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segunda-feira, 23 junho
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Tipos de pneumonia: classificação, quadro clínico e conduta

A pneumonia é uma inflamação nos alvéolos pulmonares que pode ser causada por bactérias, fungos, vírus, substâncias aspiradas ou agentes químicos. 

Representa um dos principais motivos de internação no Brasil, especialmente entre idosos e crianças. Neste artigo, você confere os principais tipos de pneumonia, como identificá-los, quais exames solicitar e qual é o tratamento inicial indicado para cada caso.

Pneumonia Bacteriana

A pneumonia bacteriana é a forma mais comum da doença e costuma ter início súbito. Os principais agentes incluem:

  • Streptococcus pneumoniae;
  • Haemophilus influenzae;
  • Staphylococcus aureus.

Quadro clínico: febre alta, tosse produtiva com expectoração purulenta, dor torácica e taquipneia.
Conduta inicial: antibiótico empírico baseado em gravidade e perfil do paciente. Amoxicilina-clavulanato e ceftriaxona são escolhas frequentes.

Pneumonia Viral

Mais comum em crianças e em surtos sazonais, a pneumonia viral pode ser causada por:

  • Vírus Influenza;
  • Vírus Sincicial Respiratório;
  • SARS-CoV-2.

Quadro clínico: febre, mialgia, tosse seca, dispnéia progressiva. Pode evoluir para coinfecção bacteriana.

Conduta inicial: suporte clínico, hidratação, antipiréticos. Em alguns casos, uso de antivirais como oseltamivir.

Pneumonia Fúngica

Mais frequente em pacientes imunossuprimidos, a pneumonia fúngica tem evolução lenta. Agentes principais:

  • Histoplasma capsulatum;
  • Aspergillus spp.;
  • Pneumocystis jirovecii.

Quadro clínico: febre persistente, tosse seca, perda de peso, hipoxemia.
Conduta inicial: antifúngicos específicos como anfotericina B, voriconazol ou sulfametoxazol-trimetoprima.

Pneumonia Aspirativa

Acontece quando o paciente aspira conteúdo gástrico ou orofaríngeo. Grupos de risco:

  • Idosos;
  • Pacientes com alteração de consciência;
  • Doenças neurológicas.

Agentes típicos: anaeróbios da cavidade oral.

Quadro clínico: febre, tosse, expectoração fétida, infiltrado em lobos inferiores.

Conduta inicial: antibióticos para anaeróbios.

Pneumonia Química

Decorre da inalação de substâncias tóxicas, como gás cloro ou fumaça.

Quadro clínico: início abrupto de dispneia, dor torácica, tosse seca ou produtiva com sinais inflamatórios intensos.

Conduta inicial: suporte ventilatório, corticoterapia em alguns casos, evitar antibióticos se não houver infecção secundária.

Pneumonia Hospitalar

Também chamada de nosocomial, ocorre após 48 horas de internação hospitalar.

Agentes principais:

  • Pseudomonas aeruginosa;
  • Acinetobacter baumannii;
  • Staphylococcus aureus.

Quadro clínico: febre, secreção purulenta, infiltrado novo em imagem e piora da oxigenação.

Conduta inicial: antibioticoterapia de amplo espectro baseada em protocolos locais e cultura.

Pneumonia Comunitária

Adquirida fora do ambiente hospitalar. Pode ser causada por:

  • S. pneumoniae;
  • Mycoplasma pneumoniae;
  • H. influenzae.

Quadro clínico: febre, tosse, dispneia, dor torácica.

Conduta inicial: antibiótico oral empírico como amoxicilina ou azitromicina, dependendo da gravidade.

Pneumonia Bilateral

Acomete ambos os pulmões e costuma estar associada a quadros virais ou casos graves.

Quadro clínico: hipoxemia intensa, infiltrados difusos, maior risco de evolução para insuficiência respiratória.

Conduta inicial: suporte ventilatório precoce, oxigenoterapia, antibióticos ou antivirais conforme etiologia.

Pneumonia Atípica

Apresenta sintomas mais leves e progressivos. Agentes:

  • Mycoplasma pneumoniae;
  • Chlamydophila pneumoniae;
  • Legionella pneumophila.

Quadro clínico: febre baixa, tosse seca, cefaléia, sintomas extrapulmonares.

Conduta inicial: macrolídeos como azitromicina ou doxiciclina.

Pneumonia Silenciosa

Mais comum em idosos e imunossuprimidos, apresenta sinais clínicos discretos ou ausentes.

Quadro clínico: confusão mental, hipoxemia sem febre evidente, astenia.

Conduta inicial: avaliação clínica minuciosa, exames de imagem e início precoce de antibiótico.

Critérios de gravidade e quando internar

A decisão de internação deve considerar critérios clínicos e escores validados, como:

  • CURB-65
  • C: Confusão mental
  • U: Ureia > 50 mg/dL
  • R: FR ≥ 30
  • B: PAS < 90 ou PAD ≤ 60 mmHg
  • 65: Idade ≥ 65 anos
  • PSI (Pneumonia Severity Index): classifica o risco em 5 níveis.

Outros sinais de gravidade:

  • Hipoxemia (SatO2 < 92%);
  • Instabilidade hemodinâmica;
  • Comprometimento multilobar;
  • Comorbidades descompensadas.

Abordagem diagnóstica na prática

O diagnóstico da pneumonia é clínico, complementado por exames laboratoriais e de imagem:

  • Clínica: anamnese + exame físico;
  • Imagem:
  • Radiografia de tórax (primeira escolha);
  • Tomografia de tórax (casos complexos).
  • Microbiologia:
  • Escarro com Gram e cultura;
  • Hemocultura.
  • Gasometria arterial: avaliação de oxigenação.
  • Marcadores laboratoriais:
  • PCR e procalcitonina.

Conduta terapêutica inicial

O tratamento deve ser iniciado o quanto antes, mesmo antes da confirmação etiológica:

  • Antibiótico empírico adequado ao tipo de pneumonia;
  • Oxigenoterapia em casos de dessaturação;
  • Hidratação venosa para estabilização;
  • Suporte ventilatório em casos graves;
  • Monitoramento clínico e laboratorial.

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