Entenda sobre as infecções na gravidez

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A gravidez traz consigo uma série de desafios, e o manejo adequado de infecções é crucial para a saúde da mãe e do feto. O rastreamento, diagnóstico e tratamento de infecções como sífilis, toxoplasmose e HIV são fundamentais no pré-natal de alto risco.

Quais são as principas infecções na gravidez?

Quando falamos do público de gestantes, temos um grupo de pacientes que merecem uma atenção maior em diversas áreas médicas, uma delas é a infectologia. Algumas infecções podem ser muitas perigosas para a gestante e o feto, por isso vamos explorar os detalhes delas: 

Sífilis

A sífilis é uma infecção sistêmica crônica causada pela bactéria espiroqueta Treponema pallidum. A transmissão pode ocorrer por contato sexual ou por via transplacentária, que é conhecida como transmissão vertical. Quanto mais avançada a gestação, maior a probabilidade de infecção congênita devido à maior permeabilidade da barreira placentária.

As manifestações clínicas se dividem em fases:

Sífilis primária

Ocorre cerca de duas a seis semanas após o contágio. É caracterizada pelo cancro duro, uma úlcera indolor de bordas elevadas e fundo limpo.

Sífilis secundária

Geralmente surge de 45 a 60 dias após o desaparecimento do cancro. Os sintomas incluem rash máculo-papular (inclusive em palmas e plantas), febre baixa, dor de cabeça e linfadenopatia.

Rash maculo-papular nas palmas das mãos. Fonte: https://doi.org/10.1590/S0365-05962006000200002 

Fase latente

Período entre as lesões da sífilis secundária e terciária. Pode ser recente (até 1 ano de infecção) ou tardia (mais de 1 ano).

Sífilis terciária

Estágio final da doença. Pode causar lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares (aortite e aneurisma) e neurológicas.

Lesão cutânea de sífilis terciária. Fonte: https://doi.org/10.1590/S0365-05962006000200002 

A sífilis congênita pode causar hepatomegalia, trombocitopenia, anemia, pneumonia e ascite no feto. Manifestações neonatais incluem exantema bolhoso, icterícia, tíbia em sabre e dentes de Hutchinson.

Dentes de Hutchinson em criança com manifestações de sífilis congênita.  Fonte:Folha de Paraguaçu https://folhadeparaguacu.com.br/dentes-de-hutchinson/ 

O diagnóstico é feito por testes treponêmicos (como o FTA-Abs e testes rápidos, que detectam anticorpos específicos) e testes não treponêmicos (como o VDRL, que detectam anticorpos anticardiolipina). O rastreamento na gestante é recomendado na primeira consulta de pré-natal, no início do terceiro trimestre e no momento do parto.

O tratamento de escolha é a penicilina benzatina, a única droga comprovadamente efetiva para o feto. As dosagem seguem uma ordem de aplicação: 

  • Infecção recente (até 1 ano de duração): Dose única de 2.400.000 UI, dividida em duas injeções de 1.200.000 UI em cada glúteo.
  • Infecção tardia (mais de 1 ano): 7.200.000 UI divididos em três aplicações semanais de 2.400.000 UI.

O intervalo entre as doses deve ser de sete dias. Se a gestante apresentar atraso superior a nove dias, é necessário repetir o esquema terapêutico completo. Após o tratamento, o VDRL deve ser realizado mensalmente. A resposta adequada é uma queda de duas diluições em 3 meses, ou quatro diluições em 6 meses. A persistência de títulos baixos (1:1 a 1:4) após um ano de tratamento é chamada de cicatriz sorológica.

Toxoplasmose

A toxoplasmose é causada pelo Toxoplasma gondii, cujo hospedeiro definitivo é o gato. A transmissão ocorre por ingestão de alimentos ou água contaminada, ou contato com fezes de gatos. A transmissão vertical é mais fácil de ocorrer no terceiro trimestre, mas o risco de comprometimento fetal é menor quanto mais avançada for a gestação.

O diagnóstico se baseia na sorologia, avaliando os anticorpos IgG e IgM.

  • IgG-/IgM-: A gestante é suscetível, e a sorologia deve ser repetida mensalmente ou a cada dois meses.
  • IgG+/IgM-: A gestante é imune por uma infecção prévia.
  • IgG+/IgM+: Indica infecção aguda ou antiga. Se a gestação for inferior a 16 semanas, o teste de avidez do IgG é necessário para determinar o tempo da infecção. Alta avidez indica infecção antiga.

O tratamento inicial na suspeita de infecção é a espiramicina para reduzir o risco de transmissão vertical. Se a gestação for de 16 semanas ou mais, inicia-se o esquema tríplice com pirimetamina + sulfadiazina + ácido folínico e a paciente é encaminhada ao pré-natal de alto risco.

HIV

O principal fator de transmissão vertical do HIV é a carga viral (CV). O rastreamento é recomendado na primeira consulta pré-natal, no início do terceiro trimestre e no momento do parto. A Terapia Antirretroviral (TARV) é recomendada para todas as gestantes que vivem com HIV.

O manejo do parto é determinado pela carga viral (CV) na 34ª semana de gestação:

  •  CV > 1.000 cópias/mL na 34ª semana ou uso inadequado de TARV: Cesárea eletiva com 38 semanas. O AZT EV deve ser administrado por, pelo menos, três horas antes da cesárea.
  • Em uso de TARV e CV < 1.000 cópias/mL: Via de parto obstétrica (parto vaginal).
  • CV indetectável: Não necessita de AZT intraparto.

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