Síndrome Nefrítica e Nefrótica: conheça as características de cada uma

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A imagem destaca os órgãos do sistema urinário, com os rins em laranja, suprarrenais em roxo e a bexiga translúcida em lilás. Os rins são foco de condições como glomerulopatias, podendo evoluir para síndrome nefrótica ou síndrome nefrítica, que afetam a filtração renal. A ilustração enfatiza a localização e importância funcional das estruturas renais.
Ilustração do sistema urinário destacando os rins (laranja), suprarrenais (roxo) e a bexiga (lilás), evidenciando sua localização anatômica e papel central em condições como glomerulopatias, síndrome nefrótica e síndrome nefrítica. | Reprodução: Canva.
A imagem destaca os órgãos do sistema urinário, com os rins em laranja, suprarrenais em roxo e a bexiga translúcida em lilás. Os rins são foco de condições como glomerulopatias, podendo evoluir para síndrome nefrótica ou síndrome nefrítica, que afetam a filtração renal. A ilustração enfatiza a localização e importância funcional das estruturas renais.
Ilustração do sistema urinário destacando os rins (laranja), suprarrenais (roxo) e a bexiga (lilás), evidenciando sua localização anatômica e papel central em condições como glomerulopatias, síndrome nefrótica e síndrome nefrítica. | Reprodução: Canva.

A síndrome nefrítica e a síndrome nefrótica são duas apresentações distintas de doenças glomerulares, cada uma com características clínicas, laboratoriais e fisiopatológicas próprias.

A síndrome nefrítica é marcada principalmente por inflamação glomerular, levando a hematúria, proteinúria leve a moderada, redução da taxa de filtração glomerular e, muitas vezes, hipertensão arterial. 

Já a síndrome nefrótica caracteriza-se por lesão da barreira de filtração glomerular com perda maciça de proteínas na urina, resultando em proteinúria intensa, hipoalbuminemia, edema generalizado e dislipidemia.

Diferenciar esses dois quadros é essencial para direcionar o diagnóstico, a investigação da causa e a escolha do tratamento mais adequado, prevenindo complicações e preservando a função renal.

Anatomia e fisiologia renal

Os rins são órgãos responsáveis por filtrar o sangue, remover resíduos e manter o equilíbrio de água, sais minerais e substâncias essenciais para o corpo. Essa filtragem ocorre principalmente nos glomérulos, pequenas redes de capilares localizadas dentro das unidades funcionais do rim, chamadas néfrons.

O glomérulo funciona como uma “peneira ultrafina” formada por três camadas: o endotélio capilar, a membrana basal glomerular e os podócitos (células especializadas com prolongamentos chamados pedicelos). Essa barreira de filtração glomerular é seletiva, pois permite a passagem de água e pequenas moléculas (como eletrólitos e glicose), mas bloqueia elementos maiores, como proteínas e células sanguíneas.

Em condições normais, proteínas como a albumina permanecem no sangue porque:

  • São grandes demais para atravessar os poros da barreira.
  • Possuem carga elétrica negativa, repelida pela membrana basal glomerular, que também é negativamente carregada.

Na síndrome nefrótica, ocorre lesão nessa barreira — especialmente nos podócitos e na membrana basal —, o que aumenta sua permeabilidade. É como se a “peneira” tivesse buracos maiores e perdesse parte do seu filtro elétrico, permitindo que proteínas, especialmente a albumina, escapem para a urina (proteinúria maciça).

A albumina e outras proteínas plasmáticas têm funções vitais, como manter a pressão oncótica (que evita a saída excessiva de líquido dos vasos para os tecidos), transportar hormônios, ácidos graxos e medicamentos, além de participar de processos de defesa. Quando essas proteínas se perdem em excesso, surgem manifestações como edema e maior suscetibilidade a infecções.

A imagem ilustra a fisiologia de funcionamento dos glomérulos renais, destacando o processo de filtração glomerular. O sangue flui pelo capilar aferente (encanamento em vermelho) em direção aos capilares glomerulares, onde ocorre a separação seletiva de substâncias. As setas indicam o movimento da filtragem do plasma, que é transportado do sangue para o espaço de Bowman (área amarela), seguindo rumo aos túbulos renais para reabsorção ou excreção. O capilar eferente, de menor calibre, conduz o sangue restante, regulando a pressão glomerular para manter a taxa de filtração eficiente.
Fisiologia de funcionamento dos glomérulos. | Acervo de ilustrações do Grupo MedCof.

