Diferenciando a Síndrome Nefrítica e Nefrótica  

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A imagem destaca os órgãos do sistema urinário, com os rins em laranja, suprarrenais em roxo e a bexiga translúcida em lilás. Os rins são foco de condições como glomerulopatias, podendo evoluir para síndrome nefrótica ou síndrome nefrítica, que afetam a filtração renal. A ilustração enfatiza a localização e importância funcional das estruturas renais.
Ilustração do sistema urinário destacando os rins (laranja), suprarrenais (roxo) e a bexiga (lilás), evidenciando sua localização anatômica e papel central em condições como glomerulopatias, síndrome nefrótica e síndrome nefrítica. | Reprodução: Canva.
A imagem destaca os órgãos do sistema urinário, com os rins em laranja, suprarrenais em roxo e a bexiga translúcida em lilás. Os rins são foco de condições como glomerulopatias, podendo evoluir para síndrome nefrótica ou síndrome nefrítica, que afetam a filtração renal. A ilustração enfatiza a localização e importância funcional das estruturas renais.
Ilustração do sistema urinário destacando os rins (laranja), suprarrenais (roxo) e a bexiga (lilás), evidenciando sua localização anatômica e papel central em condições como glomerulopatias, síndrome nefrótica e síndrome nefrítica. | Reprodução: Canva.

As glomerulopatias são temas bastante frequentes na enfermaria clínica e nas provas de residência, portanto, esse post vai te ajudar a nunca mais se confundir entre síndrome nefrítica e síndrome nefrótica!            

A imagem ilustra a fisiologia de funcionamento dos glomérulos renais, destacando o processo de filtração glomerular. O sangue flui pelo capilar aferente (encanamento em vermelho) em direção aos capilares glomerulares, onde ocorre a separação seletiva de substâncias. As setas indicam o movimento da filtragem do plasma, que é transportado do sangue para o espaço de Bowman (área amarela), seguindo rumo aos túbulos renais para reabsorção ou excreção. O capilar eferente, de menor calibre, conduz o sangue restante, regulando a pressão glomerular para manter a taxa de filtração eficiente.
Fisiologia de funcionamento dos glomérulos. | Acervo de ilustrações do Grupo MedCof.

Síndrome Nefrítica

Decorrente da inflamação dos glomérulos, pode ser identificada por proteinúria intensa, hipoalbuminemia, edema e hiperlipidemia.  Por ser uma síndrome, ela pode estar presente em várias doenças primárias e sistêmicas, como Doença por Lesão Mínima, Glomeruloesclerose Segmentar Focal e Nefropatia Membranosa.

Classificação 

Existem duas maneiras diferentes: temporal e etiológica. Na classificação temporal, pode ser separada em Aguda ou Crônica

Na classificação etiológica, pode ser dividida em primária, secundária e monogênica. A Primária se dá em casos idiopáticos, como Doença antimembrana basal glomerular e Glomerulopatia do C3. A Secundária, com maior recorrência prática e acadêmica, decorre de causas sistêmicas,  infecciosas ou por uso de drogas, como Glomerulonefrite pós estreptocócica e Doenças de Wegener e Churg-Strauss. A Monogênica é associada aos genes NPHS1, NPHS2 e WT1.

Curiosidade: Essa síndrome, na pediatria, deve alarmar a suspeita para as causas mais comuns na infância, ou seja, as causas pós-infecciosas. Os principais sinais e sintomas relacionados ao quadro agudo são a hematúria (quando cobrado em questão, o enunciado traz macroscópica), Oligúria, Edema, Hipertensão arterial, Proteinúria variável e Azotemia.

A imagem mostra uma criança com edema acentuado nas pálpebras e ao redor dos olhos, uma característica comum da síndrome nefrítica, causada por alterações na filtração glomerular dos rins. Essas condições podem estar associadas à inflamação da fáscie renal, que envolve e protege os rins, podendo afetar seu funcionamento. O edema indicado na face reflete a retenção de líquidos devido à diminuição da excreção renal de sódio e água. Ao fundo, outra criança aparece parcialmente, observando a cena.
Fáscie Renal devido à Síndrome Nefrítica. Reprodução: Google imagens.

Diagnóstico 

Vários exames laboratoriais podem ser feitos quando há suspeita da condição, como Urina com pesquisa de dismorfismo ericitário e microscopia urinária com cilindros hemáticos. Os principais achados são os níveis de C3 baixos, apesar do C4 costuma ser normal.

