Hipoxemia: saiba sintomas, causas, diagnóstico e tratamentos

0
4994
Imagem mostrando um oxímetro de dedo detectando o nível de oxigenação com destaque na palavra Hipoxemia, condição relacionada à baixa oxigenação do sangue, importante na avaliação médica.
A hipoxemia, condição caracterizada pela baixa concentração de oxigênio no sangue, é um aspecto crítico na avaliação de pacientes

Hipoxemia é a baixa concentração de oxigênio no sangue arterial, uma condição grave que compromete a oxigenação dos tecidos e pode colocar a vida em risco. Sua identificação é essencial em cenários clínicos e emergenciais, pois está associada a diversas patologias pulmonares, cardíacas e sistêmicas

Neste artigo, você vai entender o que é a hipoxemia, suas principais causas, sintomas, diagnóstico, tipos, complicações e as formas de tratamento disponíveis.

Entendendo a importância da identificação precoce da hipoxemia

Reconhecer precocemente a hipoxemia permite intervir antes que ocorram danos aos órgãos vitais. Isso é ainda mais relevante em contextos como internações, urgências e no acompanhamento de pacientes com doenças respiratórias. Para compreender melhor, é essencial diferenciar dois conceitos semelhantes:

Qual a diferença entre hipóxia e hipoxemia?

  • Hipoxemia: redução da quantidade de oxigênio no sangue arterial.
  • Hipóxia: redução da oxigenação nos tecidos do corpo.

Ambas podem ocorrer de forma isolada ou simultânea. Por exemplo:

  • Um paciente com embolia pulmonar pode apresentar hipoxemia grave sem sinais imediatos de hipóxia tecidual.
  • Já um indivíduo com anemia severa pode ter hipóxia mesmo com níveis normais de oxigênio no sangue.

A hipercapnia (aumento de CO₂ no sangue) pode acompanhar a hipoxemia, especialmente em doenças com hipoventilação, como DPOC ou apneia do sono.

Principais causas da hipoxemia

As causas podem ser divididas em categorias, conforme o mecanismo fisiopatológico e a condição de base:

Causas pulmonares

  • Pneumonia: inflamação e preenchimento alveolar dificultam a troca gasosa.
  • SDRA (síndrome do desconforto respiratório agudo): lesão pulmonar difusa com colapso alveolar .
  • Fibrose pulmonar: espessamento das membranas alveolares reduz a difusão do oxigênio.
  • DPOC: obstrução crônica e destruição dos alvéolos.
  • Embolia pulmonar: bloqueio da perfusão em áreas ventiladas do pulmão.
  • Apneia obstrutiva do sono: hipoventilação noturna recorrente.

Causas cardíacas

  • Insuficiência cardíaca esquerda: edema pulmonar por pressão hidrostática elevada .
  • Cardiopatias congênitas com shunt direita-esquerda: como na síndrome de Eisenmenger.

Causas hematológicas

  • Anemia grave: reduz a capacidade de transporte de O₂, gerando hipóxia com hipoxemia leve ou ausente.
  • Meta-hemoglobinemia: alteração estrutural da hemoglobina que impede o transporte adequado de oxigênio.

Outros mecanismos

  • Hipoventilação alveolar: redução da entrada de ar nos pulmões (ex.: neuromusculares, obesidade grave).
  • Alterações na relação ventilação-perfusão: má distribuição do fluxo sanguíneo em áreas mal ventiladas.

Classificação dos tipos de hipoxemia

A hipoxemia pode ser classificada de acordo com seu mecanismo fisiopatológico:

  • Hipoxêmica (verdadeira): falha na troca gasosa pulmonar (ex: pneumonia, SDRA).
  • Hipercápnica: associada à retenção de CO₂ (ex: DPOC).
  • Anêmica: redução do conteúdo de hemoglobina funcional (ex: anemias graves).
  • Circulatória: falha na perfusão tecidual (ex: choque séptico).
  • Histotóxica: os tecidos não conseguem utilizar o oxigênio (ex: intoxicação por cianeto).

Principais sintomas da hipoxemia

Os sintomas podem variar conforme a gravidade e velocidade de instalação:

  • Sintomas iniciais: cansaço, dor de cabeça, tontura, sonolência, confusão mental.
  • Quadros agudos: dispneia intensa, taquicardia, sudorese, cianose (lábios e extremidades arroxeadas), perda de consciência.
  • Formas crônicas: falta de ar aos pequenos esforços, baqueteamento digital (dedos em baqueta), tolerância progressiva à hipoxemia.

