
Quando se fala em anestesia regional, um elemento que vem ganhando cada vez mais protagonismo é o ultrassom. E não é à toa. A tecnologia trouxe uma verdadeira revolução à prática anestésica, principalmente no que diz respeito à segurança, precisão e controle. Hoje, não dá mais para pensar em bloqueios periféricos ou neuroaxiais sem considerar o apoio da imagem ao vivo. O ultrassom deixou de ser um “plus” e passou a ser um verdadeiro aliado estratégico.
Visualizando com precisão: o diferencial do USG
O grande trunfo do ultrassom está na sua capacidade de permitir que o anestesista veja exatamente o que está fazendo. A punção às cegas, guiada apenas por referências anatômicas e pela experiência, dá lugar a uma abordagem em que nervos, vasos, músculos e planos são identificados em tempo real. Isso reduz complicações como punções vasculares, aumenta a taxa de sucesso e permite o uso de menores volumes de anestésico local, o que também diminui o risco de toxicidade.
Do plexo braquial ao ciático: uma jornada pelo corpo
Nos membros superiores, por exemplo, o bloqueio do plexo braquial é um clássico. A abordagem infraclavicular, guiada por ultrassom, permite um bloqueio estável e seguro, ideal para procedimentos do cotovelo à mão. É uma técnica especialmente útil quando se deseja manter o braço ao lado do corpo, o que melhora o conforto no pós-operatório. Além disso, o risco de bloqueio do nervo frênico, comum em outras abordagens, é minimizado.
Nos membros inferiores, os bloqueios do nervo femoral, ciático e obturador oferecem alternativas mais seletivas e menos invasivas do que a tradicional raquianestesia. Embora a raqui ainda seja amplamente utilizada, ela nem sempre é a melhor escolha, principalmente em pacientes com contraindicações ou quando se deseja preservar a função motora. Os bloqueios periféricos, além de oferecerem excelente analgesia pós-operatória, apresentam menor impacto hemodinâmico e menos efeitos colaterais.
Técnicas para o abdome: TAP e QL blocks
A analgesia da parede abdominal também ganhou força com o uso do ultrassom. O TAP block, simples e eficaz, oferece boa cobertura sensitiva para procedimentos como cesáreas, apendicectomias e herniorrafias. Já o QL block vai além: com um alcance mais profundo e duradouro, consegue até atuar sobre a dor visceral em algumas técnicas. Ambos são boas opções para controle da dor no pós-operatório, especialmente quando se busca reduzir o uso de opioides.
Neuroeixo com visão: segurança em primeiro plano
O uso do ultrassom não se limita aos bloqueios periféricos. Quando falamos de anestesia do neuroeixo, o recurso ganha ainda mais relevância. Em pacientes com anatomia difícil, como obesos ou escolióticos, a identificação dos espaços interespinhosos pode ser um desafio. O SpineBlock, nome dado ao uso do USG na anestesia central, facilita a localização da linha média, a visualização de estruturas importantes e a estimativa da profundidade até o LCR. Isso se traduz em menos tentativas, menos dor para o paciente e muito mais segurança.
Conclusão
Dominar o uso do ultrassom em anestesia regional é, hoje, uma competência essencial. Seja para realizar bloqueios com maior eficiência ou para reduzir riscos e complicações, a imagem em tempo real se tornou uma extensão dos olhos do anestesista. E quanto mais cedo você começar a se familiarizar com essas técnicas, mais preparado estará para a prática clínica e para os desafios da residência médica. Afinal, quem vê, faz melhor.
Conheça o MedCof Nervus e revolucione suas habilidades de anestesiologia
Seja um MedCofer!
Quer garantir a sua aprovação nas provas de residência médica? Então conheça o Grupo MedCof e a metodologia que já aprovou mais de 10 mil residentes pelo país!