
Hipoxemia é a baixa concentração de oxigênio no sangue arterial, uma condição grave que compromete a oxigenação dos tecidos e pode colocar a vida em risco. Sua identificação é essencial em cenários clínicos e emergenciais, pois está associada a diversas patologias pulmonares, cardíacas e sistêmicas.
Neste artigo, você vai entender o que é a hipoxemia, suas principais causas, sintomas, diagnóstico, tipos, complicações e as formas de tratamento disponíveis.

Entendendo a importância da identificação precoce da hipoxemia
Reconhecer precocemente a hipoxemia permite intervir antes que ocorram danos aos órgãos vitais. Isso é ainda mais relevante em contextos como internações, urgências e no acompanhamento de pacientes com doenças respiratórias. Para compreender melhor, é essencial diferenciar dois conceitos semelhantes:
Qual a diferença entre hipóxia e hipoxemia?
- Hipoxemia: redução da quantidade de oxigênio no sangue arterial.
- Hipóxia: redução da oxigenação nos tecidos do corpo.
Ambas podem ocorrer de forma isolada ou simultânea. Por exemplo:
- Um paciente com embolia pulmonar pode apresentar hipoxemia grave sem sinais imediatos de hipóxia tecidual.
- Já um indivíduo com anemia severa pode ter hipóxia mesmo com níveis normais de oxigênio no sangue.
A hipercapnia (aumento de CO₂ no sangue) pode acompanhar a hipoxemia, especialmente em doenças com hipoventilação, como DPOC ou apneia do sono.
Principais causas da hipoxemia
As causas podem ser divididas em categorias, conforme o mecanismo fisiopatológico e a condição de base:
Causas pulmonares
- Pneumonia: inflamação e preenchimento alveolar dificultam a troca gasosa.
- SDRA (síndrome do desconforto respiratório agudo): lesão pulmonar difusa com colapso alveolar .
- Fibrose pulmonar: espessamento das membranas alveolares reduz a difusão do oxigênio.
- DPOC: obstrução crônica e destruição dos alvéolos.
- Embolia pulmonar: bloqueio da perfusão em áreas ventiladas do pulmão.
- Apneia obstrutiva do sono: hipoventilação noturna recorrente.
Causas cardíacas
- Insuficiência cardíaca esquerda: edema pulmonar por pressão hidrostática elevada .
- Cardiopatias congênitas com shunt direita-esquerda: como na síndrome de Eisenmenger.
Causas hematológicas
- Anemia grave: reduz a capacidade de transporte de O₂, gerando hipóxia com hipoxemia leve ou ausente.
- Meta-hemoglobinemia: alteração estrutural da hemoglobina que impede o transporte adequado de oxigênio.
Outros mecanismos
- Hipoventilação alveolar: redução da entrada de ar nos pulmões (ex.: neuromusculares, obesidade grave).
- Alterações na relação ventilação-perfusão: má distribuição do fluxo sanguíneo em áreas mal ventiladas.
Classificação dos tipos de hipoxemia
A hipoxemia pode ser classificada de acordo com seu mecanismo fisiopatológico:
- Hipoxêmica (verdadeira): falha na troca gasosa pulmonar (ex: pneumonia, SDRA).
- Hipercápnica: associada à retenção de CO₂ (ex: DPOC).
- Anêmica: redução do conteúdo de hemoglobina funcional (ex: anemias graves).
- Circulatória: falha na perfusão tecidual (ex: choque séptico).
- Histotóxica: os tecidos não conseguem utilizar o oxigênio (ex: intoxicação por cianeto).
Principais sintomas da hipoxemia
Os sintomas podem variar conforme a gravidade e velocidade de instalação:
- Sintomas iniciais: cansaço, dor de cabeça, tontura, sonolência, confusão mental.
- Quadros agudos: dispneia intensa, taquicardia, sudorese, cianose (lábios e extremidades arroxeadas), perda de consciência.
- Formas crônicas: falta de ar aos pequenos esforços, baqueteamento digital (dedos em baqueta), tolerância progressiva à hipoxemia.
Sinais de hipoxemia em populações especiais
- Idosos: podem apresentar apenas sonolência ou confusão.
- Crianças: irritabilidade, gemência e recusa alimentar.
- Gestantes: hipoxemia pode prejudicar o feto sem manifestar sintomas graves na mãe.
- Hipoxemia silenciosa: notável em pacientes com COVID-19, onde há dessaturação sem sintomas perceptíveis.
Métodos de avaliação e diagnóstico da hipoxemia
A avaliação da hipoxemia começa com métodos simples e pode incluir exames laboratoriais mais complexos:
Percentual de Saturação da Hb (SatO2):
A saturação de hemoglobina é um indicador crucial, representando a porcentagem de hemoglobina que está transportando oxigênio, pode ser aferida de forma não invasiva pela oximetria de pulso, ou invasiva pela gasometria arterial. Valores normais geralmente variam entre 95-100%, e quedas significativas indicam hipoxemia.
Pressão Parcial de O2 no Sangue (PaO2):
Este parâmetro avalia a pressão do oxigênio dissolvido no sangue arterial. Valores normais situam-se em torno de 80-100 mmHg. O valor ideal da PaO2 correlaciona-se com a idade do paciente (PaO2 ideal =109 – 0,43 x idade). Quedas indicam uma possível hipoxemia.
Relação PaO2/FiO2:
Essa relação é particularmente útil em pacientes em ventilação mecânica. Calculada dividindo-se a pressão arterial de oxigênio (PaO2) pela fração inspirada de oxigênio (FiO2), ela fornece insights sobre a eficiência da troca gasosa nos pulmões. O valor esperado para um paciente hígido é uma relação > 300.
Gradiente Alvéolo-Arterial de O2 (G A-a):
Mede a diferença entre a pressão alveolar de oxigênio e a pressão arterial de oxigênio, através da fórmula PAO2 = (FiO2 x [Patm – PH2O]) – (PaCO2 / R). Valores elevados sugerem uma possível hipoxemia devido a problemas de difusão nos pulmões (valores abaixo de 10 mmHg são considerados normais).
Diagnóstico de hipoxemia
- Oximetria de pulso: método rápido, não invasivo, usado para triagem (SpO₂).
- Gasometria arterial: padrão-ouro. Mede a PaO₂, pH, PaCO₂ e outros parâmetros importantes.
- Radiografia de tórax e tomografia: ajudam na investigação das causas subjacentes.
- Exames complementares: ecocardiograma, função pulmonar, exames laboratoriais.
Qual o tratamento para hipoxemia?
O tratamento deve ser direcionado para:
1. Corrigir a hipoxemia de forma imediata.
2. Tratar a causa subjacente.
Oxigenoterapia e estratégias ventilatórias para hipoxemia
- Cateter nasal: 1-6 L/min (FiO₂ ~24-40%).
- Máscara de Venturi ou com reservatório: FiO₂ mais precisa e elevada.
- Cânula nasal de alto fluxo (CNAF): indicada em hipoxemias moderadas a graves.
- Ventilação não invasiva (VNI): BiPAP/CPAP em casos selecionados.
- Ventilação mecânica invasiva: necessária em casos de falência respiratória.
Tratamento das causas subjacentes de hipoxemia
- Antibióticos para pneumonia.
- Diuréticos na insuficiência cardíaca.
- Anticoagulação para embolia pulmonar.
- Corticosteróides ou imunossupressores para doenças inflamatórias pulmonares.
- Reabilitação respiratória e uso de CPAP ou BiPAP na apneia do sono.
Complicações da hipoxemia não tratada
- Sistema nervoso central: confusão, coma, sequelas neurológicas.
- Sistema cardiovascular: arritmias, hipertensão pulmonar, sobrecarga ventricular direita.
- Rins: lesão renal aguda por hipoperfusão.
- Outros órgãos: falência múltipla de órgãos, acidose metabólica.
- Casos graves: risco de parada cardiorrespiratória e morte.
Prevenção da hipoxemia em pacientes de risco
- Monitoramento contínuo: em UTIs e enfermarias.
- Fisioterapia respiratória e incentivadores respiratórios.
- Posicionamento adequado (ex.: pronação em SDRA).
- Controle de doenças crônicas pulmonares e cardíacas.
- Educação do paciente para identificar sinais precoces.
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