
O Esôfago de Barrett (EB) é uma condição que todo residente em gastroenterologia ou cirurgia geral deve conhecer bem!
Introdução
Caracterizada pela substituição do epitélio escamoso normal do esôfago por epitélio colunar, muitas vezes com metaplasia intestinal, o EB é uma complicação da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) e é um fator de risco para adenocarcinoma esofágico.
Fisiologia
Em termos simples, o EB é uma resposta do corpo à agressão repetitiva do ácido gástrico ao esôfago. Essa agressão leva a uma metaplasia, onde as células escamosas normais são substituídas por células colunares, semelhantes às encontradas no intestino. Endoscopicamente, essa alteração se manifesta como áreas de coloração salmão na mucosa esofágica.
Fatores de Risco
- DRGE: O principal culpado. Pacientes com DRGE crônica têm maior probabilidade de desenvolver EB.
- Obesidade Central: A obesidade, especialmente a abdominal, aumenta o risco.
- História Familiar: A predisposição genética desempenha um papel.
- Tabagismo: Mais um motivo para aconselhar seus pacientes a parar de fumar.
Fatores Protetores
- Etnia Negra: Indivíduos de ascendência africana parecem ter um risco menor
- Infecção por H. pylori: Surpreendentemente, a infecção por H. pylori pode ter um efeito protetor.
- Consumo Moderado de Vinho: Alguns estudos sugerem que o consumo moderado de vinho pode ser protetor.
Diagnóstico
O diagnóstico de EB requer uma combinação de achados endoscópicos e histopatológicos. Durante a Endoscopia Digestiva Alta (EDA), procure por áreas de mucosa com coloração salmão. A confirmação diagnóstica, no entanto, depende da biópsia.
Protocolo de Seattle: Este protocolo envolve a coleta de quatro biópsias a cada 2 cm em áreas suspeitas de metaplasia intestinal. Um diagnóstico bem feito é primordial para diferenciar outras patologias como a Acalasia.
Classificação
A classificação do EB é crucial para o acompanhamento e tratamento. As duas formas principais são:
- Comprimento:
- Barrett Ultracurto: < 1 cm.
- Barrett Curto: < 3 cm.
- Barrett Longo: > 3 cm .
- Classificação de PRAGA:
A classificação de PRAGA (Circunferencial e Máxima Extensão) é amplamente utilizada por endoscopistas. Ela descreve a extensão circunferencial (C) e a extensão máxima vertical (M) da metaplasia em centímetros. Por exemplo, um EB classificado como C3M5 indica uma extensão circunferencial de 3 cm e uma extensão máxima de 5 cm.

Tratamento
O tratamento do EB visa controlar os sintomas, prevenir a progressão para adenocarcinoma e tratar quaisquer displasias presentes.
- Inibidores da Bomba de Prótons (IBPs): Todos os pacientes com EB devem receber IBP indefinidamente para reduzir a agressão ácida ao esôfago.
- Cirurgia Antirrefluxo: A fundoplicatura de Nissen pode ser considerada em pacientes refratários ao tratamento com IBP ou com aumento do tamanho do EB6.
Já o tratamento endoscópico pode ser feito por mucosectomia (com remoção da mucosa afetada) ou ablação por radiofrequência (com a utilização de energia de radiofrequência para destruir o tecido displásico).
Seguimento
O seguimento endoscópico regular é essencial para detectar e tratar a displasia em estágios iniciais.
- Sem Displasia: EDA a cada 3 anos.
- Displasia de Baixo Grau: Confirmar com dois patologistas. Considerar mucosectomia ou ablação por radiofrequência. EDA a cada 6 meses após otimização do tratamento clínico.
- Displasia de Alto Grau: Mucosectomia ou ablação por radiofrequência.
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