Coledocolitíase: o que é, sintomas, como diagnosticar e tratamento

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A Coledocolitíase é a presença de cálculos (pedras) no colédoco, o ducto que transporta a bile do fígado e vesícula para o intestino. Essa condição ocorre quando pedras da vesícula migram e causam obstrução, levando a sintomas como dor abdominal e icterícia. O tratamento pode envolver desde a remoção endoscópica dos cálculos até procedimentos cirúrgicos, dependendo da gravidade.

Fisiopatologia e causas da Coledocolitíase

  • Migração de cálculos da vesícula biliar: A causa mais comum é a passagem de pedras formadas na vesícula para o colédoco, onde podem causar obstrução e inflamação.
  • Formação primária de cálculos no colédoco: Menos frequente, ocorre quando cálculos se formam diretamente no ducto colédoco, geralmente devido à estase biliar e infecções crônicas.
  • Estase biliar: A diminuição do fluxo normal da bile favorece a precipitação de sais e formação de cálculos no ducto.
  • Infecções biliares crônicas: Infecções podem alterar a composição da bile, facilitando a formação de cálculos no colédoco.

Esses mecanismos levam à obstrução do fluxo biliar, causando os sintomas característicos da coledocolitíase.

Epidemiologia da Coledocolitíase

A coledocolitíase acomete cerca de 10% a 20% dos pacientes com colelitíase (pedras na vesícula). Sua prevalência aumenta com a idade, sendo mais comum em adultos acima dos 40 anos. 

A incidência é rara em crianças e jovens, mas pode ocorrer em populações com fatores de risco específicos. As mulheres têm maior predisposição devido a fatores hormonais que favorecem a formação de cálculos biliares.

Quais são os fatores de risco para Coledocolitíase?

  • Idade avançada aumenta a chance de formação de cálculos.
  • Obesidade está associada ao maior risco de pedras na vesícula.
  • Dieta rica em gordura contribui para a formação de cálculos biliares.
  • Gravidez altera os níveis hormonais, facilitando a estase biliar.
  • Diabetes pode modificar a composição da bile, aumentando o risco.
  • Cirurgias prévias no trato biliar podem favorecer o desenvolvimento de cálculos.
  • Doenças hepáticas crônicas alteram o metabolismo da bile, facilitando a coledocolitíase.

Quais são os sintomas da Coledocolitíase?

A coledocolitíase pode apresentar sintomas variados, que nem sempre estão presentes. Em muitos casos, a condição é assintomática até que ocorra obstrução do ducto biliar. Quando aparecem, os sintomas podem indicar gravidade, especialmente se houver sinais de inflamação ou infecção, que requerem atenção médica imediata.

Fonte: Daniel Delgado

Dor abdominal

A dor abdominal é intensa, localizada no hipocôndrio direito ou epigástrio, podendo irradiar para as costas ou ombro direito. Essa dor ocorre devido à distensão e inflamação dos ductos biliares causada pela obstrução dos cálculos.

Icterícia

Caracteriza-se pelo amarelamento da pele e mucosas, resultado do acúmulo de bilirrubina no sangue. Isso acontece porque a obstrução do colédoco impede a passagem da bile para o intestino, elevando os níveis de bilirrubina conjugada na circulação.

Alterações na cor das fezes e urina

A obstrução biliar reduz a liberação de pigmentos biliares nas fezes, que ficam claras e acinzentadas. Já a urina escura ocorre pela excreção renal da bilirrubina acumulada no sangue.

Náuseas, vômitos e febre

Náuseas e vômitos são sintomas comuns associados à dor e ao desconforto abdominal. A febre, por sua vez, pode indicar infecção do trato biliar (colangite), sendo um sinal de alerta que exige avaliação e tratamento urgente.

Como é feito o diagnóstico da Coledocolitíase?

O diagnóstico da coledocolitíase envolve exames laboratoriais e de imagem para identificar a presença de cálculos no ducto colédoco e avaliar a função hepática.

  • Exames laboratoriais:
    • Bilirrubinas (total e frações): níveis elevados indicam obstrução biliar e icterícia.
    • Fosfatase alcalina (FA) e Gama-glutamiltransferase (GGT): aumentos sugerem colestase.
    • TGO (AST) e TGP (ALT): podem estar elevados, indicando lesão hepática associada.
  • Exames de imagem:
    • Ultrassonografia abdominal (USG): exame inicial, identifica dilatação dos ductos biliares e pode visualizar cálculos na vesícula e, por vezes, no colédoco.
    • Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE): exame diagnóstico e terapêutico, permite visualizar diretamente os cálculos no ducto e realizar sua remoção.
    • Colangiografia por ressonância magnética (CPRM): exame não invasivo que oferece imagens detalhadas dos ductos biliares, útil para confirmar a presença e localização dos cálculos.

