Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial 

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hipertensão arterial sistêmica
hipertensão arterial sistêmica

Vamos discutir a importância de como devemos classificar e proceder corretamente em cada caso de Hipertensão Arterial! 

Pontos-chave 

No dia 26 de abril, celebramos o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial (HAS), uma data crucial para reforçar a conscientização sobre um dos principais fatores de risco modificáveis para doenças cardiovasculares (DCV), doença renal crônica (DRC) e morte prematura. Como médicos, é essencial estarmos atualizados sobre o diagnóstico, tratamento e manejo da HAS, tanto no ambiente ambulatorial quanto em situações de emergência.

Diagnóstico e Classificação da HAS

O diagnóstico da HAS ambulatorial envolve a aferição da pressão arterial (PA) em duas consultas, com valores ≥ 140 x 90 mmHg. Em casos de medida isolada, uma PA ≥ 180 x 110 mmHg já levanta suspeita. A HAS mascarada, caracterizada por níveis pressóricos normais no consultório, mas elevados no MAPA (Medida Ambulatorial da PA) ou MRPA (Medida Residencial da PA), e a HA do avental branco, com PA elevada no consultório e normal fora dele, exigem atenção especial.

Ilustração de uma pessoa sentada corretamente para medir a pressão arterial, com orientações detalhadas sobre postura: costas recostadas, pés apoiados no chão, braço à altura do coração com manguito ajustado, e lembrete para calibração do aparelho. Foco no diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica.
Modo correto de aferição da pressão ambulatorial. | Fonte: Acervo de ilustrações do Grupo MedCof. 

É fundamental classificar a HAS como primária ou secundária. Alguns grupos compõem os de Risco para HAS primária ou secundária, impondo uma atenção redobrada na pesquisa deles, sendo esses: 

Tabela informativa listando os fatores de risco de hipertensão arterial sistêmica associados ao alto risco cardiovascular. Destacam-se idade avançada, histórico familiar de doenças cardiovasculares precoces, sexo masculino, tabagismo, dislipidemia (altos níveis de LDL, baixos níveis de HDL e colesterol total elevado), diabetes melito e obesidade com IMC maior que 30 kg/m². A disposição direta e clara facilita o entendimento das causas mais comuns de hipertensão.
Fatores de risco da hipertensão arterial sistêmica e sua relação com o risco cardiovascular. | Fonte: Acervo de ilustrações Grupo MedCof.

A HAS secundária, causada por uma doença de base, deve ser investigada em pacientes com HA estágio 3 antes dos 30 ou após os 55 anos, HAS resistente (necessidade de mais de 3 drogas para controle) ou refratária (mais de 5 drogas), uso de medicações associadas à hipertensão, suspeita de feocromocitoma ou SAHOS (síndrome da apneia/hipopneia obstrutiva do sono), assimetria ou ausência de pulsos em membros inferiores e hipocalemia espontânea ou induzida por diuréticos. As principais causas de HAS secundária incluem SAHOS, estenose bilateral de artérias renais, coarctação de aorta, feocromocitoma, hiper e hipotireoidismo, hiperaldosteronismo primário e síndrome de Cushing.

A imagem é uma ilustração médica que apresenta as principais características físicas e alterações associadas à síndrome de Cushing em um corpo feminino. A figura destaca, com anotações e setas, as seguintes características: Face de "lua cheia": O rosto é arredondado e levemente avermelhado. Acúmulo de gordura no dorso: Presença da chamada "corcova de búfalo". Pele fina: Costuma ser mais transparente e suscetível a ferimentos. Estrias vermelhas: Evidentes no abdome em formato de "pêndulo". Atrofia muscular: Notada nos antebraços e pernas finos. Tendência a equimoses (manchas roxas): Pele apresenta facilidade para desenvolvimento de hematomas. Má cicatrização de feridas: Dificuldade no processo regenerativo da pele. Osteoporose: Representada por uma coluna curvada ao lado da figura. Alcalose por hipercalemia: Representada na imagem com um tubo de ensaio com sangue.
Sinais e sintomas da síndrome de Cushing. | Fonte: Acervo de ilustrações do Grupo MedCof.

