Interpretando o coração do bebê: o uso da Cardiotocografia para garantir o bem-estar Fetal

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Imagem: Canva.
Imagem: Canva.

A cardiotocografia (CTG) desempenha um papel crucial na monitorização do bem-estar fetal, especialmente durante o trabalho de parto.

O que é a cardiotocografia?

A cardiotocografia é uma ferramenta de monitoramento fetal que avalia a frequência cardíaca fetal, fornecendo uma visão sensível e altamente preditiva de eventos relacionados à hipoxemia aguda.

Qual a importância de realizá-la? 

Este exame é particularmente relevante em gestações de alto risco ou com complicações periparto. Estudos indicam que a avaliação intraparto do bem-estar fetal está associada a menores taxas de mortalidade fetal, destacando seu papel orientador das decisões prévias ao parto.

Quando indicar cardiotocografia?

A CTG está indicada em diversos cenários, incluindo condução e indução do trabalho de parto, após analgesia, presença de mecônio espesso, sangramento vaginal atípico, atividade uterina anormal, alterações na frequência cardíaca fetal ao sonar, redução de movimentação fetal, aumento da pressão arterial materna e gestações com mais de 34 semanas para gestantes com comorbidades ou 37 semanas para as demais.

Principais Parâmetros e como Interpretá-los

A cardiotocografia avalia a frequência cardíaca fetal ao longo de aproximadamente 20 minutos, fornecendo dados valiosos sobre a capacidade do feto de se adaptar a alterações. Os principais parâmetros incluem:

  • Linha de base: vai informar a média dos batimentos cardíacos fetais por minuto.
    • Normal: 110 a 160 bpm.
    • Taquicardia: acima de 160 bpm por pelo menos 10 minutos.
    • Bradicardia: abaixo de 110 bpm por pelo menos 10 minutos.
Fonte: https://pin.it/35AONB2sv 
  • Presença de acelerações transitórias;
  • Acelerações: Aumento abrupto de pelo menos 15 bpm da linha de base com duração de ≥15 segundos (se < 32 sem é definida como aumento de pelo menos 10bpm em 10 seg), geralmente associada ao movimento fetal. É considerada prolongada se dura mais de 2 minutos;
  • Desacelerações: Queda da frequência cardíaca que pode ser periódica (associadas à contrações), episódicas (sem associação com contração), intermitentes (ocorre em < 50% das contrações) ou recorrentes (em > 50% das contrações).
    • DIP 1/ Precoce/ Cefálica / Fisiológica : associada a compressão do polo cefálico durante a contração uterina, em que o nadir da desaceleração coincide com o ápice da contração.
    • DIP 2/ Tardia/ Placentária: associada a redução do fluxo sanguíneo placentário que ocorre durante a contração, iniciam após o ápice da contração. Quando persistentes, significam insuficiência placentária.
    • DIP 3/ Variável/ Umbilical: associada a compressão temporária do cordão umbilical, podem ocorrer a qualquer momento, geralmente tem início e fim abruptos, com morfologia diversa;
  • Contrações: Normal até 5 contrações em 10 minutos ou Taquissistolia se 6 ou mais contrações.
Alterações no ECG intrauterino. Fonte: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK557393/ 

Fique atento! Existe ainda o padrão sinusoidal da variabilidade, em que tem-se 3 a 5 ondas regulares por minuto em forma de sino, de pequena amplitude, que persiste por 20 minutos, geralmente associado a anemia fetal grave.

Quais são as condutas a partir da avaliação dos parâmetros da cardiotocografia?

A partir da avaliação da cardiotocografia, há a classificação dos achados encontrados em 3 categorias:

  • Categoria 1: CTG sem anormalidades, sem necessidade de intervenção. Todos abaixo devem estar presentes
    • Linha de base – 110-160 bpm
    • Variabilidade moderada
    • Sem desacelerações tardias ou variáveis
    • Com ou sem desacelerações precoces ou acelerações transitórias
Cardiotocografia na categoria tipo 1. Fonte: Matter Groupe http://sistema.meuplantaomedico.com/app/webroot/files/protocol/file_1661637933749 
  • Categoria 3: CTG com sinais de hipoxemia e acidose fetal, exige medidas de ressuscitação fetal, manutenção de monitoramento fetal e resolução da gestação por via mais rápida.
    • Presença de Variabilidade ausente e presença de pelo menos 1 dos critérios abaixo:
      • Desacelerações tardias repetidas (≥50%);
      • Desacelerações variáveis repetidas (≥50%)
    • OU Padrão sinusoidal.
Cardiotocografia de categoria tipo 3. Fonte: Matter Groupe. http://sistema.meuplantaomedico.com/app/webroot/files/protocol/file_1661637933749 
  • Categoria 2: CTG que não se enquadra na categoria 1 ou 3, a conduta vai depender da gravidade das manifestações.
    • Sem aceleração e/ou variabilidade, fazer traçado longo (40 min) e estimulação fetal, se manter, iniciar medidas de ressuscitação fetal, se mantiver alterações, resolução da gestação pela via mais rápida.
    • Presença de aceleração e variabilidade: deve-se manter monitoramento e individualizar as condutas.
Cardiotocografia tipo 2. Fonte: Matter Groupe. http://sistema.meuplantaomedico.com/app/webroot/files/protocol/file_1661637933749 

Confira um fluxograma que reúne essas informações:

Disponível em:https://medicalsuite.einstein.br/pratica-medica/Pathways/Avaliacao-de-Vitalidade-Fetal.pdf)

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