Estratégias de avaliação de via aérea: Classificação Mallampati e Cormack-Lehane

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Avaliação de via aérea difícil
A avaliação da via aérea é essencial para garantir uma proteção adequada e antecipar possíveis dificuldades durante procedimentos médicos.
Imagem: Canva.

Classificação de Mallampati

A avaliação eficiente da via aérea é um passo fundamental para garantir a segurança do paciente em procedimentos médicos e anestésicos. Entre os métodos disponíveis, a classificação de Mallampati se destaca como uma das ferramentas mais utilizadas para identificar o risco de via aérea difícil.

O que é a Classificação de Mallampati?

A classificação de Mallampati avalia a visibilidade das estruturas orais, especialmente em relação à posição da língua, ajudando a prever eventuais dificuldades no manejo da via aérea. Essa avaliação rápida e não invasiva é considerada essencial durante a consulta pré-anestésica e em situações clínicas críticas.

Ilustração da classificação de Mallampati em quatro etapas para a avaliação da via aérea: Classe I (visualização completa de úvula, pilares e palato mole), Classe II (visualização parcial da úvula e palato), Classe III (apenas base da úvula visível) e Classe IV (somente palato duro visível). Imagem essencial para estudos de anestesiologia e preparação para manejo de vias aéreas.
Classificação de Mallampati: avaliação da via aérea para anestesia e intubação. | Fonte: Acervo de ilustrações do Grupo MedCof.

Como funciona a Classificação de Mallampati?

A classificação de Mallampati é dividida em quatro classes, baseadas na visualização da orofaringe quando o paciente abre a boca e protrui a língua, sem emitir som:

  • Classe I: Visíveis úvula, pilares amigdalinos e palato mole;
  • Classe II: Visíveis úvula e palato mole;
  • Classe III: Só o palato mole e base da úvula são visíveis;
  • Classe IV: Apenas o palato duro é visível; úvula e palato mole ausentes ao exame.

*Mallampati 0: Caso raro em que a epiglote é visível espontaneamente.

Prevalência e Importância da Via Aérea Difícil

Embora a prevalência da via aérea difícil seja de aproximadamente 5% na população geral, reconhecer esse cenário é vital. Uma avaliação precisa permite planejar intervenções e evitar complicações graves durante a intubação ou outras abordagens respiratórias.

Principais Indicadores de Via Aérea Difícil

  1. Anamnese Detalhada
    Fique atento a sinais de alerta na história clínica do paciente, como:
  • Insucesso prévio em anestesia ou intubação;
  • Presença de doenças crônicas (diabetes, hipotireoidismo);
  • Obesidade;
  • Apneia obstrutiva do sono;
  • Alterações odontológicas.

Esses fatores aumentam significativamente o risco de complicações na via aérea.

  1. Exame Físico Direcionado
    Durante o exame físico da via aérea, diferentes pontos devem ser observados:
  • Dentição: Incisivos superiores longos, protrusão da arcada superior, má projeção mandibular e distância interincisivos <3 cm dificultam o acesso;
  • Visibilidade da Úvula e Palato: Úvula não visível ao protruir a língua e palato estreito ou arqueado apontam para possíveis desafios;
  • Espaço Mandibular: Firmeza, massas ou distância tireomentoniana inferior a três dedos indicam menor complacência;
  • Pescoço: Pescoço curto, grosso ou com mobilidade reduzida dificulta o posicionamento adequado.
  • Upper-Lip Bite Test: é um teste rápido e simples usado para avaliar a dificuldade de intubação antes do procedimento. Ele analisa a mobilidade da mandíbula e a presença de obstruções anatômicas.
Ilustração detalhando o Upper-Lip Bite Test (ULBT), utilizado para prever a dificuldade de intubação. Classificação em quatro categorias: borda avermelhada (referência do lábio em repouso), Classe 1 (lábio inferior cobre totalmente o superior, indicando boa mobilidade), Classe 2 (cobertura parcial do lábio superior pelo lábio inferior, sugerindo dificuldade moderada) e Classe 3 (lábio inferior não alcança o superior, indicando alta dificuldade de intubação). Ferramenta essencial para avaliação pré-anestésica.
Upper-Lip Bite Test: teste de avaliação de mobilidade mandibular para prever dificuldade de intubação. | Fonte: Acervo de ilustrações do Grupo MedCof.

Por que avaliar a via aérea com a Classificação de Mallampati?

Utilizar a classificação de Mallampati, combinada a outros parâmetros físicos e históricos, possibilita a identificação precoce de desafios e a adoção de estratégias para garantir a segurança do paciente. Essa abordagem sistemática reduz riscos em procedimentos como intubação orotraqueal e anestesia.

Classificação de Cormack-Lehane

Esse sistema classifica o grau de visualização das cordas vocais durante a laringoscopia direta, sendo útil para prever a facilidade ou dificuldade da intubação traqueal.

Classificação:

  • Grau I: Visualização completa das cordas vocais.
    Intubação fácil.
  • Grau II:
    • IIa: Visualização parcial das cordas vocais.
    • IIb: Apenas a epiglote é visível (cordas vocais não são vistas).
      → Pode ser necessário usar dispositivos auxiliares, como o bougie.
  • Grau III: Apenas a epiglote é visível, e não é possível ver a glote.
    → Intubação mais difícil.
  • Grau IV: Nenhuma estrutura da glote ou epiglote é visível.
    Intubação extremamente difícil; contraindicada tentativa com bougie.

Na prática, temos: 

  • Grau IIb e III: geralmente indicam necessidade de auxílio, como bougie.
  • Grau IV: indica via aérea muito difícil → considerar alternativas como dispositivos supraglóticos ou via aérea cirúrgica.
Classificação de Cook modificada com 6 graus de visualização da laringe: Grau 1 e 2A (fácil: glote e estruturas laringeanas visíveis); Grau 2B e 3A (restrito: epiglote ou aritenoides parcialmente visíveis); Grau 3B e 4 (difícil: estruturas invisíveis ou apenas bolhas de ar presentes). Indicado para avaliação das condições da via aérea em anestesia e intubação difícil.
Classificação de Cormack e Lehane | Fonte: Acervo de ilustrações do Grupo MedCof.

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