Estratificação de Risco Cardiovascular

A estratificação do risco cardiovascular (RCV) é crucial para guiar o tratamento. Devemos pesquisar ativamente lesões em órgãos-alvo, como hipertrofia ventricular esquerda (HVE) no ECG, disfunção renal (dosagem de creatinina e TFG) e microalbuminúria ou relação albumina/creatinina na urina. A realização do Índice Tornozelo Braquial (ITB) para detectar Doença Arterial Obstrutiva Periférica (DAOP) e o exame de fundo de olho para retinopatia hipertensiva também são importantes.

Exame de fundo de olho revelando  retinopatia hipertensiva moderada, caracterizada por artérias estreitas e retas, hemorragias intra retinianas e exsudatos amarelos duros. | Fonte: MSD Manual.

Tratamento Não Farmacológico

O tratamento não farmacológico é a base do manejo da HAS. As medidas incluem:

  • Controle de peso: é essencial manter o IMC < 25 kg/m2 até 65 anos e < 27 kg/m2 após 65 anos, com a circunferência abdominal < 80 cm em mulheres e < 94 cm em homens.
  • Padrão alimentar: orientamos o paciente a adotar a dieta DASH, rica em frutas, vegetais, laticínios com baixo teor de gordura e pobre em gorduras saturadas e colesterol.
  • Restrição do consumo de sódio: como potencial íon elevador da pressão, devemos orientar o paciente a limitar o consumo diário de sódio para 2,0 g (5 g de cloreto de sódio).
  • Moderação no consumo de álcool: sugerimos ao paciente limitar o consumo diário a 1 dose para mulheres e pessoas com baixo peso, e 2 doses para homens.
  • Atividade física: é fundamental realizar pelo menos 150 minutos por semana de atividade física moderada, complementada por treinamento resistido. Além disso, é preciso reduzir o comportamento sedentário, levantando-se por 5 minutos a cada 30 minutos sentado.

Tratamento Farmacológico

O tratamento farmacológico de primeira linha inclui IECA/BRA, diuréticos tiazídicos (DIU) e bloqueadores de canal de cálcio (BCC). A escolha inicial depende do estágio da HAS e do RCV. Em estágios 2 ou 3 (PAS 160 – 179 e/ou PAD 100-109), iniciar com duas medicações em doses otimizadas.

Fluxograma detalhado do manejo clínico da hipertensão arterial sistêmica, incluindo monoterapia inicial para pacientes idosos ou de risco baixo, progressão para combinação de dois ou três fármacos, manejo de hipertensão resistente com o uso de espironolactona, e estratégia para hipertensão refratária com medicações adicionais. O fluxograma destaca o uso de IECA, BRA, BBC, DIU, BB e outras drogas complementares, conforme o grau de hipertensão e a resposta ao tratamento. Ideal para orientação no controle do risco cardiovascular.
Fluxograma de manejo farmacológico, adaptado de Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Barroso et al. | Fonte: Acervo de ilustrações do Grupo MedCof.
  • IECA: Inibem a enzima conversora de angiotensina I, aumentando a bradicinina. Efeitos adversos incluem tosse seca, angioedema e hipercalemia. Contraindicados na gravidez e em casos de K+ > 5,5.
  • BRA: Bloqueiam os receptores AT1 da angiotensina II. Efeitos adversos incluem hipercalemia e contraindicação na gravidez. Não associar BRA e IECA.
  • DIU: Reduzem o volume circulante e a resistência vascular periférica. Clortalidona é mais potente que hidroclorotiazida. Efeitos adversos incluem hiperuricemia, hipocalemia e aumento do risco de DM tipo 2.
  • BCC: Reduzem a resistência vascular periférica. Anlodipino e nifedipino são os principais representantes. Efeitos adversos incluem edema maleolar, cefaleia e tontura.

Em caso de HAS resistente, associar espironolactona. Se a meta não for alcançada com 4 fármacos, adicionar betabloqueadores, simpatolíticos centrais, alfabloqueadores ou vasodilatadores.

Crises Hipertensivas

As crises hipertensivas são divididas em pseudocrise, urgência hipertensiva (PA ≥ 180×120 com sintomas, mas sem lesão de órgão-alvo), emergência hipertensiva (PA ≥ 180×120 com lesão de órgão-alvo) e HAS crônica não controlada. A emergência hipertensiva requer tratamento imediato com nitroprussiato de sódio EV em sala de emergência.

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