Esses exames, usados em conjunto, orientam o diagnóstico preciso e o planejamento do tratamento.

Qual é o tratamento da Coledocolitíase?

O tratamento da coledocolitíase visa remover os cálculos que causam obstrução e prevenir complicações

Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE)

A colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) é o método mais utilizado, pois combina diagnóstico e tratamento de forma minimamente invasiva

O procedimento consiste na introdução de um endoscópio flexível pela boca até o duodeno, onde é injetado contraste no ducto biliar para identificar os cálculos. Em seguida, utiliza-se um instrumento específico para retirá-los ou dilatar o ducto. 

A CPRE está indicada em casos confirmados ou fortemente suspeitos de obstrução do colédoco, especialmente quando há icterícia, colangite ou pancreatite biliar. Entre suas principais vantagens estão a alta taxa de sucesso, a rápida recuperação e a possibilidade de tratar e diagnosticar no mesmo ato.

Cirurgia

A cirurgia é indicada quando a CPRE não resolve o problema, não está disponível ou quando existem alterações anatômicas que exigem intervenção direta. 

Geralmente é realizada por via laparoscópica, por meio de pequenas incisões no abdome, permitindo acesso ao colédoco para retirada dos cálculos. Muitas vezes, a cirurgia é associada à colecistectomia, ou seja, a retirada da vesícula biliar no mesmo procedimento. 

Em média, a cirurgia de colelitíase dura de uma a duas horas, variando conforme a complexidade do caso. A abordagem laparoscópica proporciona menor tempo de internação, menos dor no pós-operatório e recuperação mais rápida.

Tratamento medicamentoso

O tratamento medicamentoso é indicado como medida complementar, especialmente quando há infecção associada. Nesses casos, o uso de antibióticos de amplo espectro é fundamental para controlar o quadro antes ou após a retirada dos cálculos. Além disso, podem ser prescritos analgésicos para controle da dor e hidratação venosa para estabilizar o paciente. 

Embora não substituam a remoção da obstrução, essas medidas ajudam a controlar os sintomas e reduzir o risco de complicações até que o tratamento definitivo seja realizado.

Quais são as complicações da Coledocolitíase?

As complicações incluem:

  • Colangite: Infecção grave dos ductos biliares causada pela obstrução e proliferação bacteriana, podendo evoluir rapidamente para sepse se não tratada.
  • Pancreatite biliar: Inflamação do pâncreas provocada pela obstrução da saída do ducto pancreático e biliar, gerando dor intensa e risco de complicações sistêmicas.
  • Abscessos hepáticos: Acúmulo de pus no fígado devido à infecção que se espalha a partir do sistema biliar obstruído.
  • Cirrose biliar secundária:  Lesão crônica e progressiva do fígado causada pela obstrução prolongada da bile, levando à fibrose e comprometimento da função hepática.

Avaliação do risco da Coledocolitíase

Os pacientes que apresetam coledocolitíase geralmente apresentam como sintomatologia dor no quadrante superior direito, icterícia (às custas de bilirrubina direta) com enzimas hepáticas elevadas em um padrão principalmente colestático (elevação desproporcional de fosfatase alcalina e gama-glutamil transferase). 

Nesses pacientes deve ser pesquisado através de exames laboratoriais e de imagem para estratificar o risco, e assim, conduzi-lo.

Coledocolitíase e pedra na vesícula são a mesma coisa?

Embora ambas envolvam a presença de cálculos no sistema biliar, elas diferem na localização e no impacto clínico. Na colelitíase, as pedras se formam dentro da vesícula biliar, podendo permanecer assintomáticas ou causar cólica biliar

Já na coledocolitíase, os cálculos estão no ducto colédoco, seja porque migraram da vesícula ou porque se formaram ali, causando maior risco de obstrução da bile e complicações como icterícia, colangite e pancreatite. 

Essa diferença é importante porque, enquanto a colelitíase pode ser tratada com a retirada da vesícula (colecistectomia), a coledocolitíase geralmente exige métodos adicionais para remover os cálculos do ducto, como a CPRE ou cirurgia específica. Domine o tema coledocolitíase com o auxílio da MedCof

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