Síndrome Nefrítica

A síndrome nefrítica é um conjunto de sinais e sintomas decorrentes de inflamação glomerular, que compromete a capacidade de filtração dos rins. O quadro clínico clássico inclui:

  • Hematúria (sangue na urina), frequentemente visível, dando coloração “coca-cola” ou “lavagem de carne”.
  • Proteinúria leve a moderada.
  • Oligúria (diminuição do volume urinário).
  • Hipertensão arterial associada à retenção de sódio e água.
  • Edema, geralmente discreto, predominando na face e pálpebras pela manhã.

Nos exames, podem ser observados: redução da taxa de filtração glomerular, presença de cilindros hemáticos na urina e aumento de ureia e creatinina em casos mais graves.

Classificação 

  • Glomerulonefrite aguda pós-infecciosa – geralmente após infecção estreptocócica de garganta ou pele.
  • Glomerulonefrite rapidamente progressiva (crescentic) – evolução acelerada para perda de função renal, frequentemente associada a doenças autoimunes.
  • Glomerulonefrite crônica – inflamação persistente e de lenta progressão, levando à perda gradual da função renal.
  • Síndromes nefríticas secundárias – associadas a doenças sistêmicas, como lúpus eritematoso sistêmico ou vasculites.
A imagem mostra uma criança com edema acentuado nas pálpebras e ao redor dos olhos, uma característica comum da síndrome nefrítica, causada por alterações na filtração glomerular dos rins. Essas condições podem estar associadas à inflamação da fáscie renal, que envolve e protege os rins, podendo afetar seu funcionamento. O edema indicado na face reflete a retenção de líquidos devido à diminuição da excreção renal de sódio e água. Ao fundo, outra criança aparece parcialmente, observando a cena.
Fáscie Renal devido à Síndrome Nefrítica. Reprodução: Google imagens.

Diagnóstico

O diagnóstico da síndrome nefrítica é baseado na associação entre achados clínicos e resultados laboratoriais, permitindo confirmar a presença de inflamação glomerular e investigar sua causa. Os principais elementos incluem:

Avaliação clínica

  • Identificação dos sintomas clássicos: hematúria, edema, hipertensão, oligúria.
  • Investigação de infecções recentes ou doenças sistêmicas associadas.

Exames laboratoriais

  • EAS (urina tipo 1): hematúria, proteinúria leve a moderada, cilindros hemáticos.
    Função renal: dosagem de creatinina e ureia para avaliar a taxa de filtração glomerular.
  • Exames complementares: sorologia para infecções (estreptococo, hepatites), autoanticorpos (ANA, ANCA, anti-DNA) e dosagem de complemento (C3 e C4).

Exames de imagem e histologia

  • Ultrassonografia renal para avaliar tamanho e estrutura dos rins.
  • Biópsia renal quando há dúvida diagnóstica ou suspeita de formas graves ou atípicas, permitindo confirmar o tipo e a extensão da lesão glomerular.

O diagnóstico preciso não apenas confirma a síndrome, mas também direciona a investigação etiológica e a escolha do tratamento.

Recipiente de coleta contendo uma amostra de urina com coloração vermelho-alaranjada, frequentemente associada à presença de sangue (hematúria), característica de condições como síndrome nefrítica ou outros distúrbios renais. O frasco apresenta tampa amarela de rosca e está colocado em uma superfície clara, possivelmente em um ambiente laboratorial para análise diagnóstica.
Achado urinário com coloração semelhante a chá. Fonte: Lecturio.

Fisiologia

Na síndrome nefrítica, o processo central é a inflamação dos glomérulos, que compromete a barreira de filtração renal. Essa barreira é formada pelo endotélio capilar, pela membrana basal glomerular e pelos podócitos, atuando como um filtro seletivo que retém proteínas e células sanguíneas no plasma enquanto permite a passagem de água e pequenas moléculas. A inflamação provoca:

  • Lesão da membrana basal glomerular, aumentando sua permeabilidade a células sanguíneas (hemácias) e proteínas.
  • Proliferação celular e acúmulo de material inflamatório dentro dos capilares glomerulares, reduzindo o fluxo sanguíneo.
  • Retenção de sódio e água, resultando em hipertensão e edema.

O resultado é uma diminuição da taxa de filtração glomerular e a presença de elementos anormais na urina, como hemácias e proteínas. A intensidade dessas alterações depende da gravidade e extensão da inflamação glomerular.

