
A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad/MJSP) divulgou que, em um intervalo de cerca de 25 dias, foram notificados nove casos de intoxicação por metanol no estado de São Paulo, dos quais três evoluíram para óbito.
O cenário epidemiológico
O Centro de Vigilância Sanitária (CVS) de São Paulo confirmou que, desde junho de 2025, foram reconhecidos seis casos confirmados, incluindo as duas mortes — uma delas na capital paulista (zona da Mooca/Aricanduva) e outra em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
Além disso, dez casos estão em investigação por suspeita de intoxicação relacionada a bebidas adulteradas. O Ciatox (Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Campinas) notificou essas ocorrências ao sistema federal de alerta rápido, considerando-as “fora do padrão” para o curto período de tempo.
Segundo nota da Senad, ao contrário de casos anteriores em que a intoxicação por metanol envolvia ingestão acidental de combustível ou situações de automedicação, desta vez os casos têm ligação com consumo social de bebidas alcoólicas, como gin, whisky e vodka, em bares, com produção ou distribuição clandestina.

Fisiopatologia e quadro clínico
Diferença entre etanol e metanol
Quimicamente, o metanol (CH₃OH) é semelhante ao etanol (C₂H₅OH): ambos são líquidos incolores e inflamáveis, com cheiro similar. A grande diferença está no metabolismo: o fígado converte o metanol em formaldeído e depois em ácido fórmico, que é o principal agente tóxico, causando acidose metabólica e lesão celular, especialmente no sistema nervoso central, retina e nervo óptico.
Manifestações clínicas
Os sintomas iniciais são inespecíficos e podem se assemelhar à intoxicação etílica: tontura, náuseas, vômitos, dor abdominal, mal-estar geral.
Porém, um sinal de alarde precoce é a alteração visual — visão turva, escotomas, flashes luminosos ou até cegueira — que pode ocorrer já nas primeiras horas após a metabolização do metanol.
Outros achados possíveis são: taquipneia (respiração acelerada), acidose metabólica, confusão mental, letargia, convulsões, hipotensão, edema pulmonar.
Há variabilidade no intervalo entre ingestão e manifestações que pode demorar de 30 minutos até mais de um dia, especialmente quando há etanol concomitante que compete pelo metabolismo.
Diagnóstico e conduta terapêutica
Diagnóstico
O diagnóstico é fortemente clínico e epidemiológico: história de ingestão de bebida alcoólica de origem duvidosa + sintomatologia sugestiva + relato de outros casos.
Exames laboratoriais úteis incluem gasometria arterial (acidose grave, baixa bicarbonato), eletrólitos, função renal, lactato, além de medidas de metanol/ácido fórmico em laboratório especializado (nem sempre disponíveis).
A tomografia ou ressonância pode ajudar em casos neurológicos, mas não substitui a avaliação clínica e laboratorial.
Tratamento
O tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível, pois a eficácia decai com o tempo (idealmente antes que o metanol seja metabolizado em ácido fórmico). A letalidade pode ultrapassar 30 % nos casos graves com tratamento tardio.
Entenda mais sobre os casos de intoxicação assistindo o vídeo feito pelo nosso especialista!
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