixo a descrição de cada tipo.

Cianose Periférica

Também chamada de cianose de extremidades, é definida pela coloração azul acinzentada das extremidades do corpo, como a ponta dos dedos, orelhas, nariz, mãos e pés, não se relacionando com a alteração nas cores da mucosa. Esse tipo pode surgir devido à vasoconstrição, causada pelo frio, ou por complicações pulmonares e cardíacas.

Mesmo não apresentando uma gravidade imediata, a cianose periférica deve ser acompanhada por apresentar um possível comprometimento da oxigenação sanguínea. 

Cianose Central

É ocasionada pelo aumento da hemoglobina desoxigenada, sendo essa alteração causada por conta da oxigenação indevida dessa proteína. Na classificação, se torna presente a coloração azul acinzentada no corpo e nas mucosas, não se limitando às extremidades. 

Em suma, esse tipo pode ser originado de diferentes fatores, como casos de cardiopatias congênitas cianóticas, tromboembolismo pulmonar, síndrome do desconforto respiratório agudo e outros fatores.

Cianose Mista

Nessa especificação, a cianose ocorre por conta da má oxigenação dos pulmões e também pela dificuldade no transporte sanguíneo oxigenado por parte do sistema cardiovascular.

Dentre as diferentes causas, se destacam  choque séptico, insuficiência cardíaca terminal, intoxicações graves e pneumonia, sendo assim necessário o acompanhamento médico constante e a aplicação de um tratamento o mais rápido possível.

Principais sintomas da cianose

A coloração azulada da pele é considerado o principal sintoma da cianose e, como já informado, a parte na qual ocorre essa alteração irá depender do tipo de acometimento que aflige o indivíduo. Também por isso, alguns sintomas podem se diferenciar em cada caso, podendo haver falta de ar, desconforto na região do torso, fadiga e tontura.

No caso de – juntamente com a alteração na cor da pele – vierem outros os sintomas, a busca pelo atendimento médico se torna ainda mais necessária, pois, caso não seja investigada, pode levar ao acometimento de outras funções no organismo.

Cianose em bebês

No caso de recém-nascidos, a cianose pode se tornar ainda mais urgente, necessitando assim de uma atenção maior no atendimento e acompanhamento do caso.

Diferentemente de adultos, em bebês a cianose pode se manifestar de outras maneiras que vão além da coloração azulada, como irritabilidade, dificuldades na alimentação, falta de ar e taquicardia.

Em quadros como esse, é de extrema urgência que seja procurado um médico para o início de um tratamento e avaliação da criança.

Critérios diagnósticos da cianose

O primeiro passo para a identificação da cianose é por meio de uma avaliação clínica, analisando os sintomas mais evidentes, como a coloração das extremidades e mucosas. Após isso, serão feitos exames para uma investigação mais aprofundada, analisando informações sobre a saturação, desenvolvimento cardíaco e respiratório e , até mesmo, avaliações sanguíneas.

Exames para diagnóstico

Alguns testes podem ajudar na efetivação de um diagnóstico de cianose. Veja abaixo quais são eles:

  • Oximetria de pulso (saturimetria): avaliação clínica para identificação da quantidade de oxigênio presente no sangue, indicando porcentagem de hemoglobinas saturadas na corrente sanguínea do indivíduo.
  • Teste de função pulmonar: avaliação da capacidade respiratória total, analisando possíveis distúrbios relacionados ao pulmão. Entre os exames, se destacam espirometria, teste de difusão pulmonar (DLCO) e curva fluxo-volume.
  • Gasometria arterial: procedimento que verifica a quantidade de oxigênio e de dióxido de carbono presente nas artérias, identificando a composição de O2 no sangue e averiguando o caso de cianose.
  • Hemograma completo: análise das células sanguíneas, quantidade de glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e o número de  plaquetas, fornecendo assim informações sobre a saúde geral, detectando doenças e auxiliando no monitoramento médico.

Manejo da cianose na prática clínica

O manejo da cianose será direcionado aos tratamentos dos distúrbios que estejam causando essa condição. Portanto, o direcionamento médico se torna essencial para a recuperação do paciente, logo, o profissional visa reabilitar a oxigenação juntamente com a assistência do caso já identificado.

Em um primeiro momento, trazer como foco a recuperação do oxigênio na região afetada e em todo o corpo. Para isso, os esforços são direcionados à recuperação metabólica do indivíduo (isso caso não seja um quadro de cardiopatia) para que a quantidade de O2 necessária seja restabelecida por meio de procedimentos como a oxigenoterapia ou por meio de medicações.

Abordagem em emergências

Em casos que possuem a necessidade de uma maior urgência de tratamento, o auxílio pela ventilação mecânica , juntamente da oxigenoterapia e o uso de antibióticos , podem promover uma graduação no quadro clínico do paciente. Em casos específicos, como o de cardiopatia congênita, a cirurgia se torna necessária para a melhora do paciente.

Tratamento etiológico específico

Como uma maneira de agir etiologicamente sobre os casos de cianose, a recomendação de medicamentos se torna, por vezes, necessária para o quadro no qual o paciente se encontra. O uso de broncodilatadores, antibióticos, assim como remédios direcionados a tratamentos cardíacos e pulmonares podem auxiliar na estabilidade desta ocorrência.

O alinhamento dos cuidados necessários com as recomendações médicas são de extrema importância para garantir a saúde em completude do indivíduo. 

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