Tratamento

O manejo da síndrome nefrítica envolve medidas gerais para controle dos sintomas, prevenção de complicações e tratamento direcionado à causa subjacente. As principais abordagens incluem:

  • Tratamento da causa específica
    • Uso de antibióticos em casos de glomerulonefrite pós-estreptocócica ou outras infecções bacterianas.
    • Imunossupressores (como corticoides e ciclofosfamida) em doenças autoimunes e vasculites associadas.
  • Controle dos sintomas e prevenção de progressão
    • Anti-hipertensivos (como IECA ou BRA) para manter a pressão arterial sob controle e proteger a função renal.
    • Diuréticos para reduzir edema e sobrecarga de volume.
  • Manejo das complicações
    • Monitorar e corrigir distúrbios hidroeletrolíticos.
    • Tratar rapidamente sinais de insuficiência renal aguda.
  • Modificações na dieta
    • Restrição moderada de sal para controle do edema e da pressão arterial.
    • Ajuste da ingestão de proteínas conforme a função renal.
    • Controle do potássio e do fósforo em casos de disfunção renal significativa.
  • Acompanhamento contínuo
    • Reavaliações periódicas com exames laboratoriais e de imagem para monitorar evolução e resposta ao tratamento.

Complicações da síndrome nefrótica

A síndrome nefrótica não tratada ou mal controlada pode levar a complicações significativas.. O edema grave e até anasarca ocorre pela perda de albumina, que reduz a pressão oncótica plasmática e favorece o acúmulo de líquido nos tecidos, podendo causar dificuldade respiratória e ganho rápido de peso. O tratamento inclui controle da proteinúria, restrição de sal, uso criterioso de diuréticos e, em casos graves, infusão de albumina.

Outra complicação frequente é a trombose venosa e a embolia pulmonar, decorrentes da perda de proteínas anticoagulantes e do aumento da coagulação. Esses eventos podem se manifestar com dor e inchaço em membros ou falta de ar súbita. A prevenção envolve hidratação adequada, mobilização e uso de anticoagulantes em pacientes de alto risco.

As infecções recorrentes são favorecidas pela perda de imunoglobulinas, tornando o paciente mais suscetível a pneumonias, infecções urinárias e celulite. A prevenção inclui vacinação atualizada, tratamento precoce de infecções e cuidados com higiene. Também pode ocorrer desnutrição proteica, especialmente em crianças, levando à perda de massa muscular, fadiga e atraso no crescimento, o que exige acompanhamento nutricional e correção da proteinúria.

Por fim, a dislipidemia grave é comum, já que o fígado aumenta a produção de lipoproteínas para compensar a perda proteica, elevando colesterol e triglicerídeos e aumentando o risco cardiovascular. Medidas preventivas incluem dieta equilibrada, atividade física e uso de medicamentos hipolipemiantes quando necessário.

Prognóstico e qualidade de vida

O prognóstico da síndrome nefrótica depende diretamente da causa subjacente, da resposta ao tratamento e da presença de complicações. Em formas primárias tratadas precocemente, especialmente em crianças, a evolução costuma ser favorável, com possibilidade de remissão completa. 

Já nos casos secundários a doenças sistêmicas ou crônicas, como diabetes e lúpus, o prognóstico pode ser mais reservado, exigindo acompanhamento contínuo para prevenir a progressão para insuficiência renal crônica.

A condição pode impactar de forma significativa a qualidade de vida, devido a sintomas como edema, fadiga, infecções recorrentes e restrições alimentares. Além das limitações físicas, o paciente pode enfrentar insegurança, ansiedade e baixa autoestima, especialmente quando há alterações visíveis no corpo. Por isso, é fundamental adotar estratégias que contemplem não apenas o tratamento médico, mas também o bem-estar emocional e social.

Manter hábitos de vida saudáveis, seguir as orientações médicas, participar de atividades adaptadas e respeitar os limites do corpo ajudam a reduzir sintomas e melhorar o dia a dia. É importante também buscar informações claras sobre a doença, o que favorece a adesão ao tratamento e o protagonismo do paciente no próprio cuidado.O suporte familiar e psicológico tem papel essencial nesse processo. A presença de familiares engajados e de profissionais de saúde mental contribui para o enfrentamento da doença, reduz o estresse e auxilia na adaptação às mudanças impostas pelo tratamento e pela própria condição.

Síndrome Nefrótica

A síndrome nefrótica é caracterizada pela perda massiva de proteínas na urina devido a alterações na barreira de filtração glomerular. Os principais sinais e sintomas incluem:

  • Edema generalizado, especialmente em face, tornozelos e abdômen, podendo evoluir para anasarca.
  • Proteinúria intensa e maior que 3,5 g/24h).
  • Hipoalbuminemia e hiperlipidemia.
  • Fadiga e mal-estar, decorrentes da perda proteica e do edema.
  • Maior suscetibilidade a infecções, devido à perda de imunoglobulinas na urina.

