
Nos últimos meses, diferentes pesquisas têm apontado para o potencial das vacinas no tratamento de tumores agressivos, como os de pâncreas e colorretal. Essas doenças estão entre as mais letais, com altas taxas de mortalidade, e qualquer avanço científico chama atenção da comunidade médica.
A vacina ELI-002 2P: estudo em pacientes operados
Em agosto de 2025, foi divulgado um estudo clínico de fase 1 sobre a vacina ELI-002 2P, voltada para mutações no gene KRAS — presentes em até 90% dos tumores pancreáticos e 50% dos colorretais.
- Participantes: 25 pacientes que haviam passado por cirurgia e apresentavam sinais mínimos de doença residual.
- Resultados imunológicos: 84% dos pacientes desenvolveram linfócitos T específicos contra KRAS.
- Biomarcadores tumorais: em 24% dos casos, desapareceram totalmente.
- Sobrevida: após acompanhamento de cerca de 20 meses, a sobrevida livre de recidiva foi de 16,3 meses e a sobrevida global de 28,9 meses — números superiores ao esperado para esses tipos de câncer.
Rússia anuncia vacina Enteromix contra o câncer
No mês seguinte, em setembro, autoridades russas divulgaram o desenvolvimento da vacina Enteromix, baseada em tecnologia de mRNA. O anúncio ocorreu durante o Fórum Econômico do Leste.
Segundo informações preliminares:
- Os testes pré-clínicos indicaram segurança e alta eficácia;
- Houve redução tumoral entre 60% e 80%;
- O foco inicial é o câncer colorretal, com estudos em andamento para glioblastoma e melanomas, inclusive ocular.
Apesar da declaração de que a vacina estaria “pronta para uso”, especialistas reforçam que a expressão significa início de ensaios clínicos em humanos, e não liberação para aplicação em larga escala.
O que ainda precisa ser esclarecido
Tanto no caso da ELI-002 2P quanto da Enteromix, é importante destacar que:
- Ambas as vacinas ainda estão em fase experimental;
- O estudo com a ELI-002 2P envolveu poucos pacientes e não contou com grupo de controle, o que exige novas pesquisas com maior número de participantes;
- No caso da Enteromix, os resultados não foram publicados em revistas científicas revisadas por pares, o que impede validação independente dos dados;
- Não está claro se a eventual liberação da vacina russa será apenas para estudos clínicos ou para uso pela população.
As vacinas contra câncer colorretal e de pâncreas representam uma área de intensa pesquisa e esperança para pacientes. No entanto, até o momento, todas as evidências disponíveis são preliminares e carecem de validação científica robusta.

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