Entenda tudo sobre a Leptospirose

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Imagem: Canva.
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A leptospirose é uma doença infecciosa causada por bactérias do gênero Leptospira, transmitida principalmente pela urina de animais infectados, como ratos, e que pode levar a sintomas graves se não tratada adequadamente.

O que causa a Leptospirose?

Como mencionado anteriormente, a leptospirose é causada pela bactéria Leptospira, transmitida pela urina de animais, como os ratos. 

Imagem de Microscópio Eletrônico da bactéria Leptospira. Fonte: Google Images

A infecção pode ocorrer quando a pele, especialmente se houver cortes ou feridas, entra em contato com água, solo ou alimentos contaminados. Inundações e ambientes com saneamento inadequado aumentam o risco de transmissão.

Além disso, outras formas de transmissão ocorrem através do contato com sangue, tecido ou órgãos infectados, ingestão de água ou alimentos contaminados, transmissão acidental em laboratório.

Epidemiologia da Leptospirose

Esta zoonose é endêmica no Brasil e se torna epidêmica em períodos de chuva, principalmente em zonas metropolitanas que estão sujeitas a grandes conglomerados populacionais e enchentes.

Existem também ocupações de risco que deve-se estar atento: 

  • Trabalhadores em limpeza e desentupimento de esgotos;
  • Garis;
  • Catadores de lixo;
  •  Agricultores; 
  • veterinários; 
  • Tratadores de animais; 
  • Pescadores; 
  • Magarefes; 
  • Laboratoristas; 
  • Militares e bombeiros.

Quando suspeitar de leptospirose?

A leptospirose deve sempre ser suspeitada diante de uma história epidemiológica positiva associada a manifestações clínicas compatíveis com esta zoonose.

Como ocorrem as manifestações clínicas da Leptospirose?

As manifestações clínicas possuem um padrão variado. O período de incubação vai de 1 a 30 dias, e o paciente pode apresentar quadro assintomático a quadros graves e complicados.

As manifestações relacionadas à leptospirose são subdivididas em duas etapas, a fase precoce (leptospirêmica) e fase tardia (imune).

  1. Fase precoce

A fase precoce é caracterizada com febre abrupta, acompanhada por cefaleia, mialgia, anorexia, náuseas e vômitos, dificilmente diferenciada de outras doenças febris.

Um dos achados que devem nos alertar é a presença de um rash que pode se apresentar como eritema macular, papular, urticariforme ou purpúrico, distribuídos no tronco ou região pré-tibial. Outro sinal característico é a sufusão conjuntival, que acomete cerca de 30% dos pacientes, caracterizado com edema e hiperemia da conjuntiva, como você pode ver abaixo.

Manifestações diferenciais da leptospirose. Fonte: Google imagens

Na maioria dos casos dos pacientes nessa fase, não é diagnosticada a leptospirose, e por ser, em grande parte, autolimitada, costuma a ser considerada como uma síndrome gripal.

Entretanto com a progressão o paciente pode começar a apresentar petéquias e sinais de hemorragia, associado à mialgia intensa, principalmente em lombar e panturrilha.

  1. Fase tardia

Cerca de 15% dos pacientes com leptospirose vão apresentar uma evolução com maior gravidade da doença, apesar da maioria dos casos os sinais de gravidade ocorrerem após a primeira semana da doença, alguns pacientes podem apresentar os sinais antes.

FIQUE ATENTO!

 A Síndrome de Weil,  é a manifestação clássica da leptospirose caracterizada pela TRÍADE:

  • Icterícia rubínica (tom alaranjado intenso) – 3-7° dia da doença;
  • Insuficiência renal não oligúrica e hipocalcemica, que pode evoluir com IRA oligúrica pré-renal;
  • Hemorragia, geralmente pulmonar: lesão pulmonar aguda + sangramento pulmonar maciço a;

Apesar de se ter a tríade clássica, é cada vez mais frequente encontrar pacientes com Insuficiência renal aguda associado a hemorragia pulmonar maciça em pacientes ANICTÉRICOS!! 

