
A febre reumática é uma doença inflamatória sistêmica que surge como resposta imune tardia a uma faringoamigdalite causada pela bactéria Streptococcus pyogenes.
Os principais sintomas incluem febre persistente, dor nas articulações e sinais cardíacos, podendo causar lesões graves e permanentes, especialmente nas válvulas do coração. O tratamento envolve antibióticos, anti-inflamatórios e profilaxia prolongada para evitar recaídas.
O que causa a febre reumática?
A febre reumática é desencadeada por uma infecção prévia na garganta. As principais causas são:
- Infecção por Streptococcus pyogenes (grupo A): causa amigdalite bacteriana não tratada ou tratada de forma inadequada.
- Predisposição genética: nem todas as pessoas infectadas desenvolvem a doença; há fatores genéticos envolvidos.
- Resposta imune cruzada: a proteína M do estreptococo se assemelha a tecidos humanos, levando o sistema imunológico a atacar articulações, coração, cérebro e pele.
- Baixas condições socioeconômicas: maior prevalência em populações com acesso limitado a serviços de saúde e em ambientes com aglomeração.
Quais são os sintomas da febre reumática?
Os sintomas da febre reumática variam conforme os órgãos afetados e podem surgir de 2 a 4 semanas após uma infecção de garganta.
Febre alta e persistente
A febre costuma ultrapassar 38,5ºC, sendo um dos principais sinais da doença. É comum surgir acompanhada de mal-estar e pode ser confundida com outras infecções. A persistência da febre após uma faringite requer avaliação médica.
Dor nas articulações (artrite migratória)
A dor acomete principalmente joelhos, tornozelos, cotovelos e punhos, de forma intensa e migratória. A articulação inflamada melhora espontaneamente em alguns dias, mas outra é acometida em seguida. É um sintoma frequente e importante para o diagnóstico.
Cansaço excessivo e fraqueza
O paciente pode apresentar fadiga intensa, mesmo em repouso, associada a falta de ar. Quando associada à cardite, o quadro tende a ser mais grave e exige atenção médica urgente.
Movimentos involuntários (coreia de Sydenham)
Movimentos rápidos e descoordenados, que afetam principalmente mãos, pés e rosto. Costuma surgir meses após a infecção e pode ser confundida com distúrbios neurológicos. Piora com estresse e desaparece durante o sono.
Sopro cardíaco ou dor no peito
Presença de sopro na ausculta cardíaca pode indicar inflamação das válvulas do coração. Dor torácica e palpitações são comuns em casos de cardite reumática e devem ser avaliadas com ecocardiograma.
Manchas vermelhas na pele (eritema marginado)
Lesões róseas e não pruriginosas, com centro claro e bordas vermelhas, geralmente no tronco e raiz dos membros. Raras, mas típicas da doença quando presentes.
Como é feito o diagnóstico da febre reumática?

O diagnóstico é clínico, baseado nos critérios de Jones modificados e evidência de infecção estreptocócica prévia:
- Anamnese: histórico de dor de garganta recente, febre, artrite, coreia ou sintomas cardíacos.
- Exame físico: busca por sopros cardíacos, eritemas, movimentos involuntários e dor articular.
- Aplicação dos critérios de Jones:
- 2 critérios maiores ou
- 1 critério maior + 2 menores
- evidência de infecção por Streptococcus (ASLO elevado, cultura positiva etc.).
Qual exame detecta a febre reumática?
Os exames mais usados para apoiar o diagnóstico são:
- ASLO: detecta infecção recente por estreptococo;
- PCR e VHS: indicam inflamação ativa;
- Ecocardiograma com Doppler: avalia presença de cardite, inclusive subclínica;
- Eletrocardiograma: pode mostrar alterações no intervalo PR;
- Cultura de orofaringe ou teste rápido para estreptococo: útil nas fases iniciais.
Qual o tratamento para a febre reumática?
O tratamento varia conforme a gravidade e os órgãos acometidos:
- Erradicação da infecção: penicilina benzatina (dose única intramuscular);
- Artrite: anti-inflamatórios não hormonais como ibuprofeno ou naproxeno;
- Cardite: corticoides (prednisona) em casos moderados a graves;
- Coreia: haloperidol, ácido valpróico ou carbamazepina;
- Insuficiência cardíaca: diuréticos, IECA e, em casos graves, digoxina;
- Repouso relativo ou absoluto, dependendo do grau da cardite.
Profilaxia da febre reumática
A profilaxia da febre reumática consiste em medidas preventivas que visam evitar o desenvolvimento da doença ou impedir novas crises em quem já foi diagnosticado. Ela é fundamental para reduzir o risco de lesões cardíacas permanentes, especialmente em crianças e adolescentes.
Existem dois tipos principais: a profilaxia primária, que previne o primeiro episódio da doença, e a profilaxia secundária, que evita recorrências em pacientes já acometidos.
Ambas envolvem o uso de antibióticos para combater ou impedir infecções por Streptococcus pyogenes, a bactéria responsável por desencadear a febre reumática.
Profilaxia primária
Tratamento imediato da faringite estreptocócica com:
- Penicilina G benzatina (IM, dose única)
- Alternativas para alérgicos: eritromicina, azitromicina ou clindamicina
Profilaxia secundária
Após o diagnóstico de febre reumática, o paciente deve receber penicilina benzatina a cada 21 dias, por pelo menos:
- 5 anos ou até os 21 anos (sem cardite)
- 10 anos ou até os 25 anos (com cardite leve)
- Por tempo indefinido (com lesão valvar grave)
Como a febre reumática é transmitida?

Segundo o Manual MSD para profissionais de saúde, a febre reumática não é contagiosa, mas a faringite estreptocócica que a antecede, sim. O contágio ocorre por gotículas respiratórias. Portanto, tratar adequadamente a amigdalite é a principal forma de prevenção.
A febre reumática é perigosa?
Sim. A principal complicação é a cardiopatia reumática crônica, que pode levar a:
- Insuficiência cardíaca;
- Estenose valvar;
- Necessidade de cirurgia cardíaca;
- Morte precoce em casos graves.
Cerca de 39 milhões de pessoas têm doença cardíaca reumática no mundo, com 300 mil mortes anuais. A prevenção precoce é essencial para reduzir esses números.
Quantos anos vive uma pessoa com febre reumática?
Com tratamento e profilaxia adequados, a expectativa de vida pode ser normal. Já em casos não tratados, as lesões cardíacas progridem, reduzindo significativamente a expectativa de vida. A adesão à profilaxia de longo prazo é determinante para a qualidade e tempo de vida do paciente.
Como o MedCof pode ajudar nos seus estudos?
Quer alcançar a aprovação nas provas de residência médica? Então você precisa conhecer o Grupo MedCof!
Sendo um MedCofer, te ajudaremos na busca da aprovação com conteúdos de qualidade e uma metodologia que já aprovou mais de 10 mil residentes no país!