Classificação

  • Primária ou idiopática – lesão glomerular isolada, sem doença sistêmica associada, incluindo:
    • Nefropatia por lesão mínima;
    • Glomerulosclerose segmentar e focal;
    • Glomerulonefrite membranosa.
  • Secundária – causada por doenças sistêmicas ou fatores externos, como:
    • Diabetes mellitus;
    • Lúpus eritematoso sistêmico;
    • Amiloidose;
    • Infecções crônicas (hepatite B, HIV);
    • Medicamentos ou toxinas.
  • Congênita ou genética – formas raras, presentes desde o nascimento ou infância precoce, associadas a mutações em genes relacionados à função glomerular.

Diagnóstico 

O diagnóstico da síndrome nefrótica envolve uma combinação de avaliação clínica, exames laboratoriais e, em alguns casos, exames de imagem ou biópsia renal para confirmar a causa subjacente.

Exames laboratoriais principais:

  • Análise de urina (EAS e proteinúria de 24 horas): identifica a perda maciça de proteínas, caracterizando a proteinúria nefrótica.
  • Exames de sangue: dosagem de albumina sérica, colesterol, triglicerídeos e imunoglobulinas.
  • Avaliação da função renal: creatinina e ureia séricas para monitorar a taxa de filtração glomerular e detectar insuficiência renal associada.

Exames de imagem:

  • Ultrassonografia renal para avaliar tamanho, ecogenicidade e estrutura dos rins, identificando alterações crônicas ou anatômicas.

Biópsia renal:

  • Indicada quando há diagnóstico incerto, proteinúria persistente, formas graves, resposta insatisfatória ao tratamento ou suspeita de doença secundária.
  • Permite identificar o tipo histológico da lesão glomerular, diferenciando formas primárias, secundárias ou genéticas da síndrome nefrótica, e orientando o tratamento específico.

O diagnóstico preciso não apenas confirma a síndrome, mas também é essencial para definir a estratégia terapêutica adequada e prevenir complicações a longo prazo.

ecipiente contendo uma amostra de urina amarelo-alaranjada com aspecto espumoso, visível pela formação de pequenas bolhas acumuladas na superfície do líquido. A espuma pode ser um indício de proteínas na urina (proteinúria), frequentemente associada a distúrbios renais, como síndrome nefrótica ou inflamações nos glomérulos. O frasco está parcialmente visível, sugerindo um contexto de análise clínica.
Urina com aspecto espumoso. Reprodução: Google Imagens.

Tratamento da Síndrome Nefrótica

O manejo da síndrome nefrótica envolve abordagens direcionadas à causa subjacente, controle dos sintomas, prevenção de complicações e manutenção da função renal:

  • Tratamento da causa específica
    • Primária/idiopática: uso de corticoides e, em alguns casos, imunossupressores (ciclofosfamida, ciclosporina, micofenolato) conforme o tipo histológico e resposta ao tratamento.
    • Secundária: manejo da doença de base, como controle rigoroso do diabetes, tratamento de lúpus ou suspensão de medicamentos nefrotóxicos.
  • Controle dos sintomas
    • Diuréticos para reduzir edema e sobrecarga de líquidos.
    • Anti-hipertensivos (principalmente IECA ou BRA) que também protegem a função renal e reduzem a proteinúria.
  • Manejo das complicações
    • Infecções: prevenção com vacinação e tratamento precoce.
    • Tromboses: anticoagulação em pacientes de alto risco.
    • Dislipidemia: dieta equilibrada e, se necessário, uso de hipolipemiantes.
  • Modificações na dieta
    • Restrição de sal para controle do edema e da pressão arterial.
    • Ajuste a ingestão de proteínas, evitando tanto a deficiência quanto a sobrecarga renal.
    • Controle de lipídios em casos de dislipidemia associada.
  • Acompanhamento contínuo
    • Reavaliações periódicas com exames laboratoriais e de imagem para monitorar a evolução da doença, a resposta ao tratamento e prevenir complicações de longo prazo.

Principais diferenças entre síndrome nefrótica e nefrítica

A síndrome nefrótica e a síndrome nefrítica são manifestações distintas de doenças glomerulares, e compreender suas diferenças é essencial para diagnóstico, investigação etiológica e tratamento adequado.

