
O Sistema Único de Saúde (SUS) pode ganhar uma nova arma na prevenção ao HIV: a PrEP injetável, aplicada a cada dois meses.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) vai avaliar a inclusão do medicamento com potencial para aumentar a adesão ao tratamento e reduzir novas infecções.
Nova Estratégia
Atualmente, o SUS oferece a PrEP em comprimidos, que precisam ser tomados diariamente. A versão injetável se destaca pela ação prolongada, já que é aplicada por via intramuscular a cada dois meses, o que pode facilitar a adesão.
O parecer da Conitec será fundamental para definir se o cabotegravir, princípio ativo dessa modalidade, será incorporado ao sistema público de saúde.
Histórico
O cabotegravir foi registrado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2023 e começou a ser vendido no Brasil na rede privada em 2024. Comercializado pela farmacêutica GSK e distribuído pela Oncoprod, o medicamento chegou ao mercado com valor médio de quatro mil por dose.
Na rede pública, a PrEP oral está disponível desde 2018, com o esquema tenofovir disoproxil + emtricitabina, oferecido gratuitamente. Embora eficaz, esse modelo exige disciplina diária, o que dificulta a adesão para muitas pessoas.
É nesse contexto que a PrEP injetável bimestral representa uma inovação promissora para o SUS.
Como funciona
O cabotegravir pertence à classe dos inibidores da transferência de fita integrase (INSTI), impedindo que o DNA do HIV se integre ao material genético das células humanas. O que é essencial para a replicação do vírus. O esquema de uso começa com duas doses mensais e depois passa para aplicações bimestrais de 600 mg por via intramuscular.
A PrEP injetável é indicada para adultos e adolescentes a partir de 12 anos, com peso mínimo de 35 kg e diagnóstico negativo para HIV antes do início do tratamento. A Anvisa recomenda a realização de testes antes de cada aplicação, a fim de evitar resistência ao medicamento.
Além do impacto clínico, a injeção ajuda a reduzir a necessidade de consultas frequentes e a carga psicológica de lembrar-se diariamente da medicação pode ampliar o alcance da prevenção. Especialmente entre populações mais vulneráveis.
Revolução da prevenção do HIV
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil registrou cerca de 46,5 mil novos casos de HIV em 2023, e projeções indicam que até 2033 esse número pode chegar a 600 mil. Pesquisas sugerem que a PrEP injetável poderia evitar até 385 mil novas infecções na próxima década, não por ser mais eficaz do que a versão oral, mas porque facilita a continuidade do tratamento.
Na prática, a incorporação do cabotegravir ao SUS pode representar uma verdadeira revolução na prevenção do HIV. Além de fortalecer a estratégia de prevenção combinada já existente, a medida teria impacto econômico: ainda que o custo inicial seja elevado, a redução do número de novos casos diminuiria de forma expressiva os gastos com tratamento ao longo da vida.
A decisão envolve não apenas ciência, mas também vontade política e compromisso com a equidade. Se aprovada, a PrEP injetável pode se tornar um divisor de águas no combate à epidemia de HIV no Brasil.
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