Recipiente de coleta contendo uma amostra de urina com coloração vermelho-alaranjada, frequentemente associada à presença de sangue (hematúria), característica de condições como síndrome nefrítica ou outros distúrbios renais. O frasco apresenta tampa amarela de rosca e está colocado em uma superfície clara, possivelmente em um ambiente laboratorial para análise diagnóstica.
Achado urinário com coloração semelhante a chá. Fonte: Lecturio.

Fisiologia 

A cadeia de eventos passa pelas seguintes etapas:

  1. Processo Inflamatorio Glomerular;
  2. Redução do TFG; 
  3. Manutenção da reabsorção tubular Na/H20; 
  4. Manutenção Ingestão Hidrossalina;
  5. Balanço Positivo;  
  6. Expansão do volume circulante efetivo; 
  7. Congestão cardiocirculatória e HA;
  8. ICC, EAP, crise hipertensiva, LRA.

Tratamento

O tratamento é apenas um suporte ao paciente, o qual serve para buscar a erradicação da cepa nefrogênica. As complicações na região renal podem incluir distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-base advindos de lesão renal aguda. Na área Cardiovascular, há suspeitas quando existe a presença de dispneia, ortopneia, tosse e alterações da ausculta pulmonar, além da hepatomegalia. No tópico Neurológico, há presença de encefalopatia hipertensiva e PRES (Posterior Reversible Encephalopathy Syndrome), nessas o paciente evolui com cefaleia, alteração visual, alterações sensoriais e convulsões.

 

Síndrome Nefrótica

É uma síndrome clínica caracterizada por hematúria, oligúria, proteinúria, hipertensão arterial sistêmica (HAS) e alteração da função renal de início súbito.

Classificação

Essa condição pode ser classificada quanto a etiopatogenia (se é primária ou idiopática, hereditária/monogênica ou secundária), quanto a idade de início (congênita, infantil ou na infância), quanto a histopatologia (LHM, GESF e outras) , quanto às recidivas (1 a cada 6 meses ou 1 a 3 a cada 12 meses).

Diagnóstico 

O diagnóstico é feito a partir da evidência clínica + laboratorial compatível

  • Hemograma: Normal ou Anemia;
  • EAS;
  • Hematúria micro ou macroscópica + hemácias dismórficas;
  • Proteinúria < 3 g/dia;
  • Albumina normal ou baixa
  • Creatinina, podendo estar normal ou aumentada;
  • Complemento: podendo estar consumido
  • Crioglobulinas: se presença de púrpura palpável, sintomas sistêmicos ou alteração do complemento;
  • Pesquisa de anticorpo anti estreptocócicos após episódio de faringite ou impetigo;
  • Sorologias (guiado pela história e clínica): FAN, anti-dna, ANCA, Hemoculturas, Hepatites B e C, Anti-HIV.
Fonte: Scielo Brazil.

A maioria dos casos é primária ou idiopática e apresenta maior acometimento entre os pré-escolares.

Os sinais e sintomas seguem uma tríade marcante: Edema (sintoma de apresentação mais comum) Hiperlipidemia e Hipoalbuminemia. Existem 2 teorias para ocorrência dos achados, sendo elas:

  1. enchimento deficiente (a proteinúria maciça causa hipoalbuminemia, com isso há diminuição da pressão oncótica. O líquido, então, extravasa para o interstício, o que estimula o sistema renina angiotensina aldosterona e ocorre retenção secundária de sódio.   
  2. transbordamento (começa com retenção primária de Na e aumento do volume intravenoso. O líquido, então, extravasa para o interstício e forma o edema. 

Além desses sintomas e sinais, podemos identificar a urina como espumosa, LHM normal ou hipertensão transitória e GESF em hipertensão. 

ecipiente contendo uma amostra de urina amarelo-alaranjada com aspecto espumoso, visível pela formação de pequenas bolhas acumuladas na superfície do líquido. A espuma pode ser um indício de proteínas na urina (proteinúria), frequentemente associada a distúrbios renais, como síndrome nefrótica ou inflamações nos glomérulos. O frasco está parcialmente visível, sugerindo um contexto de análise clínica.
Urina com aspecto espumoso. Reprodução: Google Imagens.

Tratamento 

O tratamento varia conforme os sinais e sintomas. Por exemplo, se apresentar edema, é considerado uma dieta assódica, se apresentar sinais de hipovolemia, pode se considerar administração de uma solução para excreção de sódio e de albumina, entre outros casos. 

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