AspectoSíndrome NefróticaSíndrome Nefrítica
Principais sintomasEdema generalizado (face, tornozelos, abdômen), fadiga, aumento do risco de infecçõesHematúria visível ou microscópica, edema leve, hipertensão, oligúria
Alterações laboratoriaisProteinúria maciça (>3,5 g/24h), hipoalbuminemia, hiperlipidemia, risco de tromboseProteinúria leve a moderada, hematúria com cilindros hemáticos, redução da taxa de filtração glomerular, possível elevação de ureia e creatinina
Mecanismo fisiopatológicoLesão da barreira de filtração glomerular, principalmente podócitos e membrana basal, permitindo perda maciça de proteínasInflamação glomerular que danifica a membrana basal, permitindo passagem de células sanguíneas e pequenas proteínas
Causas mais comunsPrimária: lesão mínima, glomerulosclerose segmentar e focal, membranosa; Secundária: diabetes, lúpus, amiloidose, infecçõesPós-infecciosa (estreptococo), glomerulonefrite rapidamente progressiva, doenças autoimunes (lúpus, vasculites)
Aparência da urinaNormal ou levemente turva, geralmente sem sangue visívelColoração “coca-cola” ou “lavagem de carne” devido à presença de sangue
PrognósticoGeralmente bom em formas primárias tratadas; reservado em doenças secundárias ou crônicasBoa evolução em glomerulonefrite pós-infecciosa, mas pode evoluir para insuficiência renal em formas graves ou crônicas
Abordagem terapêuticaControle da proteinúria, tratamento da causa, manejo do edema e complicações, ajustes na dieta, imunossupressores se indicadoTratamento da causa (antibióticos, imunossupressores), controle de hipertensão, manejo do edema, suporte renal se necessário

Biópsia renal: quando é necessária?

A biópsia renal é um procedimento no qual uma pequena amostra do tecido renal é retirada, geralmente por agulha sob orientação de ultrassonografia, para análise histológica detalhada. 

Nem todos os casos de síndrome nefrótica e nefrítica requerem biópsia; ela é mais indicada em adultos, em apresentações atípicas, em casos graves, refratários ao tratamento ou quando há suspeita de doença secundária.

A análise histológica permite identificar o tipo específico de lesão glomerular, diferenciando formas primárias, secundárias ou genéticas, além de orientar a escolha do tratamento mais adequado e fornecer informações sobre o prognóstico.

Complicações das síndromes nefrótica e nefrítica não tratadas

O não tratamento ou o manejo inadequado das síndromes nefrótica e nefrítica pode levar a complicações graves, que variam conforme o tipo de síndrome:

Síndrome Nefrótica:

  • Trombose venosa, devido à perda de proteínas anticoagulantes na urina.
  • Infecções bacterianas graves, pela redução de imunoglobulinas e comprometimento da defesa imunológica.
  • Insuficiência renal, quando a proteinúria persistente causa dano glomerular progressivo.
  • Dislipidemia grave, que aumenta o risco cardiovascular a longo prazo.

Síndrome Nefrítica:

  • Hipertensão grave, causada pela retenção de sódio e água.
  • Encefalopatia hipertensiva, decorrente de elevação intensa da pressão arterial.
  • Edema agudo de pulmão, por sobrecarga de líquidos.
  • Insuficiência renal aguda rapidamente progressiva (IRA), especialmente em formas crescentes ou graves da doença glomerular.

O reconhecimento precoce e o tratamento adequado são essenciais para prevenir essas complicações. Uma abordagem multidisciplinar, envolvendo nefrologista, nutricionista, enfermeiro e equipe de suporte psicológico, contribui para o manejo efetivo, melhora do prognóstico e manutenção da qualidade de vida do paciente.

Prevenção de complicações renais crônicas

Embora algumas formas primárias de síndrome nefrótica e nefrítica sejam de difícil prevenção, muitas complicações renais podem ser evitadas com controle rigoroso de doenças crônicas como diabetes mellitus, hipertensão arterial e lúpus eritematoso sistêmico. 

Além disso, é fundamental o uso racional de medicamentos nefrotóxicos e a avaliação regular por um nefrologista, permitindo monitorar a função renal e identificar precocemente alterações que possam levar à doença renal crônica.

Medidas dietéticas também desempenham papel importante na prevenção de complicações. A ingestão adequada de proteínas, controle do sal e acompanhamento nutricional ajudam a reduzir a sobrecarga renal, o edema e o risco cardiovascular.

A adesão ao tratamento prescrito,  incluindo medicações, ajustes alimentares e consultas de acompanhamento, é essencial para manter a função renal, prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida do paciente.

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