A importância da Vitamina D no desenvolvimento infantil

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Criança sorridente sentada à mesa segurando um garfo, comendo uma refeição saudável com vegetais ao fundo de um ambiente iluminado e colorido, com estante contendo brinquedos e livros.
Fonte: Canva.
Criança sorridente sentada à mesa segurando um garfo, comendo uma refeição saudável com vegetais ao fundo de um ambiente iluminado e colorido, com estante contendo brinquedos e livros.
Fonte: Canva.

As novas tendências alimentares infantis nos direcionam a lembrar as recomendações mais recentes sobre a profilaxia e tratamento para a deficiência de vitamina D.

Conceitos-chave 

A vitamina D é uma vitamina lipossolúvel que desempenha um papel crucial na absorção de cálcio e fósforo, contribuindo para a formação e manutenção de ossos saudáveis, ela é obtida a partir da síntese cutânea, após exposição de raios solares (90% da fonte de vitamina D) e pela ingestão de alimentos (os 10% restantes são provenientes de fontes alimentares).

A deficiência de vitamina D é caracterizada por níveis inadequados dessa vitamina no corpo,  provocando uma diminuição de absorção de cálcio e fósforo, associado a alteração do balanço de paratormônio (PTH) e fosfatase alcalina.

Ilustração da anatomia topográfica da tireoide e das paratireoides, mostrando sua posição em relação à laringe, traqueia e o nervo laríngeo inferior.
Anatomia topográfica da Tireoide e das Paratireoides. | Fonte: Acervo de Ilustrações do Grupo MedCof. 

Quando nos referimos especificamente a Pediatria e seus pacientes, vemos que a deficiência de vitamina D em crianças pode apresentar uma variedade de sintomas, incluindo fraqueza muscular, dor óssea, atraso no crescimento, baixa densidade mineral óssea e, em casos graves, raquitismo. Além do risco global devido a insuficiente exposição à luz solardieta pobre em vitamina D, para a maioria da população pediátrica, existem fatores de risco adicionais que podem repercutir numa atenção maior para investigação e tratamento da hipovitaminose D.

Principais causas e grupos de riscoMecanismo da deficiência
– Gestantes com hipovitaminose D
– Prematuridade
Diminuição da transferência
materno-fetal
– Exposição solar inadequada
– Pele escura
– Protetor solar
– Roupas que cubram quase todo o corpo
– Poluição atmosférica
– Latitude
Diminuição da síntese
cutânea
– Aleitamento materno exclusivo
– Lactentes que ingerem menos de 1 litro/dia de fórmula
láctea fortificada com vitamina D
– Dieta pobre em vitamina D
– Dieta vegetariana
Diminuição da ingesta
– Síndromes de má absorção (p. ex., doença celíaca, doença
inflamatória intestinal, fibrose cística, síndrome do
intestino curto, cirurgia bariátrica)
Diminuição da absorção
intestinal
– Hepatopatia crônica
– Nefropatia crônica
Diminuição da síntese
– ObesidadeSequestro da vitamina D
no tecido adiposo
– Medicamentos: anticonvulsivantes (p. ex., fenobarbital, fenitoína, carbamazepina, oxcarbazepina, primidona) corticoides, antifúngicos azólicos (p. ex., cetoconazol),
antirretrovirais (ritonavir), colestiramina, orlistate, rifampicina, espironolactona, nifedipina
Mecanismos variados:
diminuição da absorção
e/ou aumento da degradação
Hipovitaminose D em Pediatria: Diagnóstico, tratamento e prevenção – atualização. Quadro 2. Grupos de risco e principais causas de hipovitaminose D | Fonte: SBP 2024.

Profilaxia

A profilaxia é indicada para todos os grupos de alto risco de hipovitaminose, e inclusive, na pediatria, a profilaxia está indicada inclusive no período perinatal.

Em geral, além das indicações de banho de sol e ingestão de alimentos ricos em vitamina D, a principal forma de profilaxia é a suplementação oral do metabólito colecalciferol, ou, vitamina D3 devido ao seu perfil de maior atividade.

Aqui no blog, você consegue conferir as mais recentes atualizações de suplementação de vitamina D!

Tratamento

O tratamento será instituído na identificação da hipovitaminose D, que deve ser investigado na presença de suspeita clínica ou em grupos de alto risco (citados anteriormente).

Não há consenso estabelecido sobre os níveis de corte da hipovitaminose, por isso, trouxemos uma tabela mostrando os principais consensos internacionais:

Quadro 3. Tabela Definição da suficiência de vitamina D em crianças e adolescentes (1 ng/mL = 2,5 nmol/L)13-15.
Diagnósticos American Academy of Pediatrics Endocrine Society
Clinical Practice Guideline Global Consensus on Prevention and
Management of Nutritional Rickets
Níveis séricos de 25-OH-vitamina D (ng/mL)
Suficiência 21-100 30-100 >20
Insuficiência 16-20 21-29 12-20
Deficiência <15 <20 < 12
Toxicidade >150 >100 >100
Critérios diagnósticos sobre suficiência de vitamina D em crianças e adolescentes segundo três entidades, com níveis de suficiência, insuficiência, deficiência e toxicidade. | Fonte: SBP, 2024.

Existem várias recomendações sobre o tratamento da hipovitaminose, dependendo da guideline adotada, alguns princípios que precisamos ter em mente é:

  • A dose cumulativa é mais importante do que a frequências das doses ( 2000 UI/dia = 14 000 UI/semana = 45000 UI/mês)
  • Estima-se que para cada 100 UI de vitamina D suplementada obtém-se um aumento de 0,7-1,0ng/mL nos níveis séricos da vitamina D

A suplementação do cálcio deve ser adicionada ao tratamento de todo paciente com diagnóstico de raquitismo, já que a ingestão insuficiente desse mineral pode induzir o catabolismo de vitamina D.

Podemos e fazer a suplementação do cálcio com: 

  • Carbonato de cálcio ( 1g = 400mg de cálcio elementar): Opção de escolha!
  • 30-80 mg/Kcal/dia, de cálcio elementar, VO, 8/8 horas, junto das refeições;
  • Citrato de cálcio** (1g = 211mg de cálcio elementar): pacientes em acloridria ou uso de IBP.
  • 30-80 mg/Kcal/dia, de cálcio elementar, VO, 8/8 horas.
  • Gluconato de Cálcio IV (1g = 90mg de cálcio elementar): restrito para tratamento de tetania e convulsão.
  • 10-20 mg/Kcal/dose, EV, lento, em 5-15 minutos.

Monitoramento

Deve ser realizado a cada 3 meses do tratamento, até o paciente alcançar os níveis de suficiência, em geral > 20 ng/mL de 25(OH)D. Nos casos de raquitismo importante acompanhar os níveis de cálcio, fósforo, magnésio, fosfatase alcalina e PTH, adicionalmente.

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