Infecções Osteoarticulares na Pediatria: Sintomas e Riscos

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Infecções Osteoarticulares na Pediatria: Sintomas e Riscos
Infecções Osteoarticulares na Pediatria: Sintomas e Riscos

Quando atendemos uma criança com dor em membro, febre e limitação de movimento, dois diagnósticos graves precisam acender um sinal de alerta imediato em nossa mente: Osteomielite e Artrite Séptica.

Embora distintas, essas condições são infecções profundas que compartilham etiologias e a urgência no tratamento para evitar sequelas motoras definitivas.

O Terreno da Infecção: Definições e Diferenças

É fundamental diferenciar o sítio anatômico, embora a fisiopatologia muitas vezes se sobreponha.

  • Osteomielite: É o processo inflamatório do tecido ósseo (medular ou cortical). Costuma ter um quadro mais insidioso. A criança pode apresentar dor local, sinais flogísticos e febre, mas às vezes o quadro se arrasta como uma Febre de Origem Indeterminada (FOI).
  • Artrite Séptica: É a infecção do espaço articular. Aqui, o quadro é súbito. A dor é intensa, articular, e há uma limitação ou bloqueio importante do movimento. Lembre-se que ela é geralmente monoarticular.

Osso saudável (esquerda) e osso com exsudato e necrose (direita). Fonte: Acervo de aulas do Grupo MedCof.

Um ponto anatômico crucial na pediatria: em crianças menores de 18 meses, os vasos sanguíneos atravessam a fise (placa de crescimento). Isso significa que uma infecção no osso (osteomielite) pode facilmente atravessar para a articulação, causando uma artrite séptica secundária. Após essa idade, a fise funciona como uma barreira vascular, tornando os compartimentos mais independentes.

Etiologia

O principal é o Staphylococcus aureus. Ele é responsável por cerca de 2/3 dos casos em qualquer idade. No entanto, a clínica do paciente nos dá pistas valiosas para pensar em outros agentes:

Bactéria Staphylococcus aureus com forma esférica e cerca de 1 micrômetro de diâmetro.

  • Anemia Falciforme: Pense em Salmonella sp.
  • Crianças < 5 anos (especialmente < 3 anos): A Kingella kingae tem ganhado destaque. Ela causa quadros mais indolentes, com menos sintomas sistêmicos e alterações laboratoriais mais discretas.
  • Lesão perfurante no pé (famoso prego no sapato): Suspeite de Pseudomonas aeruginosa.
  • Recém-nascidos: Streptococcus agalactiae (Grupo B) e Gram-negativos entéricos.
  • Arranhadura de gato: Bartonella henselae.

O Quebra-Cabeça Diagnóstico

O diagnóstico não se baseia em uma única peça. Precisamos somar clínica, laboratório e imagem.

  • Laboratório:

Você vai encontrar aumento de provas inflamatórias. O VHS costuma estar elevado em mais de 90% dos casos (mas demora a subir e a cair) e o PCR (Proteína C Reativa) é excelente para acompanhamento, pois normaliza mais rápido com o tratamento. A hemocultura é positiva em cerca de 40% dos casos e é obrigatória.

Para Artrite Séptica, existem 4 critérios clássicos (Critérios de Kocher) que, quando presentes, têm altíssima acurácia (99,6%):

  1. Febre > 38,5ºC.
  2. VHS > 40 mm/h.
  3. Incapacidade de apoiar o peso no membro.
  4. Leucocitose > 12.000/mm³.

Imagem:

  • Raio-X: É o exame inicial para descartar fraturas ou tumores, mas cuidado: na osteomielite aguda, as alterações ósseas (como reação periosteal) só aparecem tardiamente (após 10-14 dias).

Mais comum em ossos longos, acometendo principalmente metáfises, especialmente fêmur e tíbia. Adaptado de: Acute Osteomyelitis in Children. Peltola, et al.

  • Ultrassom: Ótimo para ver derrame articular na artrite ou coleções subperiosteais.
  • Ressonância Magnética (RNM): É o padrão-ouro. Detecta edema na medula óssea precocemente e define a extensão da lesão.

A Conduta Terapêutica: Antibiótico e Bisturi

O tratamento é uma corrida contra o tempo para preservar o osso e a articulação.

  • Antibioticoterapia:

Sempre devemos cobrir o S. aureus. O início é endovenoso.

  • Esquema Empírico Padrão: Oxacilina ou Cefazolina.
  • Suspeita de MRSA (Staphylococcus resistente): Clindamicina ou Vancomicina.
  • Anemia Falciforme / Kingella: Associar Ceftriaxone.
  • Suspeita de Pseudomonas: Associar Ceftazidima.

Duração do Tratamento:

  • Artrite Séptica: 2 a 4 semanas.
  • Osteomielite: 3 a 6 semanas (o osso é um tecido de difícil penetração antibiótica).
  • Cirurgia:

Nem todo caso opera, mas a drenagem cirúrgica é mandatória se houver: sepse com piora rápida, abscesso grande, grande quantidade de líquido purulento ou falha do tratamento clínico inicial (24-72h). Na artrite séptica, a lavagem articular é frequentemente necessária para remover as enzimas proteolíticas que destroem a cartilagem.

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