O acometimento pulmonar é um preditor de gravidade para pacientes com leptospirose e pode apresentar de forma ampla: Tosse seca, dispneia; Expectoração hemoptoica; Dor torácica; Cianose; Hemoptise franca e súbita: pode levar à síndrome da hemorragia pulmonar aguda e síndrome da angústia respiratória aguda, como também ao óbito inclusive dentro das primeiras 24h de internação.

Outras complicações que podem estar associadas à leptospirose são:

  • Miocardite;
  • Pancreatite;
  • Distúrbios hidroeletrolíticos;
  • Anemia;
  • Distúrbios neurológicos: confusão, delírio, alucinações e sinais de irritação meníngea. Pode causar meningite asséptica, encefalite, paralisias focais, espasticidade, nistagmo, convulsões, distúrbios visuais de origem central, neurite periférica, paralisia de nervos cranianos, radiculite, síndrome de Guillain-Barré e mielite.

Sintomas da Leptospirose

Os sintomas da leptospirose podem variar de sinais leves, facilmente confundidos aos da gripe, a outros mais graves. Contudo, à medida que ela progride, sinais adicionais podem surgir, como icterícia (amarelamento da pele e olhos), insuficiência renal e sangramento. Confira outros sintomas presentes:

  • Febre alta;
  • Dor de cabeça;
  • Dor muscular;
  • Calafrios;
  • Vômitos; 
  • Diarreia;
  • Olhos vermelhos;
  • Pele e olhos amarelos.

Como diagnosticar a Leptospirose?

O diagnóstico começa pela investigação laboratorial que se dá pela coleta de Hemograma, EAS, Eletrólitos, Bioquímica hepática, Função Renal, Hemoculturas (para leptospira e para aeróbios) e Sorologias para Leptospira.

Achados característicos:

  • No hemograma:
    • Anemia normocrômica: queda de Hb e Ht que pode ser indicativo de sangramento precoce;
    • Plaquetopenia;
    • Leucocitose, neutrofilia e desvio à esquerda;
  • Gasometria arterial: acidose metabólica e hipoxemia;
  • Hiperbilirrubinemia: com predomínio de fração direta;
  • Elevação de aminotransferases (geralmente < 500 UI/dL), podendo estar TGO > TGP.
  • FA e GGT, normais ou elevadas.
  • CPK elevada
  • Alteração da função renal: aumento da Ureia e Creatinina;
  • Distúrbios do potássio: hipo ou hipercalemia;
  • No EAS: baixa densidade urinária, proteinúria, hematúria microscópica e leucocitúria;
  • Coagulograma: Atividade de protrombina diminuída ou tempo de protrombina alargado ou normal;
  • Rx de tórax: infiltrado alveolar ou lobar, bilateral ou unilateral, congestão e SAR.
Fluxograma completo para diagnóstico e manejo clínico de pacientes com suspeita de leptospirose. Inclui orientações iniciais, critérios de avaliação clínica (febre, cefaleia, mialgia e exposição a áreas alagadas), sinais de alerta (dispneia, alterações urinárias, hemorragias, hipotensão e outros), e encaminhamentos específicos, como exames laboratoriais, uso de antibióticos (doxiciclina ou amoxicilina), e acompanhamento pela Vigilância Epidemiológica. Ideal para profissionais de saúde e clínicos gerais.
Fluxograma detalhado para manejo clínico de pacientes com suspeita de leptospirose | Acervo de ilustrações do Grupo MedCof

Testes específicos

O diagnóstico pode ser fechado a partir da verificação de IGM positivo para leptospira no método ELISA, ou reação do teste de aglutinação MAT, realizados pelo LACEN (Laboratórios Centrais de Saúde Pública).

Tratamento da Leptospirose

O tratamento da leptospirose geralmente inclui:

  • Antibióticos: Como a doxiciclina ou a penicilina, administrados sob orientação médica para combater a infecção.
  • Hidratação: Manter-se hidratado para ajudar na recuperação.
  • Cuidados hospitalares: Em casos graves, pode ser necessário internamento para receber suporte intensivo.

O tratamento precoce é essencial para evitar complicações, por isso, é importante procurar um médico ao suspeitar da doença.

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