

A hipoglicemia neonatal é comum nas primeiras horas de vida e resulta de uma queda fisiológica nos níveis de glicose, devido à imaturidade metabólica do recém-nascido.
Conceitos
A definição da hipoglicemia neonatal é complexa pelo fato de que é a mais comumente encontrada na clínica neonatal, especialmente nas primeiras horas após o nascimento. Ela é causada por uma redução fisiológica da glicemia de recém-nascidos, atingindo uma mediana de 55 mg/dl, devido a uma maior necessidade cerebral de glicose e imaturidade hormonal e enzimática.
Entretanto, é necessário vigiar os neonatos que apresentam hipoglicemia, especialmente os grupos de risco: prematuros, filhos de mãe diabética, pequenos para idade gestacional (PIG) e os grandes para a idade gestacional (GIG).
Podemos definir a hipoglicemia a partir dos seguintes valores:
- Até 48 horas de vida: < 50 mg/dL;
- De 48 a 72 horas de vida:< 60 mg/dL;
- > 72 horas de vida: < 70mg/dL;
Triagem
Os sinais e sintomas que nos guiam a iniciar a triagem do neonato em condição de hipoglicemia são:
- Letargia ou sonolência;
- Hipotonia;
- Bradicardia
- Tremores;
- Irritabilidade;
- Dificuldade na alimentação (sucção fraca, dificuldade a coordenação da mamada ou cansaço durante a amamentação);
- Choro excessivo;
- Desconforto respiratório, Apneia e/ou Cianose;
- Convulsões;
Além disso, mesmo assintomáticos, os bebês dentro do grupo de risco devem passar pela triagem de glicemia capilar.

A medição da glicemia é realizada após a primeira mamada (que deve ocorrer dentro de uma hora após o nascimento) ou entre 60 e 120 minutos de idade se a primeira mamada foi adiada. Para bebês sintomáticos a aferição deve ser imediata!
FIQUE ATENTO!
É preconizado dosar a glicemia plasmática para a confirmação da hipoglicemia, pois a glicemia capilar aferida pelo glicosímetro pode apresentar de 10% a 15% inferior à glicemia plasmática.
Etiologia
Após o clampeamento do cordão, há uma natural queda da glicose, já que o neonato agora vai produzir a glicemia recebida por via parental. Por isso, percebemos um aumento dos hormônios contrarreguladores (glucagon e insulina) fazendo com que ocorra a glicogenólise e a gliconeogênese. Para manter a glicemia adequada é necessário que os bebês mantenham o equilíbrio entre produção hepática e consumo energético até que utilizem glicose da dieta. Mas se a glicemia plasmática se mantiver abaixo dos níveis saudáveis (acima mencionados) o desenvolvimento cerebral pode ser seriamente afetado.
Portanto, podemos classificar a hipoglicemia em dois grupos:
- Transitória: de algumas horas até 3 dias (mais da metade são transitórios e assintomáticos!)
- Persistente: mais que 3 dias
A hipoglicemia geralmente está relacionada à transição metabólica do recém-nascido, entretanto 35% desses eventos estão associados com outros episódios como:
- Hiperinsulinismo congênito;
- Insuficiência adrenal primária;
- Galactosemia;
- Erros inatos do metabolismo:
- Distúrbio da glicogenólise;
- Distúrbio da gliconeogênese;
- Distúrbios do metabolismo dos aminoácidos;
- Distúrbios do metabolismo dos ácidos graxos.
Manejo
Como os casos de hipoglicemia podem estar relacionadas a outras doenças metabólicas, para um correto manejo é primordial coletar uma história detalhada sobre gestação e parto, além de um exame físico minucioso, em busca de descartar a presença de SEPSE NEONATAL, visto que é uma condição que frequentemente cursa com hipoglicemia.
Quando fazer a investigação etiológica?
A maioria das sociedades recomendam que RNs que apresentam hipoglicemia por mais de 7 dias e/ou a necessidade da taxa de infusão de glicose maior que 10mg/kg/min, deve-se iniciar a investigação etiológica, coletando inclusive amostra crítica no momento da hipoglicemia, para auxílio diagnóstico.

A alimentação precoce e frequente é muitas vezes a primeira linha de tratamento. No entanto, em casos mais graves ou persistentes, pode ser necessária a administração intravenosa de glicose ou outras intervenções.
Curiosidade: Estudos recentes mostraram que gel de dextrose massageado na mucosa oral pode ser eficaz no manejo de hipoglicemia assintomática em bebês prematuros.
Além disso, em casos de hipoglicemia sintomática, na presença de glicemia < 40 mg/dL, deve-se realizar imediatamente um push de glicose a 10% na dose de 2 a 4ml/kg, seguida de infusão contínua de venóclise com TIG de 5 a 8 mg/kg/minuto.
Monitoramento
Após o tratamento inicial, é fundamental monitorar continuamente os níveis de glicose no sangue e avaliar a resposta do bebê às intervenções.

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