Hipertensão ou Pré-eclâmpsia: Qual o diagnóstico da minha paciente? 

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Imagem: Canva.
Imagem: Canva.

Os distúrbios hipertensivos durante a gestação representam uma das comorbidades mais abordadas nas provas de residência, dada a sua estreita relação com o aumento da mortalidade materno-fetal global. 

Por que estudar os distúrbios hipertensivos na gestação?

Como os valores normais de pressão arterial têm sido bastante discutidos na atualidade, reconhecer as nuances entre Hipertensão Crônica e Pré-Eclâmpsia na gestação podem contribuir para um diagnóstico precoce e estratégias de prevenção mais eficazes apesar das mudanças sofridas nos conceitos.

Contudo, estudos destacam a elevação nos desfechos adversos maternos em mulheres com distúrbios hipertensivos na gestação. Diante desse cenário preocupante, a aplicação da regra dos 4 P torna-se imperativa:

  1. Prevenção
  2. Precocidade no Diagnóstico
  3. Parto Oportuno 
  4. Puerpério Seguro

Fisiopatologia da Pré-Eclâmspia

O desafio no diagnóstico reside na diferenciação entre hipertensão crônica não diagnosticada e pré-eclâmpsia. Compreender a fisiopatologia é crucial. 

A pré-eclâmpsia está associada ao defeito na segunda onda de invasão trofoblástica, ocorrendo aproximadamente na 20ª semana, desencadeando fatores antiangiogênicos, estresse oxidativo e disfunção endotelial sistêmica, culminando nos sinais e sintomas característicos.

Fisiopatologia da pré-eclâmpsia explicada com desenhos didáticos: imagem mostra a insuficiência placentária causada pela falha no remodelamento das artérias espiraladas; lesões vasculares com liberação de citocinas inflamatórias; hipertensão; síndrome HELLP (hemólise, enzimas hepáticas elevadas e baixa contagem de plaquetas); proteinúria e o tratamento definitivo com parto. Ideal para entender as alterações sistêmicas dessa condição gestacional.
Ilustração da fisiopatologia da pré-eclâmpsia | Fonte: Acervo de ilustrações do Grupo MedCof. 

Como diagnosticar a hipertensão crônica?

O diagnóstico da hipertensão crônica na gestação ocorre por história de hipertensão prévia, ou presença de PAS ≥ 140 mmHg e/ou PAD ≥ 90 mmHg em 2 ocasiões antes das 20 semanas.Por outro lado, o diagnóstico de pré-eclâmpsia ocorre quando hipertensão e proteinúria surgem após 20 semanas de gestação em gestante previamente normotensa.

Entretanto, quando a gestante é vista após a 20 semana de gestação sem acompanhamento prévio, o diagnóstico diferencial torna-se mais difícil. Entretanto existe algumas informações que podem servir de informações que podem auxiliar a diferenciar, com pode ser visto abaixo

Pré-Eclâmpsia Hipertensão Crônica 
Idade Extremos >35
Paridade Primagesta Multigesta 
Início de hipertensão >20 semanas Pode ser observada < 20 semanas
Hipertensão no pós-partoMelhora nas primeiras 6 semanasPersiste após o parto e puerpério
FundoscopiaEdema na retina/Espasmo arteriolarAlterações crônicas ateroscleróticas
ProteinúriaAumentadaPode ser mínima ou aumentada
Ácido Úrico> 4,5mg/dLNormal
Calciúria< 100mg/24h> 100 mg/24h

Diferenciar a hipertensão crônica da pré-eclâmpsia demanda uma análise criteriosa. Ao considerar sinais, sintomas e avaliações específicas, é possível orientar estratégias preventivas e terapêuticas mais direcionadas, contribuindo para uma gestação mais saudável.

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