Crise de asma: fisiopatologia, quadro clínico e manejo

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Relembre neste artigo como classificar e tratar a asma, bem como o que envolve um quadro de asma não controlada, parcialmente ou controlada.

A crise de asma é uma exacerbação aguda da asma, caracterizada por estreitamento reversível das vias aéreas, que pode levar à insuficiência respiratória se não for tratada rapidamente. Afeta milhões de brasileiros e é responsável por mais de 350 mil internações anuais, segundo o Ministério da Saúde, sendo considerada uma emergência médica potencialmente grave.

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Fisiopatologia da crise de asma

A asma é uma doença inflamatória crônica com episódios de piora aguda. Durante a crise, ocorrem alterações fisiopatológicas que comprometem o fluxo aéreo:

  • Hiperresponsividade brônquica a estímulos como alérgenos, vírus e poluentes;
  • Inflamação da mucosa brônquica, com infiltração de células inflamatórias;
  • Broncoconstrição, resultando na redução do calibre das vias aéreas;
  • Edema da mucosa, dificultando ainda mais a ventilação;
  • Aumento da secreção de muco, obstruindo o fluxo aéreo.

Esses fatores provocam a obstrução reversível das vias aéreas, responsável pelos sintomas da crise.

Fonte: https://drpereira.com.br/?page_id=60

Quadro clínico e sinais de gravidade

A crise pode variar de leve a grave. O reconhecimento dos sinais de alerta é essencial para a conduta adequada.

Sintomas típicos:

  • Dispneia;
  • Tosse;
  • Sibilância;
  • Sensação de aperto torácico.

Sinais de gravidade:

  • Uso da musculatura acessória para respirar;
  • Fala entrecortada ou dificuldade para completar frases;
  • Cianose;
  • Rebaixamento do sensório;
  • Silêncio auscultatório;
  • Taquipnéia intensa e agitação.

Classificação da gravidade da crise de asma

A estratificação da crise orienta o manejo na emergência:

LeveModeradaGrave
Frequência respiratóriaAumentadaAumentadaAumentada
Frequência cardíacaNormalAumentadaAumentada
ConsciênciaNormal/agitadoAgitadoAgitado
Esforço musculatura
AcessóriaNãoSimSim
FalaNormalFrasesPalavras
DispnéiaAndarFalarEm repouso não alimenta
Sentar/deitarConsegue deitarPrefere sentarCurva-se para frente
SibilosExpiratóriosIns e expiratóriosSilêncio
PFE após Bd>80%60-80%<60%
SpO₂>95%91-95%<90%
PaCO₂NormalNormal>45mmHg
Fonte: Revista Médica de Minas Gerais – https://rmmg.org/artigo/detalhes/1256

Manejo da crise de asma na emergência

O tratamento visa reverter a obstrução das vias aéreas e garantir oxigenação adequada.

Protocolo de abordagem inicial

  1. Avaliação clínica rápida (FR, SatO₂, PFE, sensório);
  2. Oxigenoterapia se SatO₂ < 94%;
  3. Broncodilatadores de curta ação;
  4. Corticoide sistêmico;
  5. Monitorização contínua dos sinais vitais e reavaliação após 20 minutos;
  6. Considerar sulfato de magnésio EV em crises graves.

Quando indicar suporte ventilatório?

A necessidade de VNI ou IOT surge em pacientes com risco de exaustão respiratória.

Indicações de VNI (ventilação não invasiva):

  • Hipoxemia persistente com SatO₂ < 90%;
  • Dispneia grave com esforço respiratório;
  • Alerta e colaborativo.

Indicações de IOT (intubação orotraqueal):

  • Rebaixamento do nível de consciência;
  • Exaustão respiratória evidente;
  • Hipoxemia refratária à VNI e oxigenoterapia;
  • Silêncio auscultatório e deterioração clínica.

Fatores desencadeantes e prevenção de novas crises

Conhecer os gatilhos da crise é essencial para o controle da asma.

Fatores desencadeantes:

  • Infecções respiratórias virais;
  • Exposição e alérgenos (ácaros, pólen, pelos de animais);
  • Poluição e fumaça de cigarro;
  • Mudanças climáticas;
  • Exercício intenso e estresse emocional.

Medidas de prevenção:

  • Controle ambiental (higienização e ventilação do ambiente);
  • Adesão ao tratamento de manutenção (corticoide inalatório);
  • Plano de ação escrito;
  • Vacinação atualizada (Influenza, Covid-19, pneumococo);
  • Educação do paciente sobre sintomas e condutas.

Complicações associadas à crise de asma

Crises não tratadas adequadamente podem evoluir para complicações graves:

  • Insuficiência respiratória aguda;
  • Pneumotórax;
  • Acidose respiratória;
  • Necessidade de intubação orotraqueal (IOT);
  • Parada respiratória e óbito.

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