Guia de atualização GOLD 2026

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Uma estratégia baseada em evidências, o protocolo GOLD é o meio fundamental de orientação quanto ao diagnóstico, manejo e prevenção da Doença Pulmonar Obstrutiva Coronariana (DPOC).

O que esperar de novo? 

No final desse ano de 2025, o relatório GOLD introduziu 330 novas referências e 14 novas figuras que reestruturam todo o manejo da DPOC. Dentre as principais mudanças, damos destaque às modificações na classificação para escolha do tratamento, o conceito de atividade da doença, os fármacos utilizados e novas indicações, por fim o rastreamento e prevenção com novas recomendações. 

Classificação GOLD 

O ano de 2026 trará a grande novidade de uma nova forma de classificação da DOC. No lugar da ABCD que analisava as crises diária e anuais do paciente em um limiar de exacerbações, entra a atual ABE que tem como objetivo uma tolerância zero para exacerbações. A nova classificação se enquadra assim: 

  • Grupo A (Assintomático/Pouco Sintomático): Paciente apresenta pouca falta de ar (mMRC 0-1) e pouco impacto na vida (CAT < 10); além de ter histórico de 0 exacerbações moderadas ou graves. Em linhas gerais é aquele paciente que diz “eu canso só quando corro”, mas leva uma vida normal.
  • Grupo B (Sintomático): Aqueles pacientes que apresentam mais falta de ar (mMRC ≥ 2) ou maior impacto na rotina (CAT ≥ 10) e que tem histórico de  0 exacerbações moderadas ou graves. Esse é o paciente que sente falta de ar ao caminhar no plano ou subir um lance de escada, mas que não costuma ir ao pronto-socorro com crises.

Eixo Superior: Alto Risco (Grupo E)

Aqui está a mudança de 2026. Anteriormente (até 2025), o paciente precisava ter duas exacerbações moderadas para subir para este nível. Agora, o critério é mais rigoroso.

  • Grupo E (Exacerbador): Pacientes apresentam qualquer nível (pode ser muito ou pouco sintomático, o risco dita a conduta), no seu histórico existe ≥ 1 exacerbação moderada (que exigiu antibiótico/corticoide oral) ou ≥ 1 exacerbação grave (hospitalização). O Significado do “E”: Vem de “Exacerbator” (Exacerbador), pois representa um paciente instável. Independente de como ele se sente hoje, o fato de ter tido uma única crise moderada/grave no último ano já o coloca em alto risco de ter outra ou de perder função pulmonar.

Conceito Novo 

A nova diretriz adiciona formalmente o conceito de Atividade da Doença que mostra que o objetivo do tratamento passa a ser alcançar o  “estado de baixa Atividade da Doença”, ou seja, caracterizado pela ausência de exacerbações. Isso é uma mudança significativa que sai de “controlar sintomas” para “eliminar os eventos agudos”. 

Inovações do Tratamento Farmacológico 

A atualização enfatiza uma distinção que antes ficava um pouco implícita e agora é regra absoluta: não tratamos paciente “virgem” de tratamento da mesma forma que tratamos quem já usa bombinha.

A. Tratamento Inicial (Pacientes Naïve)

  • Para o paciente que acabou de receber o diagnóstico e nunca usou medicação de manutenção.
  • A escolha aqui é baseada puramente na classificação GOLD A, B ou E (que discutimos antes).
    • O objetivo é tirar o paciente da “zona de risco” imediatamente. Se ele é Grupo E (exacerbador), já iniciamos com terapia dupla (LABA+LAMA) ou até tripla se houver eosinofilia, sem “perder tempo” com monoterapia.

B. Tratamento de Seguimento (Follow-up)

  • Para o paciente que volta ao seu consultório já usando medicação.
  • Aqui, a classificação ABE perde a importância. O guia agora oferece algoritmos de “tratos tratáveis” baseados em dois fenótipos principais:
    1. Fenótipo Dispneico: O paciente continua com falta de ar? -> O foco é otimizar a broncodilatação (trocar dispositivo, checar adesão, escalonar para LABA+LAMA).
    2. Fenótipo Exacerbador: O paciente continua tendo crises? -> O foco é a inflamação. Aqui entram os Corticoides Inalatórios (ICS) e, agora, os Biológicos.

Resumindo, O GOLD 2026 reforça que “revisar” (checar a técnica inalatória e adesão) vem antes de “ajustar” a dose!

Rastreamento e Prevenção 

O GOLD 2026 mantém a posição de que não se recomenda espirometria generalizada (screening populacional) para assintomáticos sem risco. O foco é o Case-Finding (Busca Ativa de Casos). A lógica de rastreamento segue a linha: 

  • Identificação do risco (tabagismo? exposição a biomassa? poluentes ocupacionais?);
  • Triagem de sintomas (com questionários rápido de triagem – CAPTURE ou o COPD-PS);
  • Confirmação diagnóstica (o objetivo é encontrar os Missing Millions – pacientes não diagnosticados- antes que tenham a primeira exacerbação grave).
Leia mais em: Nova terapia para DPOC chega ao Brasil e reduz crises em 52%

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