Sinais de hipoxemia em populações especiais

  • Idosos: podem apresentar apenas sonolência ou confusão.
  • Crianças: irritabilidade, gemência e recusa alimentar.
  • Gestantes: hipoxemia pode prejudicar o feto sem manifestar sintomas graves na mãe.
  • Hipoxemia silenciosa: notável em pacientes com COVID-19, onde há dessaturação sem sintomas perceptíveis.

Métodos de avaliação e diagnóstico da hipoxemia

A avaliação da hipoxemia começa com métodos simples e pode incluir exames laboratoriais mais complexos:

Percentual de Saturação da Hb (SatO2):

A saturação de hemoglobina é um indicador crucial, representando a porcentagem de hemoglobina que está transportando oxigênio, pode ser aferida de forma não invasiva pela oximetria de pulso, ou invasiva pela gasometria arterial. Valores normais geralmente variam entre 95-100%, e quedas significativas indicam hipoxemia.

Pressão Parcial de O2 no Sangue (PaO2):

Este parâmetro avalia a pressão do oxigênio dissolvido no sangue arterial. Valores normais situam-se em torno de 80-100 mmHg. O valor ideal da PaO2 correlaciona-se com a idade do paciente (PaO2 ideal =109 – 0,43 x idade). Quedas indicam uma possível hipoxemia.

Relação PaO2/FiO2:

Essa relação é particularmente útil em pacientes em ventilação mecânica. Calculada dividindo-se a pressão arterial de oxigênio (PaO2) pela fração inspirada de oxigênio (FiO2), ela fornece insights sobre a eficiência da troca gasosa nos pulmões. O valor esperado para um paciente hígido é uma relação > 300.

Gradiente Alvéolo-Arterial de O2 (G A-a):

Mede a diferença entre a pressão alveolar de oxigênio e a pressão arterial de oxigênio, através da fórmula PAO2 = (FiO2 x [Patm – PH2O]) – (PaCO2 / R). Valores elevados sugerem uma possível hipoxemia devido a problemas de difusão nos pulmões (valores abaixo de 10 mmHg são considerados normais).

Diagnóstico de hipoxemia

  • Oximetria de pulso: método rápido, não invasivo, usado para triagem (SpO₂).
  • Gasometria arterial: padrão-ouro. Mede a PaO₂, pH, PaCO₂ e outros parâmetros importantes.
  • Radiografia de tórax e tomografia: ajudam na investigação das causas subjacentes.
  • Exames complementares: ecocardiograma, função pulmonar, exames laboratoriais.

Qual o tratamento para hipoxemia?

O tratamento deve ser direcionado para:

1. Corrigir a hipoxemia de forma imediata.

2. Tratar a causa subjacente.

Oxigenoterapia e estratégias ventilatórias para hipoxemia

  • Cateter nasal: 1-6 L/min (FiO₂ ~24-40%).
  • Máscara de Venturi ou com reservatório: FiO₂ mais precisa e elevada.
  • Cânula nasal de alto fluxo (CNAF): indicada em hipoxemias moderadas a graves.
  • Ventilação não invasiva (VNI): BiPAP/CPAP em casos selecionados.
  • Ventilação mecânica invasiva: necessária em casos de falência respiratória.

Tratamento das causas subjacentes de hipoxemia

  • Antibióticos para pneumonia.
  • Diuréticos na insuficiência cardíaca.
  • Anticoagulação para embolia pulmonar.
  • Corticosteróides ou imunossupressores para doenças inflamatórias pulmonares.
  • Reabilitação respiratória e uso de CPAP ou BiPAP na apneia do sono.

Complicações da hipoxemia não tratada

  • Sistema nervoso central: confusão, coma, sequelas neurológicas.
  • Sistema cardiovascular: arritmias, hipertensão pulmonar, sobrecarga ventricular direita.
  • Rins: lesão renal aguda por hipoperfusão.
  • Outros órgãos: falência múltipla de órgãos, acidose metabólica.
  • Casos graves: risco de parada cardiorrespiratória e morte.

Prevenção da hipoxemia em pacientes de risco

  • Monitoramento contínuo: em UTIs e enfermarias.
  • Fisioterapia respiratória e incentivadores respiratórios.
  • Posicionamento adequado (ex.: pronação em SDRA).
  • Controle de doenças crônicas pulmonares e cardíacas.
  • Educação do paciente para identificar sinais precoces.

Como a MedCof te prepara para ser um médico mais completo?

Quer alcançar a aprovação nas provas de residência médica? Então você precisa conhecer o Grupo MedCof!
Sendo um MedCofer, te ajudaremos na busca da aprovação com conteúdos de qualidade e uma metodologia que já aprovou mais de 10